Thursday, October 31, 2013

A Presença de São Paulo (da série Expresso 222..., Livro 2)


A Presença de São Paulo

 

                        Vi nascer e evoluir, em meu pouco tempo de vida, a idéia repugnante de que São Paulo foi o verdadeiro criador do cristianismo. Num livro blasfemo, e subversivo no pior sentido, Michael H. Hart, As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, colocou Maomé como primeiro, Newton como segundo, Jesus como terceiro e São Paulo como sexto PORQUE, justificou ele, Jesus e São Paulo devem “dividir” o mérito da construção da religião, e porque Maomé foi ao mesmo tempo líder espiritual, chefe político e guerreiro.

                        É um ignorante metido a conhecedor.

                        É nisso que dá um pesquisador - existem sete níveis: 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais, 4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, e 7) iluminados – falar do que não entende.

                         Evidentemente a presença de São Paulo foi muito importante, ninguém nega isso, mas daí a colocá-lo no nível de Jesus e este em terceiro lugar vai uma distância abismal, renúncia totalmente imprópria do Ocidente e cessão de relevância aos árabes completamente deslocada.

                        Em tudo devemos perguntar pela causa e pelo efeito: o quê gera o quê? Que fato é o precedente? Grande que fosse São Paulo, ele nada poderia ter feito sem uma base adequada, um suporte bastante poderoso, QUE PREVIA E SUSTENTAVA A GRANDEZA DELE, e tantas outras possíveis. Porque tantos foram grandes no cristianismo? Porque Jesus era base que sustentava não só aquelas grandezas do passado e do presente como outras do futuro. Sobre o que Jesus criou não cabe só São Paulo, mas milhares e milhares de intelectuais, de operários, de financistas, de militares, de burocratas. Contudo, intelectuais orgulhosos e daninhos como Hart, achando-se os reis incontestes da cocada preta, vem a público falar um monte de asneiras. Quem sucede Gandhi não se vale da altura dele? Ninguém vai pegar um pedaço de bosta e convencer as pessoas de que se trata de diamante. Para produzir o diamante é preciso pegar a pedra em bruto e trabalhá-la, desbastando-a, DIMINUINDO-A, e foi isso que São Paulo fez, como tantos antes e depois dele.

                        Depois de Moisés, de Buda, de Vardamana (do jainismo), de Cristo, de Gandhi, de Maomé, vieram todos esses intelectuais.

                        Se não há substância nas origens, o que se pode construir?

                        Porque São Paulo era grande ele descobriu em Jesus grandeza equivalente à dele, porém havia muito mais, do que ele passou longe e outros denotaram. Tivesse ou não ele projetado Jesus este continuaria sendo imenso, maior que qualquer coisa que a humanidade já tinha visto antes ou verá, não se sabe durante quanto tempo. Contudo, se São Paulo não tivesse encontrado Jesus, continuaria sendo um pequeno intelectual judeu de cidadania romana, totalmente desconhecido, com uma nota marginal nas páginas da geo-história.

                        É porque algumas pessoas são gigantes que podemos DES-COBRIR suas dimensões depois. Mostrá-la aos demais.

                        Por outro lado, Hart diz que colocou Maomé à frente porque este foi líder religioso, militar e político. Claro!, Maomé foi um chefe guerreiro, um pregador da morte alheia, da submissão dos “infiéis”, da Guerra Santa, o Jihad – uma religião belicosa e tantas vezes assassina, a par das bondades características.

                        Jesus, ao contrário, veio pregar a paz, a sensatez, o amor tão grande a ponto de rezar pelos inimigos – uma religião amorosa, sensível, de aceitação universal de todas as pessoas, de dar a outra face para fazer cessar o perigo. Se a estupidez humana não foi capaz de sacar ainda todo o potencial de Jesus, é este que deve ser culpado, ou a humanidade?

                        Por Maomé a humanidade entraria em conflito dilacerante, e é isto que está acontecendo agora, com os atentados de 11 de setembro de 2001.

                        É PORQUE O MUNDO NÃO É SUFICIENTEMENTE CRISTÃO que ainda não estamos em paz universal, pois Jesus disse: PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. Se não há paz é porque não há boa vontade. E como pode haver boa vontade se Maomé prega a guerra?

                        Deixar os intelectuais e os pesquisadores falarem de coisas mais elevadas, de que eles não compreendem o alcance, dá nisso.

                        Vitória, quinta-feira, 23 de maio de 2002.

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