Saturday, November 02, 2013

Um Modelo para os Morros (da série Expresso 222..., Livro 2)


Um Modelo para os Morros

 

                        Escrevi e entreguei ou protocolei alguns artigos e textos a e para Luis Paulo Veloso Lucas, atual prefeito de Vitória, um deles falando dessa renov/ação, o ato permanente de re-novar os morros. No Brasil os morros são lugares de invasão, aonde pobres e miseráveis iam e vão morar. Mais recentemente têm aparecido casas boas, sobrados, prédios até. A coisa vem mudando lentamente e a dialética diz que no oposto do ciclo serão os ricos e os médios-altos que morarão lá.

                        Enquanto esse tempo não chega, é preciso olhar os atuais moradores com desvelo, com o máximo de atenção.

                        Pouco imaginativas que são, as pessoas em geral só olham para o futuro como se esse fosse uma repetição do passado, e daí não dão valor tão grande a ele. Se fôssemos trabalhar pelo ano de 1852 daríamos tanto de nós? A humanidade era pobre, como um todo, em relação a 2002. Por outro lado, se víssemos o futuro de 150 anos depois de agoraqui, certamente colocaríamos grande empenho na coisa, dando incomparavelmente mais de nós.

                        A mediocridade reina e impera, de modo que as pessoas quase todas não projetam que daqui a 150 anos, em 2152, o mundo estará não só muito mudado, o que é aceito, como muito maior. Devemos trabalhar para transformar este mundo simples e pobre de agora no mundo complexo e rico de depois.

                        E isso se fará com grandes projetos, com estupendas construções de toda espécie, com arrojo e determinação, com audácia para aceitar as novas idéias, com dignidade para aceitar a liberdade e o crescimento e desenvolvimento (sustentável) dos outros, com mudanças de rumo, com alterações comportamentais, com novas visões de mundo.

                        Não adianta manter o Brasil dividido em dois, um dos que têm quase tudo, e outro dos despossuídos, que não tem quase nada.

                        É do maior interesse de todos a abertura rumo à igualdade geral e de oportunidades assimétricas, dando mais a quem menos tem, seja riqueza, seja capacidade de fazer – o que também não pode decair para doações sem retorno, ou seja, esmolas, que viciam o cidadão, como dizia Gonzagão.

                        Neste sentido um projeto para os morros pode ser visto como algo de verdadeiramente gigantesco, com a participação dos tecnartistas todos, em especial dos arquiengenheiros e dos urbanistas, e de todos os ramos do Conhecimento. Algo para um horizonte curtíssimo de cinco, curto de 10, médio de 20, largo de 40 e larguíssimo de 80 anos.

                        Algo para mudar mesmo o Brasil, a começar do ES.

                        Será que ninguém vai ter grandeza de começar isso?

                        Por coincidência ou não, o citado prefeito construiu várias casas grandes em alguns morros (mas não assumiu as sugestões).

                        Vitória, quarta-feira, 15 de maio de 2002.

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