Capítulo 1
Silas que Veio dos
Éons
EON
[Do lat. tard. aeon < gr. aión, 'tempo',
'duração da vida', 'eternidade'.]S. m.
1. Hist. Filos.
Entre os gnósticos, energia eterna emanada de um ser supremo, mediante a sua
ação sobre o mundo. 2.
Período de tempo muito longo, ou indefinido. 3. Cronol. Período de
tempo correspondente a 1 bilhão de anos.
|
Silas veio dos bilhões de anos deste
universo, 13,73 segundo os cientistas; tanto quanto qualquer um. Ele é o
resultado da evolução natural que o modelo postulou, passando pela
físico/química e a biologia/p.2, até estar conosco partilhando em sua
biologia/p2 (segunda ponte) a plenitude não sabida da psicologia/p.3.
Para que esteja aqui foi necessário
o Big Bang (Barulhão, a Grande Explosão) ocorrer há 13,73 bilhões de anos,
transcorrerem bilhões de anos até o Sol consolidar-se há cinco bilhões de anos,
mais 0,5 bilhões de anos para Terra começar a se formar, passando 3,8 bilhões
de anos até a Vida, tendo principiado na Terra, vir dar em tudo que deu.
Silas está aqui porque todos esses
bilhões de anos possibilitaram-no, como a qualquer um.
Quando Silas chegou de seu
nascimento biológico, veio com um ou dois meses de idade, bem pequeno. Meu
filho disse que quando nasceu podia pegá-lo com uma só mão, como naquela foto
em que há um bebê na mão e no antebraço de uma pessoa.
Logo quando chegou podíamos
carregá-lo no colo, mas cresceu tanto que logo pesava mais de 30 kg, tendo
chegado aos 40 kg, creio. Não só pelo peso, mas porque esperneia e empurra com
as mãos (não dizemos mais “patas” e sim mãos e pernas), distanciando-se de nós,
não é possível carregá-lo.
Pensei em fazer como que uma camisa-saco
com alças para carregá-lo nas costas e mal comuniquei tal pensamento fui
obstado (assim como também um bornal para a Yuki, mas evidentemente não daria
certo). Entretanto, seria bom desenhar, verdadeiro companheirismo.
Esses bilhões de anos que Silas trouxe
consigo são os da grande amizade e companheirismo dele, de fidelidade total. Na
verdade a humanidade começou a domesticar a espécie dele há 10 mil anos ou
pouco mais (penso que foi quando as cidades começaram a se formar com Jericó há
11,5 mil anos, ou mais).
Quando saio, ele fica esperando na
porta por horas e horas, diz meu filho. E sei que quando Gabriel sai à noite
ele fica embaixo esperando pacientemente até a chegada do “pai”, e dá saltos
encantadores, de pura felicidade. É preciso vê-lo quase voar de alegria. Dá
saltos, dá saltos, dá saltos deslumbrantes.
Não é que o nosso seja melhor que o
seu, é que nós o vemos em grandeza. Nem posso dizer “em toda a sua grandeza”
porque isso só Deus pode ver. Nós o vemos em grandeza, todos nós; minha filha,
com o tempo, passou a gostar dele e hoje é um xodozinho dela também, a ponto de
só comer a ração se ela fica perto.
E nós gastamos com ele os nossos
bilhões também, dando banho, dando remédio, passeando, insistindo que coma,
levando à veterinária ou trazendo-a aqui. Duas vezes ele pegou uma “dermatite
de contato”, significando que uma parte ferida qualquer da pele supura e produz
pus, sendo necessário cortar o pelo e passar remédio em spray, assim com dar
pílulas. E ele toma outras para o pelo, que de outra forma cai muito.
De fato, na muda cai tanto pelo que
forma verdadeiras perucas na soma do arrastamento pela casa. É que,
diferentemente dos demais animais, ele tem três camadas de pelo para isolar do
frio extremo da península do Labrador.
Eles, os cães, participaram
ativamente da nossa construção e nos defenderam por milênios, 10 ou mais; junto
com o cavalo edificaram realmente nossa espécie e nós somos devedores,
reconheçamos ou não, aplaudamos ou não.
