A
Presença de São Paulo
Vi nascer e evoluir, em
meu pouco tempo de vida, a idéia repugnante de que São Paulo foi o verdadeiro
criador do cristianismo. Num livro blasfemo, e subversivo no pior sentido,
Michael H. Hart, As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de
Janeiro, Difel, colocou Maomé como primeiro, Newton como segundo, Jesus como
terceiro e São Paulo como sexto PORQUE, justificou ele, Jesus e São Paulo devem
“dividir” o mérito da construção da religião, e porque Maomé foi ao mesmo tempo
líder espiritual, chefe político e guerreiro.
É um ignorante metido a
conhecedor.
É nisso que dá um
pesquisador - existem sete níveis: 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais, 4)
pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, e 7) iluminados – falar do
que não entende.
Evidentemente a presença de São Paulo foi
muito importante, ninguém nega isso, mas daí a colocá-lo no nível de Jesus e
este em terceiro lugar vai uma distância abismal, renúncia totalmente imprópria
do Ocidente e cessão de relevância aos árabes completamente deslocada.
Em tudo devemos
perguntar pela causa e pelo efeito: o quê gera o quê? Que fato é o precedente?
Grande que fosse São Paulo, ele nada poderia ter feito sem uma base adequada,
um suporte bastante poderoso, QUE PREVIA E SUSTENTAVA A GRANDEZA DELE, e tantas
outras possíveis. Porque tantos foram grandes no cristianismo? Porque Jesus era
base que sustentava não só aquelas grandezas do passado e do presente como
outras do futuro. Sobre o que Jesus criou não cabe só São Paulo, mas milhares e
milhares de intelectuais, de operários, de financistas, de militares, de
burocratas. Contudo, intelectuais orgulhosos e daninhos como Hart, achando-se
os reis incontestes da cocada preta, vem a público falar um monte de asneiras.
Quem sucede Gandhi não se vale da altura dele? Ninguém vai pegar um pedaço de
bosta e convencer as pessoas de que se trata de diamante. Para produzir o
diamante é preciso pegar a pedra em bruto e trabalhá-la, desbastando-a,
DIMINUINDO-A, e foi isso que São Paulo fez, como tantos antes e depois dele.
Depois de Moisés, de
Buda, de Vardamana (do jainismo), de Cristo, de Gandhi, de Maomé, vieram todos
esses intelectuais.
Se não há substância nas
origens, o que se pode construir?
Porque São Paulo era
grande ele descobriu em Jesus grandeza equivalente à dele, porém havia muito
mais, do que ele passou longe e outros denotaram. Tivesse ou não ele projetado
Jesus este continuaria sendo imenso, maior que qualquer coisa que a humanidade
já tinha visto antes ou verá, não se sabe durante quanto tempo. Contudo, se São
Paulo não tivesse encontrado Jesus, continuaria sendo um pequeno intelectual
judeu de cidadania romana, totalmente desconhecido, com uma nota marginal nas
páginas da geo-história.
É porque algumas pessoas
são gigantes que podemos DES-COBRIR suas dimensões depois. Mostrá-la aos
demais.
Por outro lado, Hart diz
que colocou Maomé à frente porque este foi líder religioso, militar e político.
Claro!, Maomé foi um chefe guerreiro, um pregador da morte alheia, da submissão
dos “infiéis”, da Guerra Santa, o Jihad – uma religião belicosa e tantas vezes
assassina, a par das bondades características.
Jesus, ao contrário,
veio pregar a paz, a sensatez, o amor tão grande a ponto de rezar pelos
inimigos – uma religião amorosa, sensível, de aceitação universal de todas as
pessoas, de dar a outra face para fazer cessar o perigo. Se a estupidez humana
não foi capaz de sacar ainda todo o potencial de Jesus, é este que deve ser
culpado, ou a humanidade?
Por Maomé a humanidade
entraria em conflito dilacerante, e é isto que está acontecendo agora, com os
atentados de 11 de setembro de 2001.
É PORQUE O MUNDO NÃO É
SUFICIENTEMENTE CRISTÃO que ainda não estamos em paz universal, pois Jesus
disse: PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. Se não há paz é porque não há
boa vontade. E como pode haver boa vontade se Maomé prega a guerra?
Deixar os intelectuais e
os pesquisadores falarem de coisas mais elevadas, de que eles não compreendem o
alcance, dá nisso.
Vitória, quinta-feira,
23 de maio de 2002.
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