O Senhor dos Anéis
O
filme tem tudo para ser um dos maiores de todos os tempos, senão o maior, se
depender só de J.R.R. Tolkien, o autor. Fora terem as três partes custado mais
de US$ 200 milhões, ter sido rodado em paisagens maravilhosas da Nova Zelândia,
ao sudeste da Austrália, com um ministro especialmente designado para isso
acompanhando a criação simultânea dos
filmes, correspondendo aos três livros originais, há indicações que
apontam para tal.
No
Brasil há a particularidade de a Artenova ter lançado no Rio de Janeiro de 1975
(apenas 10 anos depois da edição inglesa de 1965), em SEIS VOLUMES --
Livro Primeiro, A Terra Mágica; Livro Segundo, O Povo do Anel; Livro Terceiro, As Duas Torres; Livro Quarto, A Volta do Anel; Livro Quinto, O Cerco de Gondor; e o Livro Sexto (por
enquanto o meu está perdido), que deve ser O
Retorno do Rei --, dois para cada um dos ingleses, porque na época nós
brasileiros éramos muito mais pobres e as editoras subdividiam os textos. E
passavam-se anos entre uma e outra edição, de modo que era uma agonia.
Além
disso, na edição da Artenova os nomes eram redondinhos, abrasileirados, como
Merinho em lugar de Merrin, e Pipinho, em substituição a Pippin, ou o que seja.
Já li a edição mais antiga quatro vezes, mas estou iniciando (com certo
desgosto) a leitura da nova agora. Mas essa é outra discussão, que retomarei
noutra ocasião.
Aqui
quero visualizar o livro e o filme, que ainda não vi, mas do qual vi trilhas.
Bom,
o livro começa com uma prosaica e muito trivial festinha dos hobbits, embora na
realidade seja um festão. Nada nela prenuncia as extraordinárias aventuras
posteriores, que envolvem castelos, capa e espada, magia, tudo que as pessoas
gostam. Amor, lealdade, companheirismo, fidelidade, idem. E coisas que todos detestam:
traição, malignidade, má-fé.
Há
um rei que retorna para reclamar o que é seu, e há sua bela consorte. Há os
elfos, que vivem milhares de anos. Há águias gigantes. Há os misteriosos enidas
(na nova tradução, ents). Há As
Aventuras de Tom Bombadil, que merece um livro só seu, pois estava presente
na Criação do Mundo. Depois vem O Silmarillion, quando os anéis foram
criados. A seguir O Hobbit, que
trata de Bilbo, isoladamente, quando ele foi com os anões retomar os tesouros a
Smaug, o Dragão. E, por fim, esse livro maravilhoso que é O Senhor dos Anéis, que se divide em três partes – volume 1, A Sociedade do Anel; volume 2, As Duas Torres; volume 3, O Retorno do Rei --, contém um espelho
também, que reflete em mal tudo que do outro lado é bom.
Como
lingüista Tolkien inventou línguas para cada povo, mapas detalhados,
genealogias extensíssimas, personagens verossímeis (por exemplo, Aragorn, que
virá a ser rei, oculta-se sob um manto e é conhecido na edição antiga como
Caminheiro, o-que-caminha, e na edição nova
como Passolargo; como eu disse, prefiro muito mais a tradução antiga).
E
faz de Frodo, um pequenino, o herói de toda a Saga. Não é, como nos filmes
americanos, o cara fortão, parrudo, capaz de tudo, aquele armário 2 x 2. É um
hobbit, de qual raça o espécime mais alto pôde um dia montar um cavalo. A essa
criaturinha frágil está entregue a tarefa de enfrentar Sauron, o Senhor Negro,
que possui os Nazgul e seus cavaleiros-espectros.
As
pessoas da Companhia se juntam, se separam, desesperam-se, ofererem-se com
desprendimento pelos outros. E, é claro, no fim tudo é restaurado.
Então,
não admira nada que já se tenha, segundo as notícias, vendido 160 milhões de
exemplares. Com o passar das décadas vai passar de um bilhão. Com relação aos
três filmes, eu creio, em conjunto vão arrecadar bem mais de cinco bilhões de
dólares americanos, sem falar em bonecos, propaganda, etc. Sem dúvida é o
fenômeno do início do século. E é um auspício, neste mundo atribulado.
Vitória,
quinta-feira, 20 de dezembro de 2001.
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