Há histórias de cães que morreram
sem se alimentar e sem beber sobre as tumbas dos donos ou que dia após dia
voltaram a elas; ou aqueles deixados na Antártica; ou o outro que foi ao meio
do asfalto buscar o amigo morto. Há muitas histórias e creio que elas deveriam
ser reunidas como um aplauso geral a esses companheiros de todas as horas
durante 10 mil anos – como são 8,75 mil horas/ano, são 87,5 milhões de horas de
não sei quantos milhões de animais que caçaram, pescaram, lutaram por nós e
nossos filhos; que literalmente morreram para nos alimentar; que nos defenderam
e a nosso sono, fazendo de suas vidas uma eterna dedicação, não se sabe à custa
de que primeiro amor lá para trás.
Foi um belo trabalho e agora
precisamos reconhecer isso.
Capítulo 2
O Lado
Contemporâneo da Eternidade
A eternidade não pode ser menos que
eterna e ela o é de dois modos: o modo multíplice da Natureza, uma em cada
universo, e o modo único de Deus, um só para todos os universos. O conjunto das
naturezas (veja em Identidade) representa a meia-esfera material. Deus como
conjunto é a outra metade, virtual, concentrado num ponto.
A eternidade na linha da
contemporaneidade, no horizonte de simultaneidades tem inumeráveis
representantes, inclusive nós como espécie e você e eu como indivíduos. Tanto a
Natureza, realmente, quanto Deus virtualmente estão representados nos vários
graus de racionalidade. Os cães não sabem que estamos na segunda natureza, eles
não vêem o mundo como a seqüência de PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas)
e de AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundos) estruturados pela
racionalidade – para eles ainda é tudo canino, buracos nas portas e janelas,
obstáculos nas paredes – a única coisa que é semelhante para eles nos 10
milênios de sociedade nós-eles é a amizade maior ou menor.
Mas eles, tanto quanto nós
representantes da eternidade no momento contemporâneo, merecem o maior respeito
dos seres humanos, não só por sua individualidade e coletivo especial, como por
essa associação multimilenar.
Em nós e neles a eternidade está
representada.
Quer dizer, eles-nós é a eternidade
se reencontrando racionalmente como dois absolutos. O mais longe que a
racionalidade foi na Terra – segundo sabemos – foi a humanidade, que chamei de
“cristal na ponta da lança da criação”. Empurrando-nos, veio o desdobramento
geo-histórico de todos esses bilhões que morreram para chegarmos aonde chegamos,
inclusive nossos pais e mães e inclusive a longa seqüência canídea.
Capítulo 3
Comemorando Três
Anos
Silas tinha de vida dele, quando
escrevi o texto, somente três anos. Meu filho diz que Silas nasceu em 26 de
dezembro e todo ano comemoramos a presença desse cara difícil em nossas vidas.
De 26/12/2005 a 31/01/2009 são 1.132 dias. A minha vida (com 54, a completar 55
em 15/02/2009), comportou até hoje 20.077 dias, da qual a dele constitui pouco
mais que 5,6 %, mas valor e significado não se medem assim.
Silas me fez pensar ainda mais,
muito mais, ele e a Yuki, a gata persa de minha filha. Dia após dia suas
presenças nos proporcionaram aprofundamento.
No começo de sua vida nós morávamos
em apartamento pequeno, de três quartos, dos quais um, mais dependências de
empregada e parte da sala ocupados com livros. Minha filha ocupava um, meu
filho e eu outro, Silas sempre dentro do apartamento destruindo tudo.
Começou roendo o pegador mais
debaixo da cômoda e à medida que ia crescendo roia os outros, até destruí-los
todos, bem como parte da cômoda, depois doada, na esperança de que alguém pudesse
consertar. Roeu os tampos das cadeiras da mesa da sala. Destruiu toalhas de
pano e de rosto, toalhas de banho, tapetes, objetos, uma infinidade de coisas,
sempre com nossa tolerância DEPOIS, porque nos primeiros dias foi difícil
aquentar.
Compramos luvas grossas de borracha
dura e botas do mesmo material, porque ele nos mordia com força, e para
treiná-lo nas brincadeiras eu oferecia as mãos; bastou isso para ele destruir
tanto as luvas quanto as botinas. Achei que nunca iria parar.
