Friday, October 25, 2013

Cada Qual com Seu Cada Qual (da série Se Deixar Eu Conto...)


Cada Qual com Seu Cada Qual

 

Dona Cada Qual e seu Cada Qual iam a uma festa de gala. Como ela tinha pegado o sobrenome dele ficara conhecida como senhora Cada Qual e quando eram anunciados nas festas diziam senhora e senhor Cada Qual (no Brasil, e popularmente, senhor é “seu”).

No Brasil o sobrenome (o nome é o prenome, digamos João) vem do pai e do pai deste, o avô, linha patrilinear. Para todos na Terra é assim, mas entre os judeus será judeu quem tiver a mãe judia. Entre os espanhóis o nome do meio é que é do pai, o final é da mãe, digamos em Miguel de Cervantes Y Saavedra (conhecido como Cervantes, sobrenome do pai; Saavedra seria o da mãe). Entre os romanos a composição era diferente e muitos povos variavam, existindo aqueles para os quais o primeiro nome é que era o do pai.

No caso brasileiro a dona Cada Qual, Zíngara (cigana), tinha perdido o sobrenome da família de seu pai, adotando o do marido, do pai dele; o nome do pai dela tinha se perdido e só pela certidão é que se saberia traçar a linha matrilinear.

Pois os mórmons, da Igreja dos Santos dos Últimos dias vinha guardando bilhões de certidões debaixo de algum monte americano, sabe-se lá com que propósito.

No caso, intuí que a fusão da iniciativa dos mórmons com o maior conhecimento do mapeamento do genoma humano, agora verificável por mil dólares e daqui a pouco com uma ninharia, permitiria com ajuda dos supercomputadores traçar todo o rastro humano em toda a face do planeta, desde que os Santos aprimorassem seu trabalho e todos os seres humanos vivos (e mortos, até onde desse) fossem devidamente analisados.

Aqui, a senhora Cada Qual e o senhor Cada Qual iam ao baile de gala sem saber nadica disso, isto é, que Cada Qual passaria por uma revolução (até esgotante) no futuro, determinada a verdadeira rede de parentesco, quem esteve onde e quando, como numa grade, cujas linhas ou horizontes temporais ano a ano aceitassem nos escaninhos os parentescos reais. Com o refinamento matricial dessas combinações e a velocidade altíssima dos processadores logo teríamos uma notícia muito valiosa.

E Cada Qual sem saber de nada.

Serra, sexta-feira, 20 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

 

ANEXOS

A GENEALOGIA DOS ÚLTIMOS DIAS

26/12/2007 - 10h20
Igreja Mórmon guarda registros para pesquisa genealógica
Por Helena de Sousa Freitas (texto) e Paulo Carriço (foto), da Agência Lusa

Lisboa, 26 dez (Lusa) - A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Igreja Mórmon, tem em Portugal vinte centros de pesquisa que permitem a qualquer cidadão traçar árvores genealógicas até o século 16.

Abertos a todos e de acesso gratuito, os centros disponibilizam microfilmes com registros paroquiais de Portugal que permitem recuar cinco séculos e os únicos requisitos para proceder a uma busca são o tempo e a paciência.

Na capital portuguesa, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem o Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa, na Avenida Almirante Gago Coutinho, e um pólo em Benfica, mas existem outros locais de pesquisa de norte a sul do país, na Madeira e nos Açores.

"Quando o usuário da biblioteca a visita pela primeira vez, preenche um gráfico de linhagem onde coloca o seu nome, a freguesia, o concelho, o distrito e o país onde nasceu e a data de nascimento, dando as mesmas informações para os pais, avós e bisavós", explicou Justino Cardoso, diretor do centro, adiantando que essas informações servem de ponto de partida para a pesquisa.

Se a memória familiar não for suficiente para obter estes dados, é possível encontrá-los nas conservatórias do registro civil ou nos arquivos distritais, para onde a informação transita cem anos após o nascimento da pessoa e onde os voluntários da Igreja Mórmon fazem as microfilmagens, autorizadas por um acordo celebrado com o Estado.

"O Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa reúne de 600 a 700 microfilmes com registros paroquiais, podendo cada microfilme conter vários anos da mesma freguesia ou até de freguesias diferentes", acrescentou o responsável.

