E
o Clube de Roma Virou Herói...
Em 1968 o Clube de Roma
publicou um livro, Limites do Crescimento, que causou furor nas esquerdas, e
prontificou as direitas a deter o crescimento dos pobres (pois os recursos,
dizia o Clube, iriam se esgotar; e, neste caso, é melhor que sobre para os
ricos), no que ficou conhecido nestes 34 anos como ECO-FASCISMO, isto é, usar a
ecologia como tampão para o crescimento dos países que então eram chamados
depreciativamente de países subdesenvolvidos,
o que os fazia se enfurecer e querer o desenvolvimento a qualquer custo,
tencionando os parcos recursos do mundo, serem renomeados como países em desenvolvimento, o que pode
passá-los apenas de ultramiseráveis para supermiseráveis com louvor.
Não é uma entidade
secreta, como a Maçonaria (os homens de preto), nem a AMORC (Venerável
Sociedade Rosa-Cruz), nem os Iluminnatti. Nem é violenta como a Camorra
italiana ou a sua versão americana, a Máfia. Nem é instituição científica como
o Instituto Hudson, do falecido Herman Kahn, nem a Corporação RAND,
futurologistas em nome e a favor dos EUA. Nem é secretíssimo como o Grupo
Bildenberg, nem sombria como a Comissão Trilateral, nem ostensiva como o agora
falecido Fórum de Davos, que estava chamando atenção demais com as
manifestações.
Foi fundado em 1968 por
30 especialistas, homens públicos que depois ficaram ainda mais famosos e
participaram da definição de muitas políticas mundiais, inclusive o que agora é
a globalização (que Maurice Strong prefere chamar, em vez de GOVERNO MUNDIAL, que
implica direção de uns por outros, SISTEMA MUNDIAL, que parece implicar
democracia e participação igualitária).
Recebendo o repúdio
geral das esquerdas, porque significava a condenação de bilhões ao
subdesenvolvimento e à fome, em lugar de ir buscar novas frentes de ondas
tecnocientíficas que abrissem o cenário da produção e da organização, o assunto
tratado em Os Limites do Crescimento caiu forçosamente no esquecimento.
Eis quando, em 2002,
olhando na Internet, vejo o Clube de Roma sendo aclamado quase como herói, como
se fosse ele o responsável pela onda ecológica e por todo o trabalho dos
ecologistas, quando o recado foi claro: “olhem, os recursos vão acabar. Vamos
cuidar de nos apropriarmos deles, antes que os pobres e miseráveis o façam”.
Seria como se, passados
os 57 anos desde a Segunda Grande Guerra, os israelitas erguessem em Israel uma
estátua de Hitler, para saudá-lo como o Salvador da Pátria.
Ora, vamos!
Agora mesmo, deixado
afastado de propósito todos esses anos, reolhado O Ano 2000, de Herman Kahn,
podemos ver que está cheio de previsões erradas, sempre em desfavor dos então
pobres e miseráveis. Foi escrito em 1967, 35 anos atrás, e a maioria de suas
previsões foi para o brejo, o que não declina a qualidade do estilo fascista, a
fluência negativista do texto, a sobriedade da pseudodemonstração.
É preciso reler também
Os Limites do Crescimento, não apenas como crítica, mas para ver até os
extremos a que nós seres humanos podemos chegar para afastar o próximo, que
deveríamos, segundo Jesus, sentir bem próximo de nós. A que enormidades podemos
recorrer para preservar nossas condições de sobrevivência, a ponto de declarar
uma nova linha imaginária Norte-Sul entre os pós-industrializados e os “em
processo de industrialização”, quer dizer, os que ainda devem chegar à
industrialização que eles já estão abandonando, ou, lendo ainda de outra forma,
os que devem comprar suas máquinas obsoletas, sua poluição, suas relações
degradadas de trabalho, etc.
É demais, para qualquer
um.
Isso deve nos prevenir
com relação aos EUA e a ALCA, ou a NAFTA, ou qualquer coisa que venha dos ricos
(EUA, Japão, Europa).
Vitória, sábado, 13 de
abril de 2002.
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