Ele urinava e defecava pelo
apartamento todo, fezes muito moles, difíceis de recolher. Coitada da Nenén,
que ficava com a maior parte, depois eu, depois meu filho e minha filha, quando
voltou. Logo cedo queria passear e a gente ia em geral antes seis da manhã,
pois começavam a passar os operários; se não íamos ficava estressado e mais
furioso ainda. Urinava nos meus livros e revistas, jornais, o que fosse, para
mostrar esse aborrecimento, fora ele ter no começo destruído vários livros. Um
inferno. Um inferno muito agradável, quando a gente aprende a ver.
E algumas vezes eu, que nunca tinha
tocado em nenhuma criatura para bater, para meu enorme desespero bati nele três
vezes, o que ficará para sempre como mancha do meu caráter. Meu filho também
bateu nele. Sempre foi pouco, nos maiores ataques, mas mesmo assim batemos,
embora nem de longe como nos espancamentos que os animais sofrem em toda a
Terra. Foram as maiores tristezas de nossas vidas não ter resistido às
provocações violentas dele.
Capítulo 4
O Que Silas tem de
Semelhante
A
SEMELHANÇA GERAL CANINA
Cão
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cão
Ocorrência: Pleistoceno Superior - Recente
O cão (Canis
lupus familiaris) é um mamífero canídeo e talvez o mais antigo animal doméstico. Teorias postulam que surgiu da
domesticação do lobo cinzento asiático
pelos povos daquele continente há
cerca de 100.000 anos. Ao longo dos séculos, através da
domesticação, o ser humano realizou uma
seleção
artificial dos cães pelas suas aptidões, características físicas
ou tipos de comportamentos. O
resultado foi uma grande variedade (mais de 400 raças) canina, que
actualmente são classificadas em diferentes grupos ou categorias. O vira-lata (Brasil), ou rafeiro (Portugal) é a
denominação dada aos cães sem raça definida, SRD, ou mestiços,
descendentes de diferentes raças.
|
A
FAMÍLIA AMPLA DE SILAS
(são várias raças, mais de 800, mas todas da mesma espécie, pois podem cruzar
entre si e produzir filhotes férteis)
Este é o Silas.
Então, Silas tem esse pelo amarelo, de onde vem o título: o ouro de Silas, que é um tes/ouro. As coisas valiosas nem sempre são o ouro-metal que fascina a tantos; podem ser, por exemplo, as compreensões e em particular a compreensão DA PRESENÇA. Podem ser Silas e outros como Silas, seja cachorro ou outro animal qualquer.Mas Silas, evidentemente (como qualquer criatura), é único, não existiu, não existe e não vai existir outro igual.
Não existe outro igual.
Quando Silas morrer, esta jóia (cada
criatura é uma jóia absoluta de i, ELI/ABBA/ALÁ, Elea, Ele/Ela, Deus-Natureza)
única terá desaparecido irremediavelmente, até para os deuses, anjos e demais
entidades elevadas: outro exatamente igual não poderá nunca ser criado, porque
mesmo clonado ainda subsistiriam as experiências únicas. Porisso, se nós
perdermos Silas será uma perda absoluta, irreparável, como é para cada
criatura.
Capítulo 5
O Que Silas tem de
Dessemelhante
Disso tudo que Silas herdou da
eternidade (da Natureza e de Deus), de sua espécie (os cães em geral em sua
evolução), de sua raça (o pai e a mãe em particular) e da humanidade (ração,
vacinas, remédios para o pelo, antipulgas, tratamento veterinário, etc.) ele
fez algo de particular, tornou-se Silas, de difícil temperamento e um grande
amigo nosso, respeitado por todos aqui.
Silas é um morador pleno da casa
onde moramos.
Sobe nas camas, nas poltronas e anda
por toda parte; dorme dentro de casa, toma banho de piscina (onde sabe subir a
escadinha) e tem divertidíssimas facetas comportamentais.
Silas é um assombro.
Ele não é um cachorro gordo, é
enxuto para magro. Por mais que coma ele nunca engorda mesmo, numa fica balofo como
outro que existe aqui por perto, o Primo, como o chamo, que é Silas e mais um
monte de largura para os lados. De todos os labradores da face da Terra, de todos
os Pink nose (nariz rosa) nenhum conseguiria repetir o gestual de Silas, nem de
longe, pois Silas é impar, como todos e cada um e se construiu especificamente
para nós, arquitetou sua personalidade sob nossas vistas.