Os dados mais antigos remontam ao século 16, "pois foi por decisão do Concílio de Trento [realizado entre 1545 e 1563] que passou a ser obrigatório o registro de nascimento ou batismo, de casamento e de óbito de cada pessoa" - explicou Justino Cardoso à Agência Lusa.

Mesmo assim, existem lacunas nos registros portugueses e estrangeiros devido a vários fatores, caso de acontecimentos históricos, como a Revolução Francesa, e catástrofes naturais, como o terremoto que devastou Lisboa em 1755.

No acervo do Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa, a pesquisa é feita por local de nascimento, em uma sala de leitura com nove monitores, onde são visualizadas as imagens dos livros de registros paroquiais.

"Há quem venha cá apenas para saber mais sobre a própria família, mas também há quem recorra ao serviço porque está fazendo uma tese e precisa saber quantas pessoas nasceram, morreram e de que causas em determinado período", indicou o responsável, acrescentando que o espaço é freqüentado por "pessoas de todas as idades e todos os níveis, incluindo advogados, médicos e até ministros".

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ainda não filmou os registros paroquiais que estão na posse da Igreja Católica nas Dioceses de Lamego e Bragança, estando em fase de tratamento alguns registros relativos à parte norte do Distrito de Lisboa.
Fora estas exceções, "se não há microfilme, é porque não existe registro", assegurou Justino Cardoso, segundo quem "qualquer pessoa pode freqüentar a Biblioteca e ver os microfilmes gratuitamente, tendo apenas que pagar os portes se necessitar de um microfilme que tenha de ser requisitado aos serviços centrais, localizados em Salt Lake City, no estado norte-americano do Utah", onde está a biblioteca que reúne registros de quase todo o mundo, incluindo Portugal.
Justino Cardoso esclareceu ainda que "qualquer pessoa pode fazer pesquisa na biblioteca para vender a terceiros, mas a Igreja não tem parte nesses negócios nem lucra nada com isso".
A Biblioteca Genealógica de Lisboa começou a disponibilizar os microfilmes ao público nos anos oitenta e atualmente existem diversos outros Centros de História da Família em Portugal continental - Alverca, Braga, Beja, Coimbra, Faro, Leiria, Miratejo (Corroios), Oeiras, Ovar, Portimão, Porto (com dois pólos), Póvoa do Varzim, Setúbal, Viseu - e nas ilhas: Funchal, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.
Também é possível proceder a buscas através da Internet, no site www.familysearch.org, onde se lê que a Igreja Mórmon tem mais de 3.500 pontos de pesquisa no mundo.
O Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa é parte da Biblioteca de História da Família (Family History Library) que, por sua vez, integra a Sociedade Genealógica do Utah, que surgiu em 1894, financiada pela Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias.
A Sociedade começou a microfilmar em 1938 e já percorreu mais de 110 países através de uma rede que inclui centenas de pessoas especializadas em história, estudos das regiões, biblioteconomia, micrografia e vários idiomas. Cerca de 200 câmaras estão atualmente microfilmando registros em mais de 45 países.
Os microfilmes originais estão depositados nas Montanhas Rochosas, em Utah, em uma estrutura à prova de terremotos e de ataque nuclear, que a Igreja chama de "Cofre das Montanhas de Granito". O depósito guarda as películas sob 200 metros de granito, em uma atmosfera com temperatura e umidade controladas.
A coleção da Sociedade Genealógica do Utah inclui mais de 2,4 milhões de rolos de registros genealógicos microfilmados, 742 mil microfichas, 310 mil livros, fascículos e outros formatos, 4.500 periódicos e 700 recursos eletrônicos.
A página de internet alojada em www.familysearch.org informa ainda que a Sociedade Genealógica do Utah disponibiliza um Arquivo Ancestral com mais de 35 milhões de nomes ligados a famílias, um Índice Genealógico Internacional com mais de 125 milhões de nomes e um Arquivo de Recursos de Linhagem, que contém mais de 80 milhões de nomes, também ligados a famílias.
Em Portugal, além dos Centros da História da Família da Igreja Mórmon, é possível obter informação para construir uma árvore genealógica na Torre do Tombo, na Santa Casa da Misericórdia (devido à roda dos expostos) e nos arquivos militares.
Tópico
Cofre de Registros das Montanhas de Granito
A maior coleção de registros genealógicos do mundo está armazenada em um cofre de registros nas montanhas perto de Salt Lake City, Utah. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias construiu o Cofre de Registros das Montanhas de Granito em 1965 para preservar e proteger registros importantes da Igreja, inclusive sua vasta coleção de microfilmes de história da família.
Por razões de segurança, não é permitido o acesso público ao Cofre de Registros das Montanhas de Granito, mas clique aqui para assistir a uma apresentação em vídeo sobre o cofre.
O cofre guarda mais de 3.5 bilhões de imagens em microfilmes, microfichas e mídia digital. Atualmente, a Igreja está em processo de digitalização de microfilmes e disponibilizando esses registros digitais no site FamilySearch.org. Para saber mais sobre esse processo, veja este vídeo.
As imagens no Cofre de Registros das Montanhas de Granito são coletadas por meio de acordo com arquivos, bibliotecas e igrejas de mais de 100 países. Cópias desses registros são dadas sem custo ao guardião dos registros e, quando necessário, cópias adicionais são fornecidas para repor registros que se perderam em desastres naturais ou devido ao fogo. Clique aqui para assistir a história de como a Igreja foi capaz de repor os valiosos registros genealógicos em Niue, uma nação da Oceania, após um ciclone devastador.
Observação de Guia de Estilo: Em reportagens sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, favor utilizar o nome completo da Igreja na primeira referência. Para mais informações quanto ao uso do nome da Igreja, procure on-line por nosso guia de estilo.

