Os
Problemas do País e os Discursos dos Políticos
Penso que uma pesquisa acadêmica
iria constatar duas respostas possíveis para a pergunta “como os políticos
reagem aos problemas?”: 1) a resposta
imediata nos discursos em relação aos assuntos momentosos, aqueles que
estão na “ordem do dia” da mídia em geral e em particular da TV e dos jornais;
2) a falta de investigação e
equacionamento da totalidade dos problemas do país a curto, médio e longo
prazo.
A RESPOSTA IMEDIATA
confere notoriedade e permanência, portanto satisfação do ego do indivíduo,
família, grupo e empresa, quer dizer, dos conjuntos pessoais. A NOTORIEDADE
seria medida pela quantidade de citações em toda a mídia (TV, Rádio, Revista,
Jornal, Livro e Internet – em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de
meios). Dela freqüentemente depende a PERMANÊNCIA, a quantidade de períodos que
determinado político fica à frente do Executivo ou no Legislativo.
Creio que a quase
totalidade dos políticos vai ser pega nessa armadilha do destino, tornando-se
ou pretendendo tornar-se momentaneamente grande, depois ficando cada vez menor
com o tempo.
Do outro lado está a
INVESTIGAÇÃO e o enquadramento (correto ou incorreto fica por conta de uma
quantidade de fatores) dos problemas reais (que devem ser solucionados) ou
inventados (que devem ser esvaziados). A
investigação pressupõe seriedade e verdadeiro interesse nas questões ambientais
(dos municípios/cidades, dos estados, das nações e do mundo), portanto
ultrapassamento do ego. Creio que aqui encontraremos poucos, se houver algum,
porque demanda espíritos de pesquisadores ou de estadistas, que estão um ou
dois graus acima da política representativa.
Isso quer dizer ir em
busca de quem sabe, o que exige humildade, ou procurar entender por si mesmo,
estudando, o que pede dedicação e recolhimento. Não acredito que os políticos
brasileiros, ou até da maior parte do mundo, possam ter essas qualidades. Não
acredito mesmo.
No entanto, é do que
precisamos.
Senão, pelo exclusivo
lado da NOTORIEDADE os políticos e governantes estarão sempre a reboque da
nação, nunca à sua frente. É como se a locomotiva fosse sendo puxada pelos
vagões. A outra opção, que penso ser a mais correta, seria a ordem natural, da
locomotiva puxar os vagões, dos bois irem à frente da carroça, de os políticos,
muito bem pagos e em situação privilegiadíssima à custa de todos, estarem
equacionando os problemas em seu nascedouro, quando ainda podem ser
solucionados com poucos esforços e pequena quantidade de dinheiro.
Como é hoje, acontece o
problema das drogas e muito depois, quando as máfias se organizaram a ponto de
desafiarem as forças armadas, os políticos se movem em bando para a solução da
tempestade, do furacão, do tufão, do tsunami, do maremoto, do terremoto, da
nevasca, enfim da destruição em toda a sua força e ferocidade. Então o bando
todo corre para ocupar a frente, em relação aos relâmpagos das máquinas
fotográficas e aos microfones. Aquele bando vergonhoso procurando aparecer na
primeira página.
Acho que a complexidade
da sociedade/civilização/cultura brasileira já pede muito maior seriedade, para
o enquadramento correto e a perfeita solução de nossos crônicos e agudos
problemas nacionais e locais.
Como disse Bob Dylan,
ninguém precisa de um meteorologista para dizer que está chovendo.
Precisamos nos prevenir
contra os desastres, descobrindo métodos confiáveis de previsão. ESTA forma de
agir exige a investigação, a dedicação, o amor ao próximo, a doação de si, a
grandeza d’alma, verdadeira identidade com os ambientes, ultrapassamento do
auto-interesse, etc. Tudo que não vemos nos políticos e governantes.
Vitória, sábado, 20 de
abril de 2002.
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