Thursday, October 31, 2013

Supercondutores no Espaço (da série Expresso 222..., Livro 1)


Supercondutores no Espaço

 

                        Em seu livro, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, Michio Kaku, mesmo autor de Hiperespaço, avança previsões até 2020, até 2050, 2100 e além.

                        No capítulo 13, p. 318 e ss., O Futuro Quântico, subcapítulo Supercondutores à Temperatura Ambiente: O Santo Graal, ele fala das tentativas de produzir ligas supercondutoras de eletricidade à temperatura ambiente, que deve ter uma média mundial de uns 25° C, que dá perto de 300° K, sendo o zero absoluto, O° K = - 273,13° C.

                        Tudo começou quando Heike Kamerlingh descobriu em Leiden em 1911 que o mercúrio perdia toda resistência à passagem dos elétrons em 4,2° K, o que está bem perto do zero absoluto. Em 1986 houve um “espetacular avanço” quando K. Alexander Muller e J. Georg Bednorz, do IBM Research Laboratory conseguiram uma cerâmica supercondutora a 35 graus acima do zero absoluto (- 238° K). Depois disso Maw-Kuen Wu e Paul Chu obtiveram materiais a – 180° C, pertencendo o recorde, à época em que o livro foi escrito, 1997, a Andreas Schilling e colaboradores do Instituto Federal Suíço, com ligas a – 139° C, embora resultados esporádicos não-comprovados falem em – 23°C.

                        E isso é uma luta infernal, porque logo no começo era preciso obter e manter as baixíssimas temperaturas à custa de muito nitrogênio e hélio líquidos. Resta ainda, mesmo para os anúncios não-comprovados, um salto de 50° c, entre – 23° e + 27° C. E isso seria o tal Santo Graal, a meta persistente.

                        A questão vem a ser a seguinte: já existe um lugar onde a temperatura é tão baixa quanto se queira, onde a radiação de fundo está a apenas 3° K – é o espaço sideral. Com grande calor de um lado do anteparo, vindo do Sol, com a conversão fotovoltaica podendo gerar toda eletricidade requerida, com a possibilidade de enviar supercomputadores para o espaço através de foguetes, com a facilidade de dialogar com eles a partir da Terra, enviando-lhes programas e pedidos de computação, o próprio supercomputador corrigindo as rotas, QUAL O SENTIDO de perseguir essas ligas de altas temperaturas relativas? Claro, adquiriremos mais conhecimento, e isso sempre é bem vindo.

                        Mas, primordialmente, as principais potências espaciais (EUA, Rússia, Europa, Japão, China e até mesmo o Brasil) podem enviar máquinas relativamente pequenas que, nas condições frigidíssimas do espaço, terão suas ligas aqui impróprias funcionando com correntes elétricas à velocidade da luz, todo e qualquer calor residual escapando para a vizinhança.

                        E isso sem a presença de um único astronauta ou cosmonauta, exceto na eventual necessidade de troca de peças (com redundância e até dupla redundância isso seria mitigado) em casos de panes muito graves, a partir da Estação Internacional, ou até em missões especiais. Ou enviando outra máquina.

                        Claro, satélites podem ser atingidos por foguetes em tempo de guerra, e isso preocuparia tremendamente os militares, que prefeririam tê-los sob montanhas imensas e intransponíveis. Mas, comercialmente, a solução é tão simples quando isso.

                        O lugar apropriado para escorá-los poderia ser os velhos satélites desativados que estão aos milhares rodeando a Terra, o chamado “lixo espacial”.

                        Vitória, terça-feira, 09 de abril de 2002.

                  

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