Divulgação
Científica Brasileira
A gente lê livros de
autores americanos e europeus, em geral cientistas, mas também engenheiros,
divulgando a Ciência ao povo e às elites. Isaac Asimov (escritor de FC e
bioquímico), Freeman Dyson (físico), Carl Sagan (astrofísico), Arthur Clarke
(escritor de FC e engenheiro) Brian Greene (físico), Kevin Davies (geneticista)
e muitos outros mostram as curiosidades das e as mais recentes descobertas nas
ciências.
Isso constrói uma ponte
entre a pesquisa teórica & desenvolvimento prático e a fonte de recursos,
que é o povo, nunca as elites, pois estas jogam tudo nos lucros e perdas, ou
deduzem antes do lucro final, através de milhões de artifícios (só esse desvio
de informações renderia centenas de teses de mestrado e doutorado).
Daí o povo ter simpatia
pela Ciência nesses países, ao contrário do Brasil e outros países da América
Latina, onde ela ou é detestada ou mal-tolerada.
Isso vem de os
cientistas e engenheiros daqui se sentirem muito superiores, como se estivessem
num Olimpo onde os demais não podem chegar. Não têm qualquer simpatia pelo povo
e pelas elites, num orgulho malsão, bem característico dos subdesenvolvidos e
dos sub-racionalizados.
O resultado é que no
Brasil as ciências quase não recebem verbas dos governos e das empresas, com
isso produzindo pouquíssimo em matérias relevantes, nem sempre a ciência de
ponta dos países centrais, dos industrialmente avançados. Não mais que 0,5 %
das receitas governamentais vai para as ciências, no Brasil, enquanto nesses países
estrangeiros pode chegar a dez vezes isso.
Que tipo de serviço à
coletividade vem a ser esse?
Como o povo e as elites
são julgados inferiores pelos intelectuais locais, são igualmente julgados
indignos de perceber o “esforço superior” desenvolvido por cientistas e
engenheiros. Todas aquelas “magníficas” mentes operosas e divinas, incapazes de
voltar-se para os “seres baixos” para ceder-lhes um esboço sequer de seu elevado
conhecimento.
O resultado palpável é
aquele, dos baixos orçamentos. Depois a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência, SBPC, vive reclamando que não há verbas. Claro que não há, o povo
não faz pressão para que haja. Sem a predisposição popular não vai haver, nem
agora nem nunca. Deveriam investigar essa relação entre divulgação
tecnocientífica, que afinal de contas é
uma prestação de contas do dinheiro investido (com a correlativa sensação de
maravilhamento), e a reação popular de coação aos governempresas, seja
através da mídia, da adesão pública e privada ou da mera passividade às
aplicações dos recursos.
Esperávamos mais dos
tecnocientistas brasileiros.
Infelizmente eles são
mais de falar que fazer.
E mais de fazer errado e
copiando do que de fazer certo e autonomamente, neste caso em busca de uma
tecnociência tropical.
Vitória, segunda-feira,
6 de maio de 2002.
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