Sunday, October 27, 2013

Páginas do Passado e do Futuro (da série Expresso 222..., Livro 1)


Páginas do Passado e do Futuro

 

                        Todas as páginas que vemos nos jornais versam sobre o presente. No modelo os tempos foram redenominados para passado/anterioridades, presente/atualidades e futuro/posteridades, mas na realidade só existe um tempo, a ATUALIDADE, onde nos lembramos das atualidades do passado e projetamos linhas e matrizes a que denominamos futuro.

                        Sendo assim, os jornais estariam certos.

                        Entrementes, as pessoas, como os animais e as plantas, se lembram, em vários níveis, das atualidades passadas, e a própria matéria guarda repercussões. E todo ser vivo se prepara para as atualidades futuras, fazendo estoques de matéria, energia e informações.

                        O Globo começou a publicar as capas das edições antigas, desde o começo, do seu número 1, mas isso não é a mesma coisa, essa é uma espécie de saudosismo irracional, ao passo que nós devemos ser objetivos, para extrair riqueza: a transformação dos recursos, riqueza potencial, em potência realizada, que é riqueza.

                        Deste modo, devemos ESTUDAR PASSADO E FUTURO, para minimizar as informações remanescentes do primeiro em utilidades, e projetar o segundo em linhas críveis,dentro dos limites dos conhecimentos atuais mais avançados.

                        Não queremos recordar TODO O PASSADO, nem haveria tempo para isso, nem todavia produzir centenas de milhares de páginas de projeções não autorizadas, incríveis e desnecessárias, tomando um tempo monstruoso da gente. Queremos contrações qualitativas de grau “c” do primeiro e deduções convalidadas de grau “d” do segundo. Por “con-validadas” entendo um grupo-tarefa encarregado de sustar toda interferência espertalhona e indesejada de intrusos que não tenham sugestões aproveitáveis a dar, e só estejam a fim de avacalhar o processo. Evidentemente, com alguma retroalimentação constante, de maneira a não criar mais um Instituto Hudson da vida, xeretando a existência dos outros, dando palpites errados, intrometendo-se no alheio sem convite.

                        É mais o caso de haver um balizamento convergente, quer dizer, uma pesquisa externinterna, ou seja, sobre o exterior que é estudado e o interior que estuda.

                        Esse novo modo de fazer jornal elevaria a qualidade dele a um patamar por enquanto desconhecido, levando-o do jornalismo em ponto extremamente baixo atual (salvo as exceções de sempre) a verdadeira ajuda ao povelite/nação.

                        Por quê o jornalismo é só sobre o presente? Isso é incompreensível e inaceitável.

                        Como a Geo-História, que é a cartografia/jornalismo alta, estes dois últimos devem ser ampliados e melhorados consideravelmente, para servir melhor ao mundo muito mais complexo de amanhã.

                        Ninguém espera que os pequenos jornais possam arrojar-se para uma tarefa assim grandiosa, porém meia dúzia de grandes jornais pode lançar-se à tarefa. A questão é: em qual grande grupo editor de jornais encontraremos o primeiro respaldo para tal mobilização frutífera? Não seria bom queimar o projeto com uma abordagem amadorística, insuficiente, desastrosa.

                        Vitória, quinta-feira, 25 de abril de 2002.

                                     

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