Páginas
do Passado e do Futuro
Todas as páginas que vemos nos jornais versam sobre o
presente. No modelo os tempos foram redenominados para passado/anterioridades,
presente/atualidades e futuro/posteridades, mas na realidade só existe um
tempo, a ATUALIDADE, onde nos lembramos das atualidades do passado e projetamos
linhas e matrizes a que denominamos futuro.
Sendo assim, os jornais
estariam certos.
Entrementes, as pessoas,
como os animais e as plantas, se lembram, em vários níveis, das atualidades passadas,
e a própria matéria guarda repercussões. E todo ser vivo se prepara para as
atualidades futuras, fazendo estoques de matéria, energia e informações.
O Globo começou a
publicar as capas das edições antigas, desde o começo, do seu número 1, mas isso
não é a mesma coisa, essa é uma espécie de saudosismo irracional, ao passo que
nós devemos ser objetivos, para extrair riqueza: a transformação dos recursos,
riqueza potencial, em potência realizada, que é riqueza.
Deste modo, devemos
ESTUDAR PASSADO E FUTURO, para minimizar as informações remanescentes do
primeiro em utilidades, e projetar o segundo em linhas críveis,dentro dos
limites dos conhecimentos atuais mais avançados.
Não queremos recordar
TODO O PASSADO, nem haveria tempo para isso, nem todavia produzir centenas de
milhares de páginas de projeções não autorizadas, incríveis e desnecessárias,
tomando um tempo monstruoso da gente. Queremos contrações qualitativas de
grau “c” do primeiro e deduções
convalidadas de grau “d” do
segundo. Por “con-validadas” entendo um grupo-tarefa encarregado de sustar toda
interferência espertalhona e indesejada de intrusos que não tenham sugestões
aproveitáveis a dar, e só estejam a fim de avacalhar o processo. Evidentemente,
com alguma retroalimentação constante, de maneira a não criar mais um Instituto
Hudson da vida, xeretando a existência dos outros, dando palpites errados,
intrometendo-se no alheio sem convite.
É mais o caso de haver
um balizamento convergente, quer dizer, uma pesquisa externinterna, ou seja,
sobre o exterior que é estudado e o interior que estuda.
Esse novo modo de fazer
jornal elevaria a qualidade dele a um patamar por enquanto desconhecido,
levando-o do jornalismo em ponto extremamente baixo atual (salvo as exceções de
sempre) a verdadeira ajuda ao povelite/nação.
Por quê o jornalismo é
só sobre o presente? Isso é incompreensível e inaceitável.
Como a Geo-História, que
é a cartografia/jornalismo alta, estes dois últimos devem ser ampliados e
melhorados consideravelmente, para servir melhor ao mundo muito mais complexo
de amanhã.
Ninguém espera que os
pequenos jornais possam arrojar-se para uma tarefa assim grandiosa, porém meia
dúzia de grandes jornais pode lançar-se à tarefa. A questão é: em qual grande
grupo editor de jornais encontraremos o primeiro respaldo para tal mobilização
frutífera? Não seria bom queimar o projeto com uma abordagem amadorística,
insuficiente, desastrosa.
Vitória, quinta-feira,
25 de abril de 2002.
No comments:
Post a Comment