O Atraso Intelectual
Em 1905 (por sinal,
agora em 2005 completar-se-ão 100 anos, e o mundo todo comemorará; o Brasil e o
ES também deveriam e devem fazê-lo)
Einstein publicou quatro ensaios, um dos quais sobre a Relatividade
Restrita, onde reuniu o espaço e o tempo numa só entidade, o espaço-tempo.
Assim, no plano da Física, eles estão juntos há muito tempo, quase 100 anos, a
completarem-se agora em 2005.
Entrementes,
naquilo que na UFES é denominado Humanas, Área III, Geografia e História seguem
plenamente separadas.
No
modelo que escrevi, naturalmente juntei-as em Geo-História, o espaço-tempo
psicológico dos conjuntos, como sejam
indivíduos, famílias, grupos, empresas, cidades/municípios, estados, nações e
mundos. O que se pergunta é o seguinte: vendo o horizonte de eventos como
plano, como é que se passa de G1 a G2 ? É preciso que haja um vetor-explicação,
denominado H1, e então intervém a capacidade explicativa dos pesquisadores.
Como é que em determinada cidade não havia e passou a haver uma fábrica, por
exemplo essa da Ford que era para ficar no ES e foi parar na Bahia ?
Naturalmente
que a Geo-História recua e avança da atualidade para a anterioridade e a
posteridade. Por exemplo, para trás,
como antropologia, paleontologia, arqueologia (no modelo mudei ligeiramente a
posição dela), geologia e cosmologia. E vai adiante como aquela, por enquanto
abandonada, futurologia de Hermann Kahn.
A
minha pergunta é tangencial: dado que na Física tal união (ou reunião, porque
sempre existiu no plano da Natureza, apenas sendo re-conhecida pela humanidade
graças a Einstein) completou-se há quase 100 anos, por quê tal não se deu na
ciência da Psicologia, que abriga, como creio, a Geografia e a História ? Por
quê o espaço e o tempo não se reuniram na alma humana ? Krishnamurti discutiu
essa questão em Tempo Psicológico, mas isso iria encompridar demais o assunto.
Por
quê o orgulho foi muito maior entre os das “Humanas” que entre os físicos, ou,
inversamente, como é que os físicos puderam ser mais diretos ? Os grupos de
trabalho renderiam muito mais se procedessem a reunião psicológica. A Geografia
deixaria de ser enfadonha e a história teria uma base terrestre sobre que se assentar, abandonando
o plano exclusivo dos conceitos.
Se
o espaço fosse considerado uma tela de televisor, as imagens sucessivas até
agora corresponderiam ao cinema mudo da Geografia, pois não há narrador
histórico que nos diga com as coisas surgem. Os espaços vão mudando, mas não
temos notícia disso nos interstícios temporais. Eis aí a razão de a História
também parecer divorciada dos interesses humanos – ela não se parece com nossas
vidas, com o que vivenciamos.
E,
em todo caso, ambas estão quase 100 anos atrasadas em relação àquela frutuosa
reunião que Einstein promoveu na Física, e que tanto nos beneficiou depois.
Em
virtude disso eu creio que os pesquisadores nas ciências reconhecidas como
tais, da Área I, Ciências Exatas, estão mais adiantados que seus pares da Área
III, ainda tomados como “meros intelectuais diletantes”. E que enquanto não for
adotada essa fusão espaçotemporal psicológica, será muito difícil fazer
progredir tanto a Geografia quanto a História.
Vitória,
quarta-feira, 19 de dezembro de 2001
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