Apesar do que dizem dos cães, Silas
desenvolve sua mente. Em primeiro lugar, criou por si mesmo, sem nunca ter
visto outro cão fazer, um jeito só seu de descascar mangas: primeiro tira uma
fatia da casca e depois puxa-balança o resto até soltar-se a casca toda. Come a
casca e come a polpa, mastigando o caroço.
Nós brincamos de um-dois-três, que é
assim: pego um pano, enrolo-o, ofereço, ele abocanha e ficamos puxando um prum
lado e outro para o contrário; ao fim de várias peripécias digo “um”, abraço-o
e continuamos até o “dois”, depois o “três”, quando paro – e então ele vai
embora com o pano, sistematicamente. Por conseguinte, sabe contar até pelo
menos três.
E tanto é verdade que no ritual do
passeio de manhã (pegar sacos das fezes, café dos vigias, bolo deles e corda de
passeio) ele já apontou três corretamente com a cabeça.
Quando dizemos “passear” ele vira a
cabeça de lado, de um modo característico, interrogativo-pensativo, muito
interessante, a cabeça de banda, os dentes caninos sobrepostos aos lábios
superiores.
Quando descemos para os preparativos
do passeio, ele vai à frente até embaixo, quando espera eu passar, pois de
outras vezes por várias razões o trancamos e ele aprendeu a suspeitar – então, desenvolveu
defesas. Como precisamos dar remédio, é só pegar o frasco e ele corre a se
esconder. Ou fica antes da porta da cozinha, para não a fecharmos atrás dele.
Ele é esperto à bessa.
Naturalmente qualquer animal
desenvolverá gestual seu e cada dono ficará encantado e amoroso, em certa
medida, que é a medida do seu desenvolvimento mental; cada um de nós teria
coisas a contar deles, assim como temos de nossos filhos, como dizia o Dr.
Rinaldo de Lamare: “criança tem cada uma!”
Nós notamos as coisas de Silas
porque somos amigos dele, mas em parte somos amigos dele, porque ele fez coisas
especiais que ficamos reparando, olhando atentamente. Se você olhar atentamente
o mundo e as pessoas também ficará amigo delas e dele.
Capítulo 6
Desenho de Silas
Você pode tentar desenhar um cão.
Eles não latirão, não o lamberão,
não passearão com você, não lhe farão mimos, não o olharão com olhos
expressivos, nem nada – não passam de traços que lembram os verdadeiros, porque
temos idéia e sentimento dos verdadeiros.
Mesmo que fizesse uma escultura, ela
também não se poria a andar; ainda que fosse feita com pêlos e tudo, com o
máximo cuidado, a ponto de as pessoas duvidarem, ainda assim não se mexeria.
E se o clonasse, não teria sido você
mesmo que o teria feito, e sim a Natureza, dentro de seus processos ainda
insondáveis: de fato, você teria juntado óvulo e espermatozóide caninos,
fornecido as condições de crescimento e ao fim obtido um similar do processo
natural, com todas aquelas complexidades imensas. Quando vemos uma célula
desenhada não percebemos que é esquemática, que dentro daquele minúsculo espaço
CENTENAS DE MILHARES de operações estão se dando a cada segundo.
Porque não damos a devida atenção ao
sublime, esquecemo-nos de alertar os estudantes para a complexidade implícita
do mundo.
NÓS NÃO SABEMOS FAZER CACHORROS, já os recebemos prontos. Também
não sabemos fazer ouro, só o aproveitamos e o amoldamos. Nós nos valorizamos
demais. Quando queremos afagar um cachorro temos de esperar que a Natureza
no-lo ofereça.
Ele já vem pronto.
Sei o que os gestos de humanos podem
significar porque posso replicá-los e até já o fiz no processo de crescimento:
mas de Silas não sei. Penso saber. Não sei se o olhar é de tristeza, só posso
apertá-lo, afagá-lo.
E sei agora que pensei, que Silas
tem 13,73 bilhões de anos.
