Avaliação
do PIB Brasileiro
Venho seguindo o PIB
brasileiro desde as primeiras publicações do Almanaque Abril, já faz quase 30
anos, saltados alguns de pouco dinheiro e maior penúria.
O de 2000 dá o PIB
relativo a 1998 como sendo de US$ 777 bilhões, renda percapita de US$ 4.802, ao
passo que o de 2002 mostra respectivamente US$ 595 bilhões de US$ 3.430 para o
ano 2000. Então, por mais que tenhamos produzido em dois anos, em vez de subir,
o PIB DESCEU nada menos que 182 bilhões de dólares, ou cerca de 23 %. A razão é
uma só, a desvalorização do real diante do dólar.
Quando a Argentina criou
a paridade dólar/peso = 1,00 sua produção era de US$ 95 bilhões, ao passo que
logo em seguida saltou para perto de 300 bilhões. Pior ainda foi o que chamei
num texto não publicado de A Conspiração
do Iene. Em 1985 Reagan, presidente dos EUA, e Regan, presidente do Banco
Central americano, decidiram desvalorizar fortemente o dólar diante do iene,
passando-o de 285/1 para 120/1, visando enfraquecer as exportações japonesas
aos EUA. Com tal providência mágica o PIB japonês passou de US$ 1,3 para 3,1
trilhões, e mais adiante, quando a cotação chegou a 85/1, a US$ 4,4 trilhões,
com o quê o Japão saltou para a segunda posição mundial.
Claramente essa política
de medir o PIB em moeda estrangeira é uma ilusão, externa e interna. Servindo a
quem é que devemos perguntar-nos.
Medido em reais o PIB
brasileiro está em 2000 em 1,1 trilhão, só a parte evidente, visível, fora a
invisível, que o Jornal do Brasil noticiou em 1993 corresponder a 60 % do total.
Se for assim o PIB do país passa de 2,75 trilhões de reais. Se a paridade
dólar/real tivesse sido mantida, teríamos um PIB visível de US$ 1,1 trilhão.
Observe que o Brasil tem dez regiões metropolitanas com mais de um milhão de habitantes,
ao passo que a Grande São Paulo e o Grande Rio, juntos, somam quase 30 milhões.
Só de cidades com mais de 500 mil habitantes já devem ser mais de 100.
Então, esse critério de
medição do PIB não é científico. Ele é político, e serve às classes mandantes.
Porque, se o PIB fosse o dobro ou o triplo, o Brasil não seria mais “pobre” e
estaríamos nos perguntando porque, sendo ricos, somos tratados como marginais.
O mais certo seria o
chamado “PIB-produto”, isto é, quantas geladeiras são produzidas, quantos
telefones, etc., somando-se tudo, e obtendo-se as posições dos países.
Ou, então, criar uma
BOLSA DE MOEDAS, de variação zero, ou seja, cuja soma de inflações seja zero ou
possa ser tornada zero. Ser zero é difícil, porque as inflações colocam-se
sempre acima do zero – é um dos modos clássicos das elites tomarem dinheiro do
povo. Mas ela pode ser tornada zero por um deflator padrão, e daí medir todos
os PIB’s do mundo para frente e para trás, dando a real situação de cada um,
ano após ano, se houve ou não crescimento real, se decrescimento, se
estagnação.
Por exemplo, desde a
criação do real em junho de 1994 passaram-se quase oito anos. Digamos cinco até
1999, quando há dados. Nesse ano o PIB americano foi de US$ 9,15 trilhões, mas
se descontarmos a inflação histórica de lá de 4 % ao ano em média (seria bom
contar com os dados reais), 22 % em cinco anos, na realidade seriam apenas US$
7,5 trilhões em dólares de 1994. Por outro lado, a inflação brasileira passou
muito de 200 % em oito anos, numa média anual de mais de 15 %. Nesses quase oito anos o dólar deveria ter
ido a 3/1, e não 2,2/1, como está, sendo esta última relação a medição da
inflação brasileira de SEIS anos, 128 %, ou seja 2,28/1,00.
Agora, medido em reais o
PIB brasileiro de 2000 foi de R$ 1.089,7 bilhão. Como são seis anos a 15 %,
temos R$ 470 bilhões em 1994. Olhando o Almanaque Abril, temos um valor de US$
543 bilhões em 1994 no Brasil. Vamos tomar este último valor. Daí a relação
entre os PIB’s americano e brasileiro seria em 1994 7.500/543 = 13,8, ao passo
que em 1999 seria 9.150/529 = 17,3. Dividindo 17,3/13,8 = 1,25, o que quer
dizer que os EUA teriam crescido ACIMA
DO BRASIL 25 % (vinte e cinco porcento). O Brasil teve, durante 100 anos, A
MAIOR MÉDIA MUNDIAL de crescimento, acima de Japão, China ou qualquer tigre ou
dragão ou unicórnio ou elefante cor de rosa asiático.
Se as coisas são assim,
porque os EUA querem o Brasil na ALCA, pergunta meu filho Gabriel?
Evidentemente porque os
dados não espelham a realidade.
É tudo falsificação, ao
sabor dos ventos políticos e da geo-estratégia mundial e americana. É uma
conspiração claríssima, evidente, que o povo e as elites daqui não merecem.
O PIB não só deve ser
desmistificado, quer dizer, tornado científico, como a verdade inteira deve vir
à tona, o que fica a cargo dos estudiosos independentes.
Vitória, sábado, 13 de
abril de 2002.
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