Thursday, October 31, 2013

Computação Paralela (da série Expresso 222..., Livro 2)


Computação Paralela

 

                        Num livro de ficção, passagem que citei depois, o autor diz que quando fazemos uma coisa de um jeito fica assim para sempre. É bom para lembrar-nos que devemos redobrar a nossa atenção, mas não é necessariamente assim.

                        Contudo, como começaram a gravar dados em círculos (disquetes, CD’s e zip-drivers), tem continuado assim por muito tempo.

                        Não precisa continuar a ser assim.

                        Imagine uma quantidade de cilindros, colocados os menores dentro dos maiores, todos tendo o mesmo eixo, e tão compactos que o corte da superfície alinhada de todos eles seja o equivalente ao círculo que vemos comumente. Agora retorne, separe os cilindros e veja-os como tendo a mesma altura A.

                        Cada cilindro separado poderia ser de DENSIDADE SIMPLES, se escrito numa face só, externa ou interna, ou de DENSIDADE DUPLA, se em ambas. Aberto o cilindro teríamos uma folha, como uma paisagem ou um TV Wide Screen (tela larga). Nas folhas de livros, podemos ler de quatro modos NAS LINHAS: 1) de cima para baixo: a) da esquerda para a direita, modo ocidental, b) da direita para esquerda; 2) de baixo para cima: c) da esquerda para a direta, d) da direita para a esquerda. Podemos ler do começo para o fim, ou vice-versa, numa pilha de folhas, como num livro. E outro tanto NAS COLUNAS. Ainda podemos ler cada palavra da esquerda para a direita, e contrariamente. São dez modos.

                        Um robô poderia fazer isso, mas um ser humano não. A fita de leitura correria da esquerda para a direita, ou o contrário, enquanto uma luz de laser desceria para a linha seguinte.

                        Agora, podemos dividir a folha em colunas, digamos até quatro, e podemos dividir a folha em si em quatro partes, de modo que ela teria dezesseis colunas, com dezesseis robôs.

                        E até aqui temos pensado na folha como plana.

                        Mas as leituras podem ser: 1) pontuais, 2) lineares, 3) planas e 4) espaciais. São lineares (numa espiral) as dos laseres dos atuais CD’s e CD’s-ROM’s, seja do centro para a periferia, seja o inverso. Seriam planas essas que citei. Mas elas podem ter pequenas reentrâncias, de tal maneira que a folha seria um sólido com “p” patamares sendo lidos em cima, na frente e em baixo, com dois outros robôs.

                        Finalmente as linhas podem ser lidas na ida e na volta.

                        Nós lemos uma linha só de cada vez da esquerda para a direita, depois voltamos à esquerda e mudamos para a situada mais abaixo. Mas, para aumentar o rendimento da máquina, ela poderia ler ao ir e ao vir.

Agora temos 14 modos.

                        E, em vez de serem cilindros, poderíamos ter prismas de corte reto triangular, quadrangular, pentagonal, hexagonal, etc., com 3, 4, 5, 6..., “n” faces/folhas. Em vez de ter somente uma folha, como no cilindro, o número seria multiplicado por três do prisma de base triangular eqüilátera. Com mais robôs, evidente.

                        Contando:

                        -- dupla densidade: 2;

                        -- ida-e-volta: 2;

                        -- quatro colunas: 4;

                        -- quatro folhas: 4;

                        -- profundidade: 2.

                        Só aí já são 128 computadores num só.

                        Depois multiplicaríamos por 3, 4, 5, 6, ..., “n”, para as figuras geométricas planas, podendo ter, digamos 100 ou 1000 folhas, conforme a capacidade tecnológica. Digamos 100 – já são 12.800 máquinas.

                        Um ganho adicional seria obtido com a colocação dos prismas ou cilindros dentro uns dos outros. Embora a capacidade fosse diminuindo, ainda assim poderia ser o dobro ou o triplo, neste caso 38.400 micros.

                        Veja que a leitura atual da superfície do disco é feita por feixes de luz que incidem em buracos mais ou menos compridos, lendo seus comprimentos ou áreas, não sei, sempre segundo o sistema binário. Se fossem usadas as figuras geométricas regulares (triângulos, quadrados, etc.), poderíamos subir a base (ponto é zero, linha é um, triângulo é dois, quadrado é três – nisso dando base quatro), ligada à base binária de máquina, para processamento linear-digital, como é agora, pela grande velocidade. Isso segundo as formas de cada um, quer dizer, suas áreas, porque ainda podem ser aproveitados os comprimentos dos lados, os diâmetros e os perímetros, e os volumes, neste caso dependendo do tempo e resposta do laser, uma medição muito sensível, dado que as profundidades seriam minúsculas. Seria preciso avaliar qual o multiplicador aqui.

                        Os neurônios no nosso cérebro têm até 100 mil portas paralelas, mas já chegamos ou ultrapassamos essa meta. E isso NUMA ÚNICA MÁQUINA, podendo ser enfileiradas milhares ou milhões delas, até bilhões, em processamento não-linear, analógico, não-digital, com a criação de programáquinas mais poderosas que qualquer cérebro humano, podendo sonhar, intuir, ter inteligência, emoções, o que fosse, e aprendendo com velocidade cibernética/informacional, quer dizer, unindo as velocidades dos robôs da cibernética com as velocidades de processamento digital de hoje. Os japoneses acabam de apresentar (2002) um supercomputador 45 mil vezes tão veloz quanto um micro de 2,0 gigahertz.

                        Sem contar o multiplicador de superfície (pelas figuras), teríamos 38 mil x 45 mil = 1,7 bilhão de vezes; isso, dividido por 100.000 portas, já daria a capacidade de 17 mil neurônios. Parece pouco, se você esquecer que um micro já funciona a dois bilhões de hertz ou ciclos. Se temos 10 bilhões de neurônios, a multiplicação ou conjugação acima de velocidade (digital: noventa bilhões, supercomputador japonês) com capacidade (analógica: 38 mil micros) nos daria processamento-duplo de 3,4 mil cérebros humanos NUMA ÚNICA MÁQUINA de 45 mil x 2 GHz = 90 mil GHz. Bastaria 1,8 milhão de programáquinas destas para equivaler ao potencial de todos os seres humanos, inclusive as crianças (que não o tem desenvolvido em totalidade) e os velhos (onde ele está declinando). Se descontarmos metade da humanidade, bastariam menos de um milhão de programáquinas paralelas/digitais dessas, inteiramente factível, e não em 1000 anos, mas somente em vinte ou trinta. Sem falar que os programáquinas podem começar a construir outros, refinando o processo continuamente, e miniaturizando tudo enquanto isso.

                        Além disso, como eu disse num outro texto, os circuitos lógicos podem ser desenhados na própria memória, a cada necessidade, desaparecendo com o uso, em lugar de serem permanentes, como agora, estando impressos na placa-mãe. Não esquecendo que o elétron viaja a no máximo 100 mil km/s, enquanto a luz (do leitor a laser) o faz a três vezes isso, daí mais um multiplicador 3, reduzindo o projeto a 300 mil programáquinas do tipo descrito, fora os problemas que vão surgir, reduzindo o rendimento.

                        O problema não é que a humanidade não seja ultrapassável, a questão é justamente a oposta. Mais depressa do que imaginamos, estamos na iminência de sê-lo.

                        E não há como evitar, a busca de eficiência nos levará até lá.

                        Vitória, segunda-feira, 29 de abril de 2002.

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