COM-POSIÇÃO DOS NOMES

Sobrenome
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sobrenomeapelido ou nome de família é a porção do nome do indivíduo que está relacionada com a sua ascendência. Está intimamente ligado ao estudogenealógico.
Introdução
Na maioria das línguas indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de família) na forma de designar as pessoas. Em algumas culturas e idiomas (por exemplo em húngarovietnamitachinêsjaponês ou coreano), o sobrenome precede o prenome na ordem do nome completo.
Na maioria das culturas as pessoas têm apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. No entanto, em nomes de origem anglo-saxónica é comum a utilização de um nome do meio entre o nome próprio e o sobrenome, por vezes escolhendo o sobrenome materno para esse segundo nome próprio. Já na cultura lusófona é costume os filhos receberem um ou mais sobrenomes de ambos os progenitores. Também assim se procede na cultura hispânica, porém note-se que, enquanto na Lusofonia os sobrenomes maternos precedem os paternos na disposição final do nome completo, na Espanha e na América hispânica a ordem é a inversa. Em Portugal o número máximo de sobrenomes permitidos é quatro, o que permite o uso de sobrenome duplo quer materno, quer paterno, enquanto que em Espanha é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos por hífen, resultando na realidade em quatro. Já no Brasil e nos restantes países de língua portuguesa não existe essa limitação.
Em muitas culturas também é normal uma mulher assumir o sobrenome do marido após o casamento. Em Países como a França, a Alemanha e nos paísesanglo-saxónicos é normal a mulher "abdicar" do seu sobrenome de solteira (o chamado maiden name) e ficar apenas com o sobrenome do seu cônjuge. Nos últimos anos, porém, tem-se tornado algo frequente as mulheres estadunidenses apenas "acrescentarem" o apelido do marido ao seu nome de solteira ou hifenizarem ambos os sobrenomes (é o caso de Hillary Rodham Clinton).[1]
Em Espanha e em alguns países de língua espanhola a mulher costumava substituir o seu sobrenome materno pelo sobrenome do marido, precedido da preposição "de". Contudo, nas últimas décadas esta prática tem sido gradualmente abandonada.
Em Portugal a lei apenas obriga, ao registar-se um neófito, a que este receba um nome próprio, e um dos sobrenomes paternos, do pai, não necessariamente o último sobrenome do pai, pode ser até o da mãe do pai, ou sobrenome paterno do meio. Um segundo nome próprio, sobrenomes maternos, ou mais sobrenomes paternos, até ao número de quatro, são facultativos legalmente, ou seja, dependem da vontade dos pais.
A partir do final do século XIX apenas, e por influência da burguesia francesa, tornou-se algo comum as mulheres portuguesas acrescentarem o sobrenome (ou duplo sobrenome) do marido aos seus sobrenomes, sem no entanto perderem os seus próprios de solteira. Esta prática pode originar nomes extraordinariamente longos (dois nomes próprios ou em casos muito raros três, e até seis sobrenomes seguidos) ou causar situações como uma mulher chamada Maria Santos Silva casar com um homem chamado José Pereira Santos, passando o seu nome a ser Maria Santos Silva Santos. Note-se no entanto que a repetição na mulher de sobrenomes comuns aos noivos é legalmente facultativa em Portugal, e depende apenas do gosto da noiva. Assim por exemplo, geralmente esta Maria Santos Silva escolherá ao casar assinar-se oficialmente Maria Silva dos Santos, se Pereira for da sua sogra, ou Maria Silva Pereira dos Santos, se Pereira dos Santos for sobrenome duplo do marido. Pois a adoção do sobrenome do marido, note-se, nunca foi obrigatória em Portugal, é apenas facultada por lei perante a vontade expressa dos noivos nesse sentido. Inversamente, a lei permite à mulher divorciada guardar o sobrenome ou sobrenomes do ex-marido, se assim o entender, por exemplo, por já ser conhecida profissionalmente e não pretender por essa razão retirá-los, ou outra ainda - manter o mesmo sobrenome usado pelos seus filhos, por exemplo.
