Robin Rude
O Robin tinha dislexia, que é aquela doença de não
saber falar as palavras direito, de trocar as bolas e ao mesmo tempo ter
dificuldade de se expressar – as pessoas zombavam desde o primeiro grau e ele
ficava uma arara (disléxica, há, há, há); e tinha Síndrome de Tourette, aquela
outra doença de falar palavrão, de modo que os palavrões saíam todos truncados.
Era pior do que ser gago, era pior do que ser fanho.
DISLEXIA DE
TOURETTE
(o pessoal chamava de tourinho, o pequeno touro, que não tinha nada a ver com a
palavra que designa a doença; nem sequer era alto, era baixinho)
Dislexia
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Houaiss
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substantivo feminino
Rubrica: medicina,
psicolinguística.
1 perturbação na
aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência
entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos
escritos em signos verbais
2 dificuldade
para compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central,
apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler
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Síndrome
de Tourette
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Wikipédia
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A síndrome de
Tourette ou síndrome de la Tourette,[1] também
referida como SGT ou ST, é uma desordem neurológica ou neuroquímica
caracterizada por tiques, reações rápidas,
movimentos repentinos (espasmos) ou vocalizações que ocorre
repetidamente da mesma maneira com considerável frequência. Esses tiques
motores e vocais mudam constantemente de intensidade e não existem duas
pessoas no mundo que apresentem os mesmos sintomas. A maioria das pessoas
afectadas é do sexo masculino.[2]
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Ele xingava truncado, ninguém entendia nada e ficava
perguntando “o quê”? Ele falava mais alto e o pessoal: “o quê”? Até ele gritar
e ficar exasperado. Cresceu assim, com raiva de todo mundo. Em vez das pessoas
o tratarem com educação, não, e foi o que se viu. A falta de amor faz coisa, eu
compreendo isso, só não gosto quando pesa pro meu lado.
Resultado, ele foi morar no mato.
Lá encontrou o João Grande, João Grandão,
mais de dois metros, parrudo, 2 x 2 x 2, verdadeiro monstro que eles chamavam
de João Pequeno, com essa mania das oposições. Como os opostos se atraem, eles
se tornaram amigos e foram arrebanhando gente, roubavam nas redondezas para dar
“aos pobres” (davam 10 %, ficavam com 90 %). Reuniu um bando, um bando de
orangotango, uma gangue, a polícia o perseguia, ele driblava, arranjaram uns
cacetes e batiam nas pessoas. Entrou numa de chamar a matinha de Floresta de
Sir Rude (Sir Ney não veio dar em Sarney?), que ficou conhecida pelo povo como
Floresta de Sar-Rude. Havia um tampinha menor ainda que o Robin, apelidado de
Frei Toco, porque ele dizia que tinha ido para o seminário. Não sei aonde!
Como não podia deixar de ser, juntou
mulher, nisso parece com os carrinhos de churrasco. Apareceu por lá umas
quenga, a Mariana, que os idiotas achavam que era uma Lady, a Lady Mariana, vê
se pode, eu conhecia a bisca.
E os sacanas me apelidaram de Xerife.
Sou delegado concursado, não vem não.
Ah, pra quê, juntei os homens e caí de pau.
Pra cima de mim, não, violão.
Desci o cacete, o chefe depois chamou minha
atenção.
Fui lá no acampamento daqueles bostinhas e
mandei bater. Claro que foi com cassetete de borracha para não deixar marcas no
exame de corpo de deleite, que não sou besta, a gente bate, mas com cuidado.
Com amor.
Tinha uns 40. 20 foram embora no ato. Dos
que ficaram, mais uns 15 pediram penico, deixei um dia no xilindró pra apender
a respeitar autoridade. Nos cabeças, os cinco que mandavam - inclusive a Lady -
era tudo ladrão ordinário, descarreguei a raiva que a patroa me fez durante um
mês de jejum. Até comprei rosas pra ela, fiquei um doce.
O Robin?
Tá cada vez mais doidão, mas tá no pinel
junto com o Janjão e o resto da turma. Diz que tá melhorando, talvez as
bordoadas tenham consertado a cabeça dele. Sei lá, nem quero saber. Ninguém vai
fazer filme no meu quintal, não, senhor. Comigo o buraco é mais embaixo.
Serra, segunda-feira, 26 de março de 2012.
José Augusto Gava.
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