Nossos
Cérebros
Arthur Koestler,
escritor judeu húngaro de língua inglesa (Budapeste, 1905 – Londres, 1983, 78
anos entre datas), conforme dados da Enciclopédia
e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss, Rio de Janeiro,
Guanabara-Koogan/Delta, 1993, dizia que temos três cérebros: o reptiliano, mais antigo de todos; o mamífero, de onde emergimos; o neocórtex, propriamente humano.
Olhando então o
recentíssimo e maravilhoso Dicionário
Visual Michaellis/Tech (Inglês – Português – Francês – Espanhol), São Paulo,
Melhoramentos, 1997, podemos ver, p. 134 e ss., quantos cérebros temos.
Se você se lembra, num
dos dois filmes O Predador, um dos predadores exibe orgulhosamente seu troféu,
um cérebro humano com a coluna ainda presa nele. E isso é uma indicação. Não foi
isso que me fez pensar, mas ajudou.
Começando, temos: 1) a medula espinal, que corre desde o
cérebro pela espinha até o filamento terminal; 2) a glândula pituitária, 3) o cerebelo,
4) a glândula pineal, que tem forma
de pinha (daí o nome), 5) o corpo caloso, que transmite as
mensagens entre os dois hemisférios, lados esquerdo e direito do cérebro, 6 e
7) neocórtex, dividido em duas
partes, que são então dois cérebros que convivem, base de tudo que é
propriamente humano. De pouco tempo para cá, década dos 1960 do século passado,
é que o neocórtex vem sendo estudado em maior profundidade, dada a precariedade
instrumental do passado.
É um conjunto,
inseparáveis as partes, que eu, como leigo, pude separar em sete porções. Os
estudiosos, biólogos e médicos, poderão fazer muito mais e melhor.
Para além disso temos
outros cérebros.
No modelo que escrevi
coloquei uma pirâmide pessoambiental,
para indicar o crescimento da consciência (e da inconsciência ou
irresponsabilidade) humana. Do lado das pessoas:
1) indivíduo, 2) família, 3) grupo, 4) empresa. Do lado dos ambientes: 5) município/cidade, 6)
estado, 7) nação e 8) mundo. Então, o cérebro individual cresce fora de nós não
apenas pelo aparecimento de outros indivíduos, como principalmente pela ligação mnemônica entre eles, quer
dizer, ligações de memórias (que são as velhas inteligências, resultados velhos
dos processamentos), constituindo todo um patrimônio coletivo fora do
indivíduo. Isso é mediatizado pela língua que é, assim, o OITAVO CÉREBRO, um
cérebro interno-e-externo, posto logo no início, no aparecimento mesmo dos homo
sapiens sapiens. Existem outros, por exemplo, a escrita, a produção/economia, a sociologia/organização,
etc.
Como podemos ver, a
questão está longe de ser simples.
Ninguém sequer suporia
que haveria uma pergunta a fazer, e, no entanto, podemos formulá-la agora aos
pesquisadores: quantos cérebros tem o ser humano? Quantos processadores
autônomos de informação? Quantos geradores de auto-programas? Eles eram originalmente independentes ou não?
Qual é a sua geo-história? Como eles surgiram e evoluíram? Que utilidades
tinham, na evolução, e que utilidades tem em nós, enquanto programas convergentes?
Há um punhado de
perguntas novas a fazer, muito emocionantes. Há novos caminhos de pesquisa
& desenvolvimento.
O que o amplo olhar
sobre a tentativa humana de saber nos ensinou é que sempre podemos recategorizar
as nossas perguntas, em busca de respostas novas, porque não é só pelas
respostas que nós avançamos – é
principalmente PELAS PERGUNTAS.
Vitória, domingo, 13 de
janeiro de 2002.
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