Capítulo 7
Grande Valor
Silas tem, portanto, grande valor
para nós. Para os de fora não tem, não o conhecem. Todos aqueles bilhões de
células e bilhões de anos estão consagrados ao nosso amor e vice versa, agora
que entendemos isso.
Claro que ter desenvolvido o modelo
desde 1992 teve serventia para esse olhar; e ter, antes do modelo, lido e
pensado muito, escutado, visto filmes, me dedicado também serviu. E por todo o
mundo e todo o tempo, outros olharam os cães e os amaram. Por exemplo, o dono e
a dona de Marley, que ficou famoso, e outros cães adoráveis.
Como ele é recessivo, as pessoas não
gostam e porisso mesmo mais nos apaixonamos por ele. Mais, muito mais – nós
vimos sua fragilidade. Há uma amiga, D, que acha que os veterinários americanos
estão certos ao propor a não-procriação daqueles recessivos como Silas. Vi no
supermercado um vereador de Linhares, que conheci há 20 anos; ele fica numa
cadeira de rodas, é paraplégico, mas tem cabeça e fala atentamente com as
pessoas – deveríamos desprezá-lo, porque é aleijado em relação a quem tem
pernas? Não tem pernas, mas tem cabeça.
Justamente isso foi uma das coisas
boas que as mulheres de antigamente fizeram, ao preservar os fracos, que os espartanos
jogavam do precipício.
Ficamos brincado, meus filhos e eu,
e passamos a chamá-lo de Silas I, supostamente o primeiro de uma dinastia de
Silas, os siloquíngios (ao modo do carolíngios). É claro que queremos casá-lo
com sua dama. Dizem que ele não pode proliferar, mas o que nos deteve até agora
foi somente que as ninhadas de labradores compõem-se de 10 filhotes e ficamos
pensando no que aconteceria com os filhos dele, havendo tanta gente ruim no
mundo.
Pois Silas e Yuki não são “como
nós”; Silas “é nós” e nós somos ele. Como unha e carne, como ensinei aos meus
filhos outrora. Inseparáveis, i Natureza-Deus nos sustente assim.
Capítulo 8
Peculiaridades
Lá vai Silas rebolando o ouro dele:
ele rebola de um modo muito peculiar, característico, belo mesmo. Nós chamamos
de mãos e pés, mas para não confundir as pessoas direi que ele coloca uma pata
da frente e depois outra e vai “puxando” as patas de trás de um modo todo
especial – só vendo para crer. Brinco com ele: rebola-bola. Ele rebola de um
jeito nobilíssimo.
E lhe demos vários apelidos: Siloca,
Loca (da Neném), Neném (porque chamo todo mundo assim, humanos e não-humanos) e
muitos outros.
O nome mesmo veio do personagem
albino, Silas, no livro O Código da Vinci, de Dan Brown, um desses
que atacam Cristo e a Igreja, fazendo coro com muitos outros atualmente; pois nosso
Silas é albino, recessivo, Pink nose (nariz rosa). E de todos da ninhada era o
único que não parava quieto, que implicava com os irmãos e irmãs, mordendo-os.
O nosso Silas é bom (mas não mexa nos bigodes dele: já levei mordidas
terríveis).
Ainda bem que não se mostrou uma daquelas
“moscas mortas”, paradonas, que alguns cães CBD (come, bebe, dorme) são.
Como é grande, as pessoas pensam que
vai mordê-las, mas ele só quer brincar. Um homem disse que deveria andar de
focinheira e depois que fui embora juntei todas as minhas razões:
1)
Ele
já atacou o senhor?
2)
Já
o ameaçou?
3)
Já
atacou qualquer pessoa na rua?
4)
Já
as ameaçou?
5)
Já
mordeu alguém em casa, fora quando o provocamos?
6)
Existe
lei dizendo que os cães devam andar com focinheira? (não se esqueça da
constituição: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada, exceto em
virtude de lei).
Deveria ter dito na hora, mas não
sou agressivo.
As pessoas são cruéis, muito mais
que os cães, enormemente mais.
