Sunday, October 27, 2013

Os Problemas do País e os Discursos dos Políticos (da série Expresso 222..., LIvro 1)


Os Problemas do País e os Discursos dos Políticos

 

                        Penso que uma pesquisa acadêmica iria constatar duas respostas possíveis para a pergunta “como os políticos reagem aos problemas?”: 1) a resposta imediata nos discursos em relação aos assuntos momentosos, aqueles que estão na “ordem do dia” da mídia em geral e em particular da TV e dos jornais; 2) a falta de investigação e equacionamento da totalidade dos problemas do país a curto, médio e longo prazo.

                        A RESPOSTA IMEDIATA confere notoriedade e permanência, portanto satisfação do ego do indivíduo, família, grupo e empresa, quer dizer, dos conjuntos pessoais. A NOTORIEDADE seria medida pela quantidade de citações em toda a mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet – em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de meios). Dela freqüentemente depende a PERMANÊNCIA, a quantidade de períodos que determinado político fica à frente do Executivo ou no Legislativo.

                        Creio que a quase totalidade dos políticos vai ser pega nessa armadilha do destino, tornando-se ou pretendendo tornar-se momentaneamente grande, depois ficando cada vez menor com o tempo.

                        Do outro lado está a INVESTIGAÇÃO e o enquadramento (correto ou incorreto fica por conta de uma quantidade de fatores) dos problemas reais (que devem ser solucionados) ou inventados (que devem ser esvaziados). A investigação pressupõe seriedade e verdadeiro interesse nas questões ambientais (dos municípios/cidades, dos estados, das nações e do mundo), portanto ultrapassamento do ego. Creio que aqui encontraremos poucos, se houver algum, porque demanda espíritos de pesquisadores ou de estadistas, que estão um ou dois graus acima da política representativa.

                        Isso quer dizer ir em busca de quem sabe, o que exige humildade, ou procurar entender por si mesmo, estudando, o que pede dedicação e recolhimento. Não acredito que os políticos brasileiros, ou até da maior parte do mundo, possam ter essas qualidades. Não acredito mesmo.

                        No entanto, é do que precisamos.

                        Senão, pelo exclusivo lado da NOTORIEDADE os políticos e governantes estarão sempre a reboque da nação, nunca à sua frente. É como se a locomotiva fosse sendo puxada pelos vagões. A outra opção, que penso ser a mais correta, seria a ordem natural, da locomotiva puxar os vagões, dos bois irem à frente da carroça, de os políticos, muito bem pagos e em situação privilegiadíssima à custa de todos, estarem equacionando os problemas em seu nascedouro, quando ainda podem ser solucionados com poucos esforços e pequena quantidade de dinheiro.

                        Como é hoje, acontece o problema das drogas e muito depois, quando as máfias se organizaram a ponto de desafiarem as forças armadas, os políticos se movem em bando para a solução da tempestade, do furacão, do tufão, do tsunami, do maremoto, do terremoto, da nevasca, enfim da destruição em toda a sua força e ferocidade. Então o bando todo corre para ocupar a frente, em relação aos relâmpagos das máquinas fotográficas e aos microfones. Aquele bando vergonhoso procurando aparecer na primeira página.

                        Acho que a complexidade da sociedade/civilização/cultura brasileira já pede muito maior seriedade, para o enquadramento correto e a perfeita solução de nossos crônicos e agudos problemas nacionais e locais.

                        Como disse Bob Dylan, ninguém precisa de um meteorologista para dizer que está chovendo.

                        Precisamos nos prevenir contra os desastres, descobrindo métodos confiáveis de previsão. ESTA forma de agir exige a investigação, a dedicação, o amor ao próximo, a doação de si, a grandeza d’alma, verdadeira identidade com os ambientes, ultrapassamento do auto-interesse, etc. Tudo que não vemos nos políticos e governantes.
                        Vitória, sábado, 20 de abril de 2002.

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