Actualmente uma nova tendência cultural entre as mulheres portuguesas está regressando ao velho costume português de manter os sobrenomes de solteira, não adoptando os do marido ao casar. Também não é incomum em Portugal uma mulher assumir o sobrenome do marido, mas não o usar, nem na sua vida profissional, nem na sua vida pessoal (veja-se o caso de Maria Barroso). Na lei atual, também é permitido os homens adotarem o sobrenome das esposas, ou cada um dos noivos adotar um sobrenome do outro em troca, embora este uso seja raro (ver António Pocinho).
Em países como o Japão, ao casar-se, um casal é obrigado a assumir um sobrenome em comum, e apesar de na maioria das vezes ser o do homem, o contrário também é socialmente aceito.
A prática das mulheres assumirem o sobrenome do marido é considerada por vezes sexista, devido ao seu aparente significado histórico — as mulheres deixariam de pertencer à família do pai para pertencerem à família do marido. Esta perspectiva pode ser no entanto contrariada, pelo menos no quadro da cultura lusófona, onde durante séculos — e até ao século XIX, pelo menos —, se manteve o costume matriarcal de as filhas tomarem os sobrenomes de suas mães, tias e avós, na generalidade dos casos, tanto entre a nobreza como entre o povo, reservando-se aos rapazes o uso dos sobrenomes dos seus pais, tios e avós (masculinos). E ainda o costume cruzado de o primeiro filho homem tomar o nome completo (prenome e sobrenome) do avô paterno, enquanto o segundo filho homem tomava o nome completo do avô materno; enquanto às raparigas se procedia dando à primeira o nome total da avó materna, à segunda o nome por inteiro da avó paterna, etc. Este singularização onomástica histórica de Portugal no quadro internacional explica-se pelas fundas raízes matriarcais da cultura celto-galaica, depois galaico-portuguesa, de que ele nasceu.
É interessante acrescentar que no Brasil, até o Código Civil de 2002, somente as mulheres poderiam adquirir o sobrenome do cônjuge. Após a nova edição do diploma legal, o marido passou também a poder acrescentar ao seu nome o sobrenome da mulher, cabendo ao casal esta decisão.
Patronímicos
Como os sobrenomes surgiram
Conhecer a origem dos sobrenomes poderá indicar de onde certa família descende, no que trabalhavam ou conhecer algumas características dos ancestrais dessa família.
Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os chineses. Algumas lendas sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou nomes de famílias, por volta de 2852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês "Po-Chia-Hsing". O nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então por último.
Na Antiga Roma tinham apenas um nome próprio. No entanto mais tarde passaram a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava"praenomen". Depois vinha o "nomem", que designava o clã. O último nome designava a família e é conhecido como "cognomen". Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o "agonomen", para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o Império Romano começou a decair, os nomes de família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se tornaram costume mais uma vez.
Formação e evolução dos sobrenomes em Portugal e no Império Português
Desde a Idade Média e até ao século XVIII, em algumas zonas rurais portuguesas as pessoas eram conhecidas pelo nome próprio, ao qual era acrescentado o patronímico, para os rapazes, e o matronímico, para as raparigas. Em casos mais raros, podiam os rapazes ser conhecidos pelo matronímico, por exemplo, se não tivessem pai, ou as raparigas pelo patronímico, no caso, por exemplo, de o pai ser de uma família mais distinta do que a da mãe. A partir do fim da Idade Média, numa lenta transição das urbes para o campo, e do litoral para o interior, os patronímicos tendem a fixar-se, transmitindo-se sempre o mesmo, já como sobrenome de uma dada família que o usa em comum.
