400!
Meu filho, Gabriel, leu numa revista
que antes de Collor entrar eram produzidos 40 tipos de veículos, e que depois
da abertura que ele proporcionou são agora 400 tipos diferentes. Certamente
isso quer dizer que todos os Fiat Palio são contados como espécies distintas, e
não como uma só, como seria mais justo, mas mesmo assim é muito.
Com aquele jeito que o
Bush pai chamou de Indiana Jones dos trópicos, ou algo semelhante, o Indiana
Jones do Sertão, Collor fez algo, abriu o Brasil, que as elites mantinham fechado,
sangrando o povo brasileiro sem permitir acesso às mercadorias estrangeiras.
Como ele expôs, os carros produzidos aqui eram carroças – e eram mesmo, o que a
gente só foi ver perfeitamente depois, em termos de “tecnologia embarcada”,
como dizem.
Apesar de ser um
meliante, Collor (e sua trupe ou tropa) abriram efetivamente o país, em apenas
dois anos que ficaram lá. A nação não é mais a mesma.
Se dividirmos 400 por 40,
teremos 10, que deve ser o fator de abertura EM TUDO, da indústria automotiva
às telecomunicações, ao conhecimento dos alimentos, à Internet – para o bem e
para o mal.
O resultado dessa
audácia foi a desacomodação das elites e do povo brasileiro, toda a sociedade/civilização/cultura
brasileira lançada à competitividade internacional, e nacional-endurecida. Pois
o Brasil, retirado à competitividade maior, tinha parado de evoluir
psicologicamente, como um feudo ou reserva para as elites daqui. Detida a
evolução das figuras, dos objetivos, das economias/produções, das sociologias/organizações,
do espaçotempo brasileiro. Apresada a agropecuária/extrativismo, as indústrias,
o comércio, os serviços e os bancos. Contido o Conhecimento alto (Magia, Teologia, Filosofia e
Ciência) e baixo (Arte, Religião,
Ideologia e Técnica) e a Matemática. Toda a Tecnociência alta (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3,
Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6) e baixa (Engenharia/X1,
Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4, Astronomia/X5 e Discursiva/X6)
refreada.
Tudo paralisado como um
feudo psicológico das elites perversas e malditas, incapazes de competir no
mercado internacional e porisso mesmo fechadas sobre si. Sem concorrência,
estagnada, vedada, obstruída, sem poder alargar os horizontes, não tendo acesso
a problemas por resolver, recebendo-os já resolvidos e com isso toda uma nação
candidata à morte.
Do modelo sabemos que a
soma é 50/50, portanto em dois anos Collor e sua cambada, segundo afirmam,
desviaram mais de dois bilhões de dólares. Não que devessem receber como prêmio
essa quantia vultosa, mas veja só como é a Natureza, como é o trabalho de
libertação, muitas vezes vindo justamente das mãos de assassinos, de bandidos,
de criminosos.
Que espetáculo
extraordinário é o mundo!
Só os geo-historiadores
podem apreciar devidamente as mudanças, de onde elas vêm, como se manifestam,
como se aprimoram, como completam seus movimentos. A grandeza dos jogos, a
formação das redes, o rompimento dos laços, o desemperramento das juntas e dos
maquinismos.
Os acadêmicos estiveram
e estão longe de compreender essas coisas. Por exemplo, dizem que Collor e sua
gangue tramaram essa coisa toda comendo pato à Pequim na China, e que eles eram
comunistas na origem, sabe-se lá.
Que ironias finérrimas a
GH nos reserva.
Vitória, segunda-feira,
20 de maio de 2002.
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