Sunday, October 27, 2013

Conselho Empresarial (da série Expresso 222..., Livro 1)


Conselho Empresarial

 

                        Logo na primeira candidatura do Lula ele, ou o grupo dele, pensaram num “governo paralelo”, como se estivessem num parlamentarismo, em que o primeiro ministro pode cair a qualquer momento e deve ser substituído imediatamente por outro, cujo partido precisa estar inteirado do que se passa no governo, até nos mínimos detalhes.

                        No presidencialismo isso não se passa, PORQUE há o vice-presidente, e a equipe de governo continuará a mesma, se o presidente morrer, for assassinado ou afastado do cargo.

                        Mas faz todo sentido que haja no empresariado uma replicação dos poderes do governo, porque em conjunto os empresários têm interesse em replicar as funções, para saber melhor como se dirigir aos governantes e aos políticos, isto é, deve haver um eco do Judiciário, do Executivo e do Legislativo, claramente sem qualquer intenção explícita ou velada de tutoramento, o que seria absurdo.

                        Aqui a minha pregação é da construção desse Conselho Empresarial, reunindo todos os setores da Economia, a saber: agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos, por suas federações nos estados.

                        Dividido em duas secretarias: Empresarial e Governamental, esta última cuidando do governo paralelo, portanto com os departamentos Executivo, Legislativo e Judiciário. Aquela, nos moldes sugeridos, com os cinco setores, em vez de três (agricultura, indústria e comércio), como pensariam até agora.

                        Evidentemente a Secretaria Empresarial cuidará das relações interiores, ao passo que as relações exteriores devem incluir os trabalhadores. E estes devem ser superbem tratados, de forma avançada para avançadíssima, porque constituem o ponto nervoso da existência dos empresários. Então, em particular, o Departamento de Relações com os Trabalhadores deve estar ligado diretamente ao presidente do Conselho. Não pode, em hipótese alguma, ser deixado a cargo de um subalterno.

                        Como os empresários NÃO TRATAM NEM DEVEM TRATAR de governo, sendo o seu lado a administração, e não a política, o Conselho deve criar um Grupo do Conhecimento (ALTO: Magia, Teologia, Filosofia e Ciência; BAIXO: Arte, Religião, Ideologia e Técnica), mais a Matemática, de onde extrairão conhecimento em todas as áreas para as tarefas de administração, às quais se juntam o direito, a economia e a contabilidade. Mais precisamente, deveriam seguir o modelo, por exemplo, em psicologia: espaçotempo ou geo-história empresarial (quando e onde estão eles); figuras ou psicanálise (com quem lidam); objetivos ou psico-síntese (para quê existem); produção ou economia (com que trabalham); organização ou sociologia (como trabalham). Se o empresário não sabe o quê é, nem de onde está vindo nem para onde quer ir, se têm tais crises de identidade, o fracasso será a recompensa dele.

                        Então, pressupõe-se uma homogeneização de procedimentos, funcionamento em bloco, e retreinamento de todos e cada um.

                        Isso quer dizer uma MÍDIA EMPRESARIAL, com TV, rádio, revista, jornal, editora e Internet, de forma que os empresários todos, no ES pelo menos, possam ser alcançados em suas residências, sem necessidade de estar o tempo todo vindo a Vitória. Só especialmente salas de treinamento. É lógico que cada meio isolado não pode repetir os outros, para aumentar o rendimento. Os jornais devem poder ser encadernados, bem como as revistas. Os livros não podem ser repetitivos, nem os assuntos maçantes – devem ir direto ao ponto, de forma breve, clara, categórica, instrutiva, simples, porque se quer pegar o mais simples dos empresários, e não a casta “superior”, quer dizer, o quartil mais alto, os 25 % mais bem informados.

                        Enfim, estando os empresários à frente da nação no que trata de enriquecimento, com tanta desorganização e ineficácia quanto o revela a falta de um programa objetivo identificável, é de surpreender. Isso só pode se dar, no Brasil, com o ultrafavorecimento, além dos limites das leis, dos governos ao empresariado.

                        Mas já passou da hora de instituir tal programa.

                        Vitória, quinta-feira, 18 de abril de 2002.

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