A
Escalada das Mulheres
O livro de J. Bronowski, A Escalada
do Homem, São Paulo, Martins Fontes/UnB, 1979 (original em inglês de 1973), é
uma celebração maravilhosa da aventura humana no planeta, saindo da mais
extrema miséria do conhecimento até as alturas vertiginosas do século passado,
que são só o começo de algo que pode ficar muito melhor, se soubermos conduzir
as coisas.
Altamente recomendável,
portanto.
Resultou da reunião de
uma série de palestras dele na BBC, a rede britânica de TV.
Jacob Bronowski (1908-1974) era matemático
inglês nascido na Polônia, e segundo a Barsa depois da devastação das bombas
atômicas no Japão passou a estudar a evolução cultural da humanidade. Como se
pode ver, morreu logo depois de terminada a série.
Note que ele fala de
“homem”, que para a geração dele e até mesmo agora significa “humanidade”, o
que deixa de fora 50 % dela, as mulheres. Desde faz bastante tempo uso
humanidade, ou seres humanos, e não homem, para falar do nosso conjunto
racional. É claro que as mulheres foram durante muito tempo excluídas de quase
tudo, porém agora estão, graças aos céus, muito mais participativas.
Então, se fosse feito um
livro em 2003, 30 anos passados, ele deveria ter o título de A Escalada da Humanidade, que foi,
evidentemente, excepcional, maravilhosa – restando muito ainda a conquistar.
Falando de crescimento
humano, quero aproveitar para me reportar especialmente à escalada das
mulheres, o tanto que elas já cresceram nos últimos 100 anos, desde a campanha
sufragista (pelo voto feminino) do começo do século XX, até esse começo de
século XXI, e as perspectivas que se abrem à nossa frente.
Só que, parece, ninguém
se preocupou em fazer tal levantamento isento (pois não se trata do separatismo
feminista, sendo todo “ismo” indicação de doença ou desequilíbrio humano), como
duplo valor feminino-masculino.
Porque, vamos e
venhamos, os homens éramos umas coisas lastimáveis há 80, 50, 20 anos atrás, e
ainda somos. Na medida em que as mulheres crescem, somos obrigados a mudar, a
crescer ainda mais, para ficar ao lado dela, como companheiros de valor e
dignidade compatível com as novas exigências delas e nossas.
Tal levantamento
exaustivo deve ser objetivo, sem fins propagandísticos, mas avaliando os pontos
em que aconteceram saltos qualitativos significativos, e aqueles onde há muita
luta pela frente. Um tal livro, A
Escalada das Mulheres, não pode ser sexista, porque é justamente o fim da
opressão que queremos, e o sexismo feminista só transforma uma ditadura em
outra.
Mas há tanto a falar!
Avaliar as figuras femininas (quem são), seus objetivos (para quê vivem e
trabalham), sua produção/economia, sua organização/sociologia, seu espaço e seu
tempo. Como vêem os indivíduos, as famílias, os grupos, as empresas, os
municípios/cidades, os estados, as nações e o mundo. A mudança de sua visão de
mundo, sua adesão firme e forte à proposta de construção ativa do planeta.
Milhões de temas, de perguntas e de respostas.
Logo de saída seria um
best-seller, um campeão universal de vendas, uma revolução total.
Vitória, sexta-feira, 19
de abril de 2002.
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