Thursday, October 31, 2013

Divulgação Científica Brasileira (da série Expresso 222..., Livro 2)


Divulgação Científica Brasileira

 

                        A gente lê livros de autores americanos e europeus, em geral cientistas, mas também engenheiros, divulgando a Ciência ao povo e às elites. Isaac Asimov (escritor de FC e bioquímico), Freeman Dyson (físico), Carl Sagan (astrofísico), Arthur Clarke (escritor de FC e engenheiro) Brian Greene (físico), Kevin Davies (geneticista) e muitos outros mostram as curiosidades das e as mais recentes descobertas nas ciências.

                        Isso constrói uma ponte entre a pesquisa teórica & desenvolvimento prático e a fonte de recursos, que é o povo, nunca as elites, pois estas jogam tudo nos lucros e perdas, ou deduzem antes do lucro final, através de milhões de artifícios (só esse desvio de informações renderia centenas de teses de mestrado e doutorado).

                        Daí o povo ter simpatia pela Ciência nesses países, ao contrário do Brasil e outros países da América Latina, onde ela ou é detestada ou mal-tolerada.

                        Isso vem de os cientistas e engenheiros daqui se sentirem muito superiores, como se estivessem num Olimpo onde os demais não podem chegar. Não têm qualquer simpatia pelo povo e pelas elites, num orgulho malsão, bem característico dos subdesenvolvidos e dos sub-racionalizados.

                        O resultado é que no Brasil as ciências quase não recebem verbas dos governos e das empresas, com isso produzindo pouquíssimo em matérias relevantes, nem sempre a ciência de ponta dos países centrais, dos industrialmente avançados. Não mais que 0,5 % das receitas governamentais vai para as ciências, no Brasil, enquanto nesses países estrangeiros pode chegar a dez vezes isso.

                        Que tipo de serviço à coletividade vem a ser esse?

                        Como o povo e as elites são julgados inferiores pelos intelectuais locais, são igualmente julgados indignos de perceber o “esforço superior” desenvolvido por cientistas e engenheiros. Todas aquelas “magníficas” mentes operosas e divinas, incapazes de voltar-se para os “seres baixos” para ceder-lhes um esboço sequer de seu elevado conhecimento.

                        O resultado palpável é aquele, dos baixos orçamentos. Depois a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, vive reclamando que não há verbas. Claro que não há, o povo não faz pressão para que haja. Sem a predisposição popular não vai haver, nem agora nem nunca. Deveriam investigar essa relação entre divulgação tecnocientífica, que afinal de contas é uma prestação de contas do dinheiro investido (com a correlativa sensação de maravilhamento), e a reação popular de coação aos governempresas, seja através da mídia, da adesão pública e privada ou da mera passividade às aplicações dos recursos.

                        Esperávamos mais dos tecnocientistas brasileiros.

                        Infelizmente eles são mais de falar que fazer.

                        E mais de fazer errado e copiando do que de fazer certo e autonomamente, neste caso em busca de uma tecnociência tropical.

                        Vitória, segunda-feira, 6 de maio de 2002.

                  

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