Nos documentos oficiais em Portugal, por exemplo, na chancelaria régia portuguesa, os registos mencionam sempre o nome da pessoa, seguido do nome do pai dela, de forma a impedir confusões entre homónimos.
A necessidade de adicionar outro nome para distinguir as pessoas de mesmo nome veio a partir de certa altura a ganhar popularidade. Então elas passaram a adicionar ao nome que declaravam, ou que assinavam, o apelido (sinónimo em português de alcunha) por que os outros as distinguiam, ou então a sua terra de origem, por exemplo. Assim, o João Anes, filho do ferreiro, se diria João Anes Ferreiro, podendo passar essa alcunha/apelido aos seus descendentes. O filho de João Anes, de Guimarães, que passasse a residir em Barcelos, dir-se-ia João Anes de Guimarães. Este processo é paralelo e análogo ao da nobreza, que em muitos conhecidos se assina pelo nome das terras de senhorio da respectiva família (João Anes de Sousa, ou seja: João, filho de João, senhor ou dono das Terras de Sousa), ou Afonso Vaz Correia (Afonso, filho de Vasco, da linhagem tornada conhecida pelo epíteto/alcunha/apelido Correia).
Assim há dois tipos básicos de sobrenomes, os que eram dados, ou chamados pelos de fora a alguém, para o distinguir (apelido, o mesmo que alcunha), e aqueles que são escolhidos pelo próprio para se afirmar, ou distinguir perante os outros (toponímicos).
No século XI, época da Revolução Urbana na Europa, com a explosão da população nas até então pequenas cidades medievais, pouco mais do que aldeias, o uso de um segundo nome se tornou tão comum nessas urbes subitamente crescidas, e onde as pessoas passaram a ter mais dificuldade em conhecerem-se todas, que em alguns lugares era mal considerado não se ter um sobrenome. Mas mesmo tendo sido este fenómeno o começo para todos os sobrenomes que existem atualmente, grande parte dos nomes usado nas Idades Média e Moderna não tem a ver com a família, isto é, nenhum era obrigatoriamentehereditário, até à implantação do registo civil com força de lei em Portugal, no ano de 1911. Note-se que até ao século XVII nem sequer a Família Real dispunha de sobrenome, sendo apenas os seus membros tratados pelos seus nomes próprios e seus respectivos títulos distintivos.
Até 1911, com efeito, a adopção dos sobrenomes era liberal, isto é, as pessoas eram apenas batizadas com o nome próprio, e escolhiam livremente mudar esse nome próprio ao entrar na adolescência, época em que recebiam o sacramento do Crisma, considerado um novo batismo, e que permitia, e permite, mudar o nome próprio, ou acrescentar-lhe outro. Até 1911, pois, por conselho da família ou vontade própria, o crismado escolhia qual ou quais os sobrenomes de família que iria assinar como adulto. Esses registos eram exclusivamente os da Igreja Católica, que serviam oficialmente quando preciso na vida civil.
No século XIV é adotada em Portugal a língua portuguesa para os registos oficiais, abandonando-se o latim bárbaro até então utilizado para esse efeito. Isto paralelamente a outras nações europeias, onde pelos anos de 1370 já se encontra a palavra "sobrenome" em documentos, nas respectivas línguas locais. Mas sobrenome significando ainda e apenas, então, um segundo nome mais distintivo, livremente atribuído ou escolhido, não necessariamente transmissível. Ou seja, não o sobrenome no sentido contemporâneo do termo.
À medida que os governantes passaram a usar cada vez mais documentos escritos e a deixar registrados seus atos legais, foi-se tornando mais importante identificar com exatidão as gentes. Em algumas comunidades nos centros urbanos, os nomes próprios eram insuficientes para distinguir as pessoas. No campo, com o direito de sucessão hereditária de terras, era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da terra, para que os filhos ou parentes pudessem adquirir a herança, já que qualquer pessoa com o mesmo nome poderia tentar se passar por filho. Acredita-se que na Europa, só depois de terminado o século XIX, a maior parte das pessoas de qualquer nível social tinha um sobrenome, ou sobrenomes, hereditários, fixos nalguns casos. Fora da cultura lusófona, este sobrenome tendia a ser patrilinear, único, e identificava a família como primado de identidade masculina, provendo assim uma ligação com o passado, e preservando sua identidade no futuro.
