Sunday, October 27, 2013

O Horizonte de 2040 (da série Expresso 222..., Livro 1)


O Horizonte de 2040


 

                        Segundo os cálculos dos pesquisadores as reservas de petróleo devem durar, ao consumo atual e projetado, até 2040, na falta de novas descobertas.

                        O Ocidente pode se ver em sérios apuros, se não desenvolver novas frentes tecnocientíficas de aproveitamento da energia que o Sol remete à Terra todo dia, e da qual aproveitamos menos de 1/10.000.

                        Norbert Wiener, em seu livro (escrito nos EUA em junho de 1954, veja só a capacidade de antecipação dele) Inventar (sobre la gestación y el cultivo de las ideas), Barcelona, Tusquets, 1995, série Metatemas, que Pedro Augusto César Oliveira de Sá me deu de sua estadia lá, diz na página 28, em minha pobre tradução: “O desenvolvimento técnico, sempre em ampliação, acelerado pela sucessão de duas grandes guerras e um prolongado período de tensão militar, fez com que a questão da escassez de recursos seja objeto de razoável preocupação no presente, uma questão bastante importante para dedicar-se-lhe uma parte considerável de nosso potencial planificador aqui e agora", p. 28, negrito meu.

                        Mas o Ocidente, junto ou não com o Oriente, pode dedicar-se à ampliação da frente de ondas tecnocientífica de aproveitamento dos recursos, energéticos ou materiais. Ao contrário do que se pensa, quase toda energia provém do Sol, inclusive biomassas, ventos/eólica, marés, ondas, petróleo, gás, hidreletricidade (que depende da evaporação e da evapotranspiração da água), xisto betuminoso, diferenciais de temperatura, etc., menos a radiativa, que provém do interior da Terra, e já estava nela na Nébula ou Nuvem de Formação dos primórdios cosmogônicos do sistema solar. E veja-se que com os novos reatores regeneradores rápidos a situação não é a mesma de 1976, quando eu mesmo (junto com Ronaldo Lyrio Borgo) briguei contra; agora, com as mudanças recentes, eu lutaria a favor.

                        Bem, com bastante aplicação dá para substituir. E até promove um grande e revolucionário crescimento socioeconômico.

                        A questão não é essa.

                        A questão, gravíssima, é que os árabes, 1,3 bilhão de pessoas agora, e, digamos a 3,0 % de crescimento ao ano,  estarão com quatro bilhões de pessoas em 2040, QUANDO CESSARÃO DE JORRAR OS POÇOS e consequentemente os petrodólares. Ou, estando tão perto do esgotamento, o Ocidente (e com certeza o Oriente também) terá substituído o petróleo e o gás por outras fontes.

                        Então, pense, quer seja esse 1,3 bilhão de agora, quer sejam aqueles 4,0 bilhões da estimativa, em 2040, SEM QUALQUER FONTE DE RENDAS, a não ser que  voltem aos camelos e às caravanas os poucos que sobrevivam (fora as elites que tiverem conseguido vistos para migrar para qualquer lugar decente), para o resto será um “Deus (ou Alá) nos acuda”. O que as elites árabes estão fazendo para evitar a calamidade ? Não ouço falar de nada.

                        A situação é tremendamente preocupante PORQUE em 40 anos grande parte das crianças de hoje estará viva, inclusive nossos filhos.

                        E as elites árabes, sob a ótica de que precisam ultrapassar o Ocidente em número, estimularam muito o crescimento  demográfico, a  taxas  de  até 4,5 % ao ano, enquanto acumularam dinheiro do lado delas, deixando os pobres à mingua, sem correspondentemente desenvolver a frente tecnocientífica que poderia dar uma resposta árabe para os problemas e questões árabes ou muçulmanas, ou islâmicas, ou muslímicas, como for. Vendendo o petróleo ao Ocidente e ao Japão eles obtém dinheiro ocidental/japonês, com isso comprando produtos ocidentais/japoneses/chineses, ou dos tigres e dragões, ou sul-americanos, ou de onde for. Nada ou quase nada de relevante produzem. Quando a fonte secar, com que dinheiro pagarão os produtos ?

                        Vitória, quinta-feira, 20 de dezembro de 2001.

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