Cristo entrou furioso no templo, chutando
os bancos, invectivando com os comerciantes da religião e com os discípulos em
pânico atrás.
- Mas Senhor...
- Que senhor, mané senhor!
O povo ali presente para fazer suas ofertas
e orar não estava entendendo nada e se afastava com medo.
Vieram os sacerdotes correndo.
- Quem é você?
Os discípulos responderam por ele.
- Jesus.
- Que Jesus?
- Jesus, ora.
- Deixe de ser bobo, que Jesus é esse?
- JESUS, sua besta.
- O Jesus?
- Sim, claro.
- Que nada, é mais um, nós conhecemos o
tipo, nós somos da área, certo? É o nosso metier, CERTO? Conhecemos tudo de
enganação – disse com cinismo.
E piscou o olho.
Enquanto isso Jesus não parava: chutava os
bancos, foi até o altar e puxou o centro de mesa de crochê, com os pastores
enlouquecidos se descabelando, mas sem se aproximar, com medo da violência.
Jesus estava vermelho, o sangue pulsava nas veias grossas do pescoço.
- Seus ladrões da fé, vendendo Deus na Casa
de Meu Pai.
E virou a mesa do altar com estrondo.
Os pastores ficaram possessos.
- Nós vamos chamar a polícia.
O Bispo Nicanor virou-se para seu auxiliar.
- Pastor Sandro, telefone pra polícia.
O pastor pegou imediatamente o celular e
ligou para 911.
- Sim, delegado, manda o camburão que tem
um doido aqui.
Os discípulos estavam alvoroçados.
Jesus, tal como tinha prometido, veio na
Segunda Vinda, porém não encontrou o mundo quase nada diferente no essencial em
relação a milhares de anos atrás, vendendo Deus por muito ou pouco. Desceu de
sobre as nuvens e o primeiro lugar escolhido foi na Av. N. S. da Penha.
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