No mundo fora da Lusofonia não é surpresa o fato de que antigamente a prioridade das famílias mais importantes fosse ter filhos homens, para manter o nome, afinal, os filhos homens eram quem passava o sobrenome para as novas gerações, e por essa razão era desgostoso para uma família não ter nenhumdescendente masculino. Já em Portugal vigorava o conceito de casa, tanto entre a nobreza quanto entre o povo, constituído pela noção de património familiar comum partilhado, no qual, na ausência de varões, sucediam as mulheres como senhoras da casa, que em muitos casos transmitiram, e transmitem ainda, esse sobrenome da casa à sua descendência. É o chamado sistema misto. Este costume português explica porque é que atualmente são raríssimas, se é que ainda existem, as famílias portuguesas, ou de origem portuguesa, que mantenham a varonia do sobrenome, ou sobrenomes usados na atualidade. Ao contrário da França, por exemplo, aonde se sabe que as famílias se consideram extintas na falta de homens que lhes transmitam o nome, em Portugal elas sobreviveram, bem como o uso dos sobrenomes antigos, através da transmissão por via feminina.
Além disto, convém ainda ter em conta que durante a profunda vivência religiosa dos tempos antigos, a noção de parentesco e de família, mais do que carnal, era considerada espiritual, pelo que as pessoas com larga vivência comum numa mesma casa, aonde a família se considerava constituída por amos, parentes, filhos, criados, e até os escravos, todos podiam ser conhecidos pelo sobrenome principal da casa, mesmo os escravos baptizados, que recebiam no baptismo os nomes e sobrenomes dos seus senhores. E o parentesco espiritual era tão forte que, por exemplo, padrinhos eram considerados como pais dos seus afilhados, impedidos de casar, por exemplo, etc. Assim, muitas vezes os afilhados, sobretudo quando herdavam dos padrinhos, tomavam os seus sobrenomes, especialmente se estes fossem seus parentes, mesmo que remotos, sem outra razão para tal que não fosse manter um mesmo sobrenome ligado aos mesmos bens transmitidos. Este aspecto esteve mesmo muitas vezes consignado nas escrituras de instituição de vínculos temporais, em que os instituidores obrigavam todos os sucessores a usarem o sobrenome ligado aos bens, o que explica o costume formado em Portugal de utilização oficial de cada vez mais sobrenomes, de maneira a não poder perder esses bens que tinham essa cláusula.
Formação e adoção dos sobrenomes noutros países europeus
Noutros países, o processo foi muito distinto. Parece que o uso moderno dos nomes hereditários é uma prática que se originou na aristocracia comercial veneziana durante as Cruzadas, na Itália, por volta do século X ou XI. Muitos desses nomes italianos usados eram, porém, não os de uma família de sangue, mas sim de uma família corporativa, ou seja, um nome comum para todos os membros de um sindicato comercial, e respectivos familiares, unidos pelo negócio, e não pela biologia. Outros viajantes, voltando da Terra Santa e passando pelos portos da Itália, tomaram nota deste costume e o espalharam muito lenta e gradualmente pelo resto da Europa Ocidental, nas zonas litorâneas urbanas por onde passava a navegação de cabotagem. Por exemplo, no começo dos séculos XV e XVI os nomes de família ganharam popularidade na Polônia e na Rússia. Os países escandinavos, amarrados ao seu costume de usar o nome do pai como segundo nome, não usaram nomes de família antes do século XIX, e na Islândia - país com pequena população - até a atualidade se mantém este uso. A Turquia esperou até 1933, quando o governo forçou a prática de sobrenomes a ser adotada em seu povo.
