A Caixa de Pandora
Pandora tinha uma
caixa postal nos Correios, mas com isso de e-mail tinha se esquecido
completamente.
Sendo mulher muito
ocupada pagava a taxa mensal sem nem se dar conta, um dia se lembrou, “puta
merda, e a caixa dos Correios?”
Foi lá.
Estava
entupidíssima, abarrotada, não cabia mais nada.
Ela abriu e
derramaram-se no mundo todas aquelas misérias, todas aquelas porcarias. Uma
aranha tinha feito teia e havia uma esperança, que ela deixou pra lá, botou a
papelada numa sacola plástica e levou para casa, mais de quilo de papel.
Foi fazer a
triagem.
Tinha uma carta do
testamenteiro do pai viúvo, que tinha morrido há um ano, convocando-a há seis
meses para lhe passar o que o pai tinha legado a ela como filha única. “E eu
precisando de grana, pensei que papai tinha dado tudo pros outros”.
Tinha uma cobrança
judicial velha de três meses, hora dessas já estavam executando-a, “que titica,
porque essa gente não se ajusta aos tempos, não se atualiza tecnologicamente?”
A Concessionária
cobrando o financiamento em atraso, porisso o oficial de justiça estivera no
prédio procurando-a sem encontrar.
Uma quantidade
imensa de correspondência tentando vender coisas, os SPAM de papel, que
ridículo! Jogou tudo fora.
O convite para a
festa familiar, “daqui a uma semana, ainda dá pra ir”.
“Droga, essa gente
precisa de inclusão digital, quem ainda manda coisas pelos Correios?”
A CAIXA DE PANDORA
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Agora mesmo é que
Pandora não podia se desfazer da caixa dela. E se mais gente continuasse
enviando coisas? E, pior, coisas importantes? “Bom, não custa muito, acho que
vou manter”. “Pior vai ser passar lá. Todo dia não dá, talvez uma vez por mês”.
E se nesse ínterim
chegasse algo? Era uma tortura.
Que fazer?
Serra, terça-feira,
24 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
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