Há um livro extraordinário [Uma
Breve História do Mundo, São Paulo, Fundamento, 2004 (sobre original do
mesmo ano), de Geoffrey Blainey, cujo capítulo 2 é Quando os Mares Começaram a Subir,
dando conta de terem os mares se elevado 140 metros, ao passo que já li noutro
lugar 160 m (20 m constituem uma diferença notável], que faz na página 16 esta
afirmação trivial (porém ela dispara grandes coisas): “Certos mares de hoje e
muitos dos grandes golfos não existiam, ou seus formatos eram bem diferentes”.
Trabalhei essa questão de mudança
das linhas de costa nos lobatos, panelões, lagoões, “todo petróleo e todo gás”,
formação das lentes de diamantes e em várias séries [tudo posto no livro-DVD Material
Sensível].
De fato, é fascinante.
E há a questão dos rios, que por si
só já são coisas deslumbrantes, completamente absorventes, pois eles mudaram em
LAL (longitude, altitude e latitude) todo tempo.
POR SI SÓ, eles mereceriam todo um
sítio/site na Internet com constantes atualizações.
Eles alteiam para cima e para baixo,
alargam e estreitam, mudam o deságüe de um oceano ou mar para outro, secam e
voltam a nascer, aprofundam ou ficam rasos, rabeiam para esquerda e a direita –
são extraordinários.
As flechas (cometas e meteoritos) os
atacam, os mares sobem e baixam e definem outras linhas de costa, os vulcões e
os supervulcões interferem com eles, os humanos os ameaçamos desde alguns
séculos, entram e saem do solo, formam lagoas, formam imensos depósitos
subterrâneos chamados aqüíferos e assim por diante muito adiante.
São, enquanto conjunto, uma das
coisas encantadoras da Terra.
E cada um é um caso à parte em muito
mais do que um sentido.
Por quê nós, dependendo tanto deles
todos e cada um, não os estudamos mais e melhor?
Deveríamos ver seus perfis descendo
de onde vem até o mar e a foz, os municípios que banham e as cidades que
servem, as propriedades que abastecem e irrigam, onde são navegáveis, onde são
piscosos, quais lagoas formam ou de onde saem, os portos, comprimentos,
larguras, fotos, filmes, desenhos, pinturas e fotografias, poemas e prosa, tudo
mesmo.
O título vem de eu achar que somos
ignorantes: rio muito de nós mesmos e acho que os rios deveriam receber muito
maior atenção, inclusive proteção interessadíssima das matas ciliares, quer
dizer, dos cílios das margens dos rios.
Haveria de recuperá-los,
desassoreá-los (tirar a areia deles: isso é tão recente que é até difícil
escrever a palavra, não constante do dicionário), re-navegá-los (idem:
torná-los navegáveis de novo), haveria que investir pesadamente em despoluição.
Veja só o que é Deus-Natureza dar
uma herança tão grande a filhos que nem sabem gozar dela!
Serra, sábado, 18 de setembro de
2010.
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