O Horizonte de 2040
Segundo os cálculos
dos pesquisadores as reservas de petróleo devem durar, ao consumo atual e
projetado, até 2040, na falta de novas descobertas.
O
Ocidente pode se ver em sérios apuros, se não desenvolver novas frentes
tecnocientíficas de aproveitamento da energia que o Sol remete à Terra todo
dia, e da qual aproveitamos menos de 1/10.000.
Norbert
Wiener, em seu livro (escrito nos EUA em junho de 1954, veja só a capacidade de antecipação dele) Inventar (sobre la
gestación y el cultivo de las ideas), Barcelona, Tusquets, 1995, série
Metatemas, que Pedro Augusto César Oliveira de Sá me deu de sua estadia lá, diz
na página 28, em minha pobre tradução: “O desenvolvimento técnico, sempre em
ampliação, acelerado pela sucessão de duas grandes guerras e um prolongado
período de tensão militar, fez com que a
questão da escassez de recursos seja objeto de razoável preocupação no
presente, uma questão bastante importante para dedicar-se-lhe uma parte
considerável de nosso potencial planificador aqui e agora", p. 28,
negrito meu.
Mas
o Ocidente, junto ou não com o Oriente, pode dedicar-se à ampliação da frente
de ondas tecnocientífica de aproveitamento dos recursos, energéticos ou
materiais. Ao contrário do que se pensa, quase toda energia provém do Sol,
inclusive biomassas, ventos/eólica, marés, ondas, petróleo, gás,
hidreletricidade (que depende da evaporação e da evapotranspiração da água),
xisto betuminoso, diferenciais de temperatura, etc., menos a radiativa, que
provém do interior da Terra, e já estava nela na Nébula ou Nuvem de Formação
dos primórdios cosmogônicos do sistema solar. E veja-se que com os novos
reatores regeneradores rápidos a situação não é a mesma de 1976, quando eu
mesmo (junto com Ronaldo Lyrio Borgo) briguei contra; agora, com as mudanças
recentes, eu lutaria a favor.
Bem,
com bastante aplicação dá para substituir. E até promove um grande e
revolucionário crescimento socioeconômico.
A
questão não é essa.
A
questão, gravíssima, é que os árabes, 1,3 bilhão de pessoas agora, e, digamos a
3,0 % de crescimento ao ano, estarão com
quatro bilhões de pessoas em 2040,
QUANDO CESSARÃO DE JORRAR OS POÇOS e consequentemente os petrodólares. Ou,
estando tão perto do esgotamento, o Ocidente (e com certeza o Oriente também)
terá substituído o petróleo e o gás por outras fontes.
Então,
pense, quer seja esse 1,3 bilhão de agora, quer sejam aqueles 4,0 bilhões da
estimativa, em 2040, SEM QUALQUER FONTE DE RENDAS, a não ser que voltem aos camelos e às caravanas os poucos
que sobrevivam (fora as elites que tiverem conseguido vistos para migrar para
qualquer lugar decente), para o resto será um “Deus (ou Alá) nos acuda”. O que
as elites árabes estão fazendo para evitar a calamidade ? Não ouço falar de
nada.
A
situação é tremendamente preocupante PORQUE em 40 anos grande parte das
crianças de hoje estará viva, inclusive nossos filhos.
E
as elites árabes, sob a ótica de que precisam ultrapassar o Ocidente em número,
estimularam muito o crescimento
demográfico, a taxas de até
4,5 % ao ano, enquanto acumularam dinheiro do lado delas, deixando os pobres à
mingua, sem correspondentemente desenvolver a frente tecnocientífica que
poderia dar uma resposta árabe para
os problemas e questões árabes ou muçulmanas, ou islâmicas, ou muslímicas, como
for. Vendendo o petróleo ao Ocidente e ao Japão eles obtém dinheiro
ocidental/japonês, com isso comprando produtos ocidentais/japoneses/chineses,
ou dos tigres e dragões, ou sul-americanos, ou de onde for. Nada ou quase nada
de relevante produzem. Quando a fonte secar, com que dinheiro pagarão os
produtos ?
Vitória,
quinta-feira, 20 de dezembro de 2001.
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