Acho que Silas é um alfa, um
campeão, não só da raça dele, como da espécie, porque a cachorrada late quando
ele passa. As fêmeas ficam doidas: outro dia duas “Cofap”, duas cadelas
“salsicha” (dachshund) brigaram por ele, uma maior e uma menor, subindo uma na
outra e latindo desesperadamente, sem falar na preta que é vizinha. Parece que
ele é o xodozinho das fêmeas e motivo de ira dos machos, ainda mais porque
urina e defeca nas portas e nos muros deles.
Capítulo 9
Acumulando Ouro
De início Silas tinha de fabricar
muitas células e produzir muito pelo, de modo que comia desesperadamente, mais
que um saco de 15 kg de ração por mês, aproveitando muito dele; e defecava
horrores, no apartamento e na rua. Comia de tudo, não só ração, pois eu lhe
dava parte do que comia, a contragosto de meus filhos. Passou de menos de 2 kg
quando chegou a mais de 40 kg aos oito ou nove meses. E veio com esse pelo dourado,
alourado, que amamos e que aproveitei para chamar sua atenção.
COMPARAÇÃO
1)
PELO DE SILAS
Uma
pelagem única impermeável à água
Entre as numerosas raças da
espécie canina, existem variados tipos de pêlos. O pêlo do Labrador pertence
à categoria dos pêlos fortes, densos e curtos. O sub-pelo espesso fornece uma
camada isoladora. O Labrador não teme a água gelada graças a esta mesma
estrutura.
|
2)
OURO DA TERRA (ouro de tolo)
Ouro
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
O ouro
(do latim aurum, brilhante) é um elemento químico de número atómico 79 (79 prótons e 79
elétrons) que
está situado no grupo 11 (1 B) da tabela periódica, e de massa atómica 197 u. O seu símbolo é Au (do latim aurum).
Conhecido desde a Antiguidade, o
ouro é utilizado de forma generalizada em joalharia, indústria e eletrônica, bem
como reserva de valor.
|
Há gente que gosta muito de ouro e
não dá a mínima para o pêlo de Silas, especialmente as mulheres, tão inseguras
antigamente quanto à sobrevivência. Quase ninguém atribuiria nobreza ao pêlo de
Silas e, muito menos, nobreza maior que a do ouro. Mas há alguns que sabem ver,
como disse Jesus.
Capítulo 10
i que nos Deu Silas
Para concluir este início, i
(Natureza/Deus) nos deu Silas, que veio de uma longa linhagem físico-química,
biológica-p.2 e psicológica-p.3 também, porque se a humanidade não tivesse
proporcionado condições não teríamos acesso a ele do jeito que temos.
VAMOS
COLOCAR ASSIM
(em termos de longos passos nos longos degraus para cima)
AQUI FICARÁ O FUTURO
|
|
2.n
|
Há 10 mil anos humanos e lobos se
encontraram, cada um cedendo um pouco. Com isso surgindo o híbrido denominado
homem-cão.
|
2
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Natureza Dois: provavelmente há 10
milhões de anos surgem os primeiros hominídeos.
|
1
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Natureza Um: forma-se a vida,
particularmente a da Terra, há 3,8 bilhões de anos.
|
0
|
Natureza Zero: o Big Bang acontece
há 13,73 bilhões de anos e o universo começa em termos físico-químicos
|
AQUI ESTAVA O UNIVERSO EM
PRÉ-EXPLOSÃO
|
|
Antes do começo foi preciso que i
tornasse possível as pré-condições do desenho dialógico das potências ou
subseqüências do universo Uo em que estamos.
|
Eis que herdamos tudo isso.
TUDO que está no horizonte de
simultaneidades denominado presente, TEM A MESMA IDADE geral, com diferentes
idades particulares. E é sempre do tamanho de i, embora possa ter uma dimensão
temporal na Natureza e uma não-dimensão (quer dizer, desinteresse de absorção)
em Deus. Embora os humanos sejamos da natureza psicológica-p.3 e Silas da
Natureza biológica-p.2, ele pode interessar mais a Deus que muitos de nós, pela
sua nobreza. E assim também qualquer bicho.
Pois tudo depende do que fazemos com
a herança que recebemos: alguém pode receber quase nada e fazer muito, enquanto
outros recebem muito, vivem nababescamente, torram o trabalho alheio e morrem
como mendigos morais.
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