O
Cobertor Atmosférico da Terra
A atmosfera, a gente vai
raciocinando, não tem poucas utilidades, tem muitas.
1) impede que os
daninhos raios cósmicos nos atinjam, com a camada de ozônio (O3)
interpondo-se entre eles e nós. Atacada desde faz algum tempo pelo gás de
geladeira CFC, clorofluorcarbono, abriu-se nela um buraco enorme sobre a
Antártica;
2) tendo o oxigênio, altamente
tóxico, mas que a vida usa para se manter, é fundamental para nós (se o ser
humano pode ficar um mês sem se alimentar e uma semana sem beber, não viveria
mais que três minutos sem respirar);
3) impede que a maioria
dos meteoritos (menos os relativamente grandes, que são mais raros) caia sobre
nós em enxames;
4) previne que o calor
gerado pela radiatividade do interior da Terra escape para o espaço, o que
permite a manutenção dos vulcões e outras atividades essenciais. Sem a
atmosfera a temperatura seria muito menor na superfície. De fato, o efeito
estufa mantém a temperatura de Vênus em 450º. Talvez a da Terra caísse 30º ou mais,
o que inviabilizaria a vida como a conhecemos, pois a água congelaria;
5) facilita enormemente
o vôo dos pássaros, que são fertilizadores, pois levam sementes a grandes
distâncias;
6)
ajuda a propagação da fala, e assim por diante.
A gente não pára para
pensar, mas a atmosfera é um cobertor que a Mãe Natureza nos deu. Claro, se ela
não existisse a Vida procuraria outras saídas, porém com ela tudo é mais fácil
e amplo.
Deveríamos fazer o
exercício de retirar a atmosfera mentalmente e ver o quanto isso nos custaria,
em todos os sentidos. A Clarice Lispector diz que “a falta é a arte”, isto é,
só descobrimos quanto uma coisa é importante para nós quando ela se ausenta.
Nós nunca demos importância à água, exceto agora, quando ela começou a ficar escassa.
O ar é ainda mais
onipresente que a água.
Se, para obter água,
devemos buscar um rio ou uma lagoa, ou poço, ou o que for, o ar está sempre presente
onde estivermos, daí nós nunca pensarmos nele como uma mina, como um recurso
extrativo, que pode um dia faltar. Conseqüentemente, somos displicentes com
ele, MUITO MAIS do que com a água. E se um rio poluído não nos atinge exceto
quando vamos até ele, o ar SEMPRE nos alcançará.
Nas escolas as gerações
não vem sendo preparadas para o FUTURO DO AR, da atmosfera terrestre. Ninguém
discute a questão dele, nem o da água, nem o da terra/solo, nem o do
fogo/energia. Um dos motivos é, para estes dois últimos itens, os interesses da
burguesia. Para os outros dois é a ignorância, o pecado do desconhecimento, e a
estupidez de não querer entender, de não desejar ver.
Contudo, em 50 anos o ar
estará em perigo.
Se achamos que o caso da
Cidade do México foi grave, que dirá desse futuro? Pense-se em quanto pagaremos
em termos de hospitais e tratamento médico por nosso descaso, como psicopatias
e sociopatias de todo tipo. A medicina curativa é boa, mas a medicina
preventiva é muito melhor. A psicologia curativa é boa, mas a psicologia
preventiva é muito melhor.
Penso que um
grupo-tarefa deveria ser incumbido o quanto antes de fazer um mapeamento
exaustivo, completo, da questão do ar, com investigação da importância tremenda
da atmosfera da Terra para nós, mostrando seus resultados a todos, em
particular às crianças.
Vitória, segunda-feira,
20 de maio de 2002.
No comments:
Post a Comment