Inteligência
Muito Artificial
O autor americano Michio
Kaku, em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século
XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001 (é autor também de Hiperespaço, segundo a
capa), diz na página 118: “Programar um robô para ter emoções é difícil, mas
não impossível. Como isso pode ser feito? Cientistas podem atribuir ‘pesos’ ou
números a certos comportamentos. Diante de um perigo, o robô poderia atribuir
um número negativo à situação e, em conseqüência, evitá-la. Diante de uma
alternativa agradável (por exemplo, amplas fontes de energia), o robô lhe
atribuiria um número positivo e a buscaria. Assim, a resposta pode ser programada (como para seres humanos): músculos faciais se contraem para
riso, pernas se movem para fuga, braços se flexionam para luta, sobrancelhas se
erguem para surpresa ou baixam para raiva”, grifo, itálico e negrito meus.
Esses caras estão mais
perdidos que cego em tiroteio, ou cachorro caído de mudança.
Porisso, no modelo,
chamei o par polar de corpo/cérebro e mente/GAP (gerador-de-autoprogramas), ou
seja, o corpomente humano é um programáquina. E é AUTOGERADOR de programas
porque não depende de nada de fora. As crianças humanas, desde o útero, desde a
mais tenra infância só são programadas de fora 50 %, PORQUE INTERESSA A ELAS.
Elas se autoprogramam.
Se um ser humano fosse
posto no vazio, num lugar totalmente sem informação e controle, sem conceitos e
sem formas, ainda assim ele começaria a raciocinar NO VÁCUO.
Ora, a coisa não diz
respeito à programação exógena, gerada fora, mas à programação endógena, gerada
dentro – ISTO É QUE É, ESSENCIALMENTE, A VIDA. Prende-se a uma bifurcação,
conseqüentemente a uma árvore de decisões binárias: sim ou não? Para a esquerda
ou para a direita?
A vida toda espaçotemporal
dos seres faz-se desse modo, em toda geo-história de toda psicologia, humana ou
não. Devemos decidir. É essa decisão que não é
programável de fora, pois depende da apresentação do inesperado, do diverso. E
TODO INFINITÉSIMO INSTANTE A SEGUIR é inesperado, mesmo quando há repetição:
neste caso teremos o segundo evento parecido com o primeiro, mas somado, e
fazendo parte de um segundo instante de memória. É só quando se mostra igual
que vemos que é igual (na verdade, semelhante), e não antes, pois antes por
definição não existia. Se virmos o Sol surgir (numa idade como a minha umas
17,6 mil vezes – aí deveríamos descontar os sete anos de ausência relativa de
memória externamente ligada) repetidamente e por indução supusermos que ele
surgirá novamente, nem por isso a constatação de que efetivamente surgiu deixa
de ser uma surpresa. A cada manhã devemos re-agir ao aparecimento novo do Sol.
Os autoprogramas devem
decidir a cada infinitésimo instante.
Os programas não
constituíram, não constituem, nem vão constituir nunca inteligência artificial.
São programas, ordens de
funcionamento que saem de um GAP qualquer, um ser humano sempre, na Terra.
Para obtermos GAPA
(GAP-artificial) devemos inventar ainda a computação paralela de que falei
noutro texto. E aí não será mais programação, e sim autoprogramação artificial,
verdadeira IA, inteligência artificial, como já temos MA, memória artificial, e
da junção das duas teremos MICA, memória/inteligência/controle artificial.
As tais “expressões
faciais” não são expressões faciais coisa alguma. São, no máximo, desenhos,
animados por um GAP qualquer, no caso do cinema e suas máscaras agitadas de
bichos apenas geometria variável, alteração de formas.
Só existirão expressões
FACIAIS onde houver face ou rosto.
E rosto, humano, ou
face, de animal, é sempre de um GAP, seja ele de qualquer reino (fungos,
vegetal, animal ou humano – de reino um a quatro). Daí teríamos expressões
faciais humanas e expressões faciais animais. Como fungos e plantas não têm
faces não podem ter expressões faciais.
Segue-se que essas
modificações de máscaras não passam de alterações de formas, porisso sendo
programáveis verdadeiramente.
Mas um rosto humano ou
face animal não são programáveis PORQUE as
expressões faciais SÃO RE-AÇÕES, isto é, pertencem a uma árvore de
decisões. Quando alterações de forma, digamos na máscara de gorila que ele
cita, assustam as crianças, é porque elas e seu inconsciente coletivo
autoprogramaram as formas como facilidade, como anúncio de perigo, tendo-as
visto na parentela ou na vizinhança ou na TV ou nos colegas ou amigos, etc.
Como eu disse, eles
estão perdidinhos da silva.
É espantoso, tão
espertos e tão atrasados ao mesmo tempo.
Vitória, terça-feira, 14
de maio de 2002.
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