O
Prêmio dos Ruins
A gente fica irritada
com o fato palpável e comprovado de que aparentemente só os ruins, só os maus
são recompensados nesta vida.
No ES um contraventor e
assassino foi eleito deputado estadual por três vezes quatro anos, tendo sido presidente
da Assembléia Legislativa por duas vezes dois anos, agora no terceiro mandato.
Os “colarinhos sujos” (gente do “colarinho branco”, burocratas desviados e
infiéis) ladrões de governos e empresas vivem em mansões, têm carros do ano, piscina,
dinheiro na poupança, e o resto das comodidades. Os corruptos em geral,
inclusive na minha categoria, o Fisco, estão sempre “por cima”, bem de vida,
como se diz.
Os que colam na escola
se formam, os que param em fila dupla fazem tudo com mais facilidade, os que
batem nas mulheres são amados por elas, enquanto os dedicados à família são
tidos como frouxos, os esforçados no serviço como otários, os honestos como
bobos e assim por diante.
Bom, como eu já disse, a
honestidade é o melhor valor de sobrevivência, porque, sendo mais difícil,
exige mais qualidades. Eventualmente todos os seres humanos dependem dos
honestos para continuar a sobreviver, a deixar mensagem psicológica, para além
da genética, para o futuro. Ano após ano o futuro é retrato da honestidade. Só
que, ela sendo 50/50 com a desonestidade, não percebemos isso. Entretanto,
SEMPRE, essa desonestidade de agora é muito menos desonesta que qualquer uma do
passado, e cada vez mais, quanto mais se recue.
Além disso, estava
conversando com Gabriel, meu filho de, agoraqui, 16 anos, sobre pessoalidade e
impessoalidade, conforme entendida pelos hindus.
O modelo diz que ambas
as opções são verdadeiras: Deus (na realidade Natureza/Deus, Ela/Ele, Grande
Mãe e Grande Pai, ELI) é tanto pessoal quanto impessoal. Quer dizer, umas
“almas” (o que quer que sejam) serão absorvidas indiferenciadamente e outras
manterão suas consciências, isto é, verão a ELI em toda sua grandeza e
imensidão do Plano da Criação ou construção do pluriverso. Para uns o prêmio é
dado em vida e outros só “na outra vida”, se existe isso.
Naturalmente um
pensamento assim pode ser só conformismo, uma forma de não lutar nas guerras de
agoraqui, um tipo de covardia ou subtração tão aguda que arranja uma desculpa
na chamada “metafísica”, o que está além das provas e demonstrações, para não
enfrentar os perigos dos choques com os abrutalhados e violentos. Acho que é
isso – TAMBÉM. De outra parte, pode ser verdade, nunca saberemos em vida. É
indemonstrável, depende de fé e confiança. Os que são religiosos, e os
teólogos, compreenderão essa mensagem e a sustentarão, porém paira a dúvida,
claro.
Apesar disso o modelo,
sendo 50/50, evidencia essa postura.
Para uns o prêmio é
deste mundo e para outros não.
Uns, não confiando,
avançam e com raiva e fúria arrancam o prêmio logo agora, logo aqui, neste
espaçotempo ou tempespaço, neste tempolugar, neste pontinstante, sem deixar
passar nada. Querem logo, querem para já,
A QUALQUER CUSTO, seja assassinato, mentira, infidelidade, crueldade,
banalidade, sujeição, bajulação, perfídia e todo o lado ruim do Dicionário e da
Enciclopédia.
Do outro lado estão os
reservados, os quietos, os mansos de coração, os que são humilhados de
nascença, os do lado bom do D/E.
Claramente, mais uma
vez, embora tanto a ruindade quanto a bondade sobrevivam, ESTATISTICAMENTE,
50/50, na realidade a bondade é que leva o mundo adiante, é ela que é o valor
maior de sobrevivência, o índice superior na luta pela sobrevivência
biológica/p.2 e psicológica/p.3 das criaturas todas. É um funil, em que só os
bons do caminho estreito e difícil passam, indo para o futuro. Os ruins
conduzem à morte.
Como é que, em cada era,
os ruins estão sempre presentes?
É que é 50/50, a cada
geração A RUINDADE É REINVENTADA, e todavia sempre melhores-ruins vão
aparecendo. Os maus de agora são muito menos maus que os maus de antigamente, o
que renderia teses de mestrado e doutorado incríveis, se a Academia não fosse
tão parva, tão ignara, tão bronca.
Basta olhar a
geo-história para comprovar esse fato.
Os judeus de outrora
eram muito piores que esses de agoraqui. Tanto assim que foi necessária toda
uma Bíblia, Antigo Testamento, com os Dez Mandamentos e os ensinos continuados
dos profetas, para melhorá-los. E para os cristão, isso e mais o Novo Testamento.
Imagine como o mundo era terrível antes. E os orientais? E os muçulmanos?
E do mesmo modo todos os
povos.
Como haveríamos de
suportar, em nossos dias, as atrocidades dos maias assassinos rituais ou dos
europeus de antanho?
Se você pensar bem, seria
intolerável.
E quanto a nós, tudo o
que fazemos, batendo nas mulheres e crianças, desprezando os velhos, roubando e
matando, perpetrando milhares de desvios, consumindo-nos em drogas e
violências, desfavorecendo os seres humanos de outras cores de pele, de outros
sexos, de outras idades, de outras formas de riqueza, de outros espaços e
outros tempos? Como o futuro nos verá, senão com criminosos dignos de pena?
Portanto, o futuro é
sempre melhor. Se for se tornando pior encontrará um beco sem saída e
desaparecerá.
Mesmo os maus de hojaqui
se sentiriam mal perante os maus de antes. Sentiriam repugnância com as
atrocidades de outrora.
De um jeito ou de outro,
seja na Magia/Arte, na Teologia/Religião, na Filosofia/Ideologia, na
Ciência/Técnica ou na Matemática, em qualquer interpretação, física ou
metafísica, o prêmio dos ruins é sua vida errada. O que, como vimos, só leva à
perdição, em vida ou na presumida pós-vida.
O prêmio dos maus é a
consumição, e o da maldade é o desaparecimento progressivo.
Bom, que não seja a nossa, ELI nos livre e
guarde no bom caminho, pois todo mundo é livre para inclinar-se, para fazer
escolhas, possuindo a liberdade, o livre-arbítrio, tal como disse Maimônides,
tantos séculos atrás de encarnar o mal ou o bem. Cada um que escolha. E pague o
preço.
Vitória, domingo, 12 de
maio de 2002.
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