Portas
Lógicas
Em Lógica, dita matemática, há isso
que os da Informática chamaram de “portas lógicas” (em inglês/português: OR/OU,
AND/E, NOR/NÃO-OU, NAND/NÃO-E), conceito incompleto que fere minha consciência.
Porque portas podem
estar abertas ou fechadas. Se estão abertas deixam passar tudo e se estão
fechadas não deixam passar nada, e não se trata disso.
As tais “portas lógicas”
são também separadores binários,
relativos à base 2 (que comporta o 0 e o 1). Se fossem de outras bases, seriam separadores octais (base 8), separadores decimais (base 10),
separadores duodecimais (base 12), separadores
hexadecimais (base 16) ou separadores
sexagesimais (base 60). Portanto, um único nome serve a qualquer base,
digamos base 4 (separadores quaternários), base 7 (separadores heptais, o que
os matemáticos mais altos acreditam seja a melhor base). E assim por diante.
Os SEPARADORES BINÁRIOS
constituem uma encruzilhada, um par polar oposto/complementar, e porisso mesmo
só conduzem às chamadas linguagens de máquina ou baixas, ou de processamentos digitais
ou seqüenciais, próprios para a memória e as percepções lentas, por oposição às
linguagens altas, como as humanas, que podem ser de processamentos paralelos ou
analógicos, próprios para a inteligência e as percepções instantâneas.
Há um cruzamento: sim ou
não, 1 ou 0, verdade ou falsidade? Para isso servem os separadores binários.
Não são somente portas, que ficam fechadas ou abertas, são também cruzamentos
em que o impulso toma a esquerda ou a direita, exclusiva ou inclusivamente (um,
outro, ou ambos, ou nenhum). Mas, como sabemos, as linguagens POSSÍVEIS são
muitas, não só a de base 2. Nós mesmos podemos falar linguagens de quaisquer
bases.
Então entra em cena o
Poderoso Ocam, que disse outrora, em plena Idade Média (vê-se que ela não era
tão negra quanto se diz) para evitarmos o excesso de conceitos, ou a imprecisão
deles, por extensão.
Os impulsos não são
apenas barrados, eles são igualmente desviados.
O SEPARADOR-E diz que se
dois impulsos chegarem juntos eles seguem, caso contrário não, e a resposta
será sim, verdadeiro. O SEPARADOR-NÃO inclusivo pede que chegue um ou o outro,
ou ambos, tanto faz, a resposta sempre é sim, verdadeiro também. Maria E Pedro
casaram, verdadeiro. A vida se expressa em Maria OU Pedro.
É uma triagem, é um
desvio, é um processo de separação, tanto
estático (que a porta representaria) quanto
dinâmico, pois é necessária permanente atenção (isso a porta não
representaria, e sim um agente por trás dela, movendo-a como separadora) – em conjunto uma mecânica.
Conseqüentemente PORTA
serve para o que é estático, monal, lógico, não-relacional, digital,
seqüencial, ao passo que SEPARADOR seria usado para o que é dinâmico, dual,
dialético, relacional, analógico, paralelo.
Trocar uma impropriedade
por outra não parece muito interessante. Mas, se chamarmos de PORTA-SEPARADORA
para incorporar o agente ou autonomia, fica pior, de modo que devemos achar uma
alternativa que expresse a dialógica (lógica-dialética).
Como se trata de
estabelecer condições, podemos falar de CONDICIONADORES, por exemplo, condicionadores
binários, ternários, quaternários, etc. Acabamos de achar o nome que
procurávamos, e que agora expressa a CONDIÇÃO DE DIÁLOGO, inclusive entre os
seres humanos e as máquinas, que tanto pode ser CONDIÇÃO LÓGICA ou estática,
quanto CONDIÇÃO DIALÉTICA ou dinâmica, daí CONDIÇÃO DIALÓGICA ou
estáticadinâmica ou mecânica.
Veja que a coisa é
importante.
O simples fato de chamar
de “porta” levou a que as linguagens baixas ficassem obrigatoriamente separadas
das linguagens altas, e retardou consideravelmente a migração para a
inteligência e o controle artificiais, ainda que tenha dado acesso mais rápido
à memória artificial.
Vitória, sábado, 20 de
abril de 2002.
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