Os sobrenomes foram primeiramente usados pela nobreza e ricos latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram adotados por comerciantes eplebeus. Os primeiros nomes que permaneceram foram aqueles de barões e latifundiários, que receberam seus nomes a partir de seus feudos ou propriedades. Estes nomes se fixaram através da hereditariedade destas terras. Para os membros da classe média e trabalhadores, como as práticas da nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes, levando a prática ao uso comum.
É uma tarefa complicada classificar os nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar dos anos. Muitas palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou atualmente estão obsoletas. Muitos nomes de família dependeram da competência e discrição de quem os escreveu no registro. O mesmo nome pode muitas vezes estar escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento só.
Formação dos sobrenomes ou apelidos em geral
Os nomes de família chegaram até nós de diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluiu de cinco fontes principais:
Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiroalfaiate, chamar-se-ia em inglês, respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais comuns. Toda vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners (jardineiros), Fishers (pescadores), Burke ou Burgie (tem a ver com castelos ou fortes), Hunters (caçadores), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer relação com os Millers de outra vila.
Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Pode-se dizer que, em inglês, um sobrenome deriva de um local quando, por exemplo, termina em:
§  -hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;
§  -ford (um leito de rio);
§  -wood (floresta, bosque);
§  -brook (arroio, ribeiro);
§  -well (poço).
Alguns nomes portugueses são derivados de nomes estrangeiros de localidade. Por exemplo, Dutra teria vindo do holandês 'van Utrecht'.
Patronímico e matronímico: Muitos sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai ou da mãe; por exemplo, "Esteves" significa "filho de Estêvão". Mas também Joana Fernanda significava Joana, filha de Fernanda, assim como André João significou André, filho de João, e José Mariano quis dizer José, filho de Maria. Alguns dos patronímicos e matronímicos são cursivados, [1][2] e se passará a chamar Joana Fernandes ou André Eanes aos mesmos dois exemplos referidos atrás, processo sempre iniciado no litoral, e mais tardio no interior português ou no interior colonial. Os sufixos (ou prefixos) dos patronímicos variam de país para país:
§  Alemanha: -sen; -mann. Exemplos: Jansen, Petersen, Hansen, Hartmann, Lehmann, Kaufmann
§  Armênia: -ian. Exemplos: Aracy Balabanian, e Stepan Nercessian atores armenos-brasileiros; ou Cherilyn Sarkisian, nome da atriz norte-americanaCher.
§  Bulgária: -ov (masc.); -ova (fem.). Exemplos: Stoyanov(a).
§  Dinamarca: -sen. Exemplos: Olsen, Petersen.
§  Escócia: Mc-; Mac-. Exemplos: McNamara, MacMillan.
§  Espanha: -ez. Exemplos: Fernández, Méndez.
§  Finlândia: -nen. Exemplos: Virtanen, Salonen, Häkkinen.
§  França: -t. Exemplo: Martinet. Como o ator e dublador estadunidense Charles Martinet
§  Geórgia: -dze; -shvili. Exemplos: Makharadze, Saakashvili, Gabashvili.
§  Grécia: -poulos. Exemplos: Tatopoulos, Papadopoulos.
§  Hungria: -yi. Exemplo: Simonyi.
§  Inglaterra: -son. Exemplos: Johnson, Williamson.
§  Irlanda: Mc-; Mac-; O'-. Exemplos: McNaughton, MacNamara, O'Neil.
§  Islândia: -sson (masc.); -dóttir (fem.). Exemplos: Danielsson, Davíðsdóttir.
§  Itália: -i. Exemplos: Puchetti, Leonardi, Lorenzi, Benhossi.
§  Moldávia e Romênia: -escu. Exemplos: Filipescu, Popescu.
§  Normandia: Fitz-. Exemplos: Fitzgerald, Fitzpatrick.
§  Noruega: -sen. Exemplos: Sörensen, Jakobsen