Te
Conheço de Algum Lugar
ME DÊ NOME DE FLOR
Ele foi com a esposa e as crianças
a churrasco, encontrou um amigo, ficaram conversando. Lá pelas tantas esse
amigo perguntou pelo problema de memória dele.
- Ah, cara, tô quase curado.
- É mesmo, que notícia boa! O que
você fez?
- Fui a um médico.
- Qual o nome dele?
- Me dê nome de flor.
- Sei lá, margarida, magnólia,
jacinto, cravo.
- Mais.
- Crisântemo, orquídea, hortênsia,
dália, rosa.
- Rosa, é isso! Rosa, ô Rosa, como
é mesmo o nome daquele médico a que nós fomos?
|
Ele deparou com o sujeito certo dia
de noite, estava pouco claro, tomou um susto, o cara ficou olhando-o. Se não é
a firmeza de caráter dele tinha tido um troço.
Ficou olhando também, lá ele era de
temer alguém?
O cara olhava igualmente firme, sem
titubear. Pelo menos tinha tutano, o sacana, não arredava pé.
Ele se aproximou, o cabra se
aproximou também e ficou olhando-o olho no olho, que potência, não se encolhia,
o safado.
- Te conheço de algum lugar.
O sujeitinho não disse nada. Se ele
não soubesse da força de vontade que possuía, teria chamado a mulher, que
estava ali perto, bem com o genro e a filha.
Ele franziu os olhos, o fulaninho do
mesmo modo. Filho da puta! Ordinário, pensa que vai me meter medo, se duvidar
sento a porrada, seu corno, filho de uma égua.
Levantou o braço, o outro também
levantou. Tremer ele não tremia. Ficou receoso, não era de agredir ninguém. E
se o outro fosse adiante e batesse nele? Estava sozinho, bem que podia
acontecer, até pedir socorro já seria tarde, já teria apanhado. Melhor parar de
provocar, se ele saísse de fininho ninguém iria ficar sabendo e ele não
contaria, de jeito nenhum, já na velhice? Se bem que o outro também era velho,
parecido com alguém que ele conhecia.
Depois, se brigasse a família não iria
gostar. Como eles se chamavam mesmo? Estavam ali na sala, que merda!
Saiu de fininho e quando olhou para
trás o outro também estava indo embora. Ainda bem que fora prudente, o outro
não queria briga, estava só se defendendo. A violência que a gente está disposta
a precipitar ainda vai causar a ruína de muita gente.
Serra, segunda-feira, 16 de abril de
2012.
José Augusto Gava.
No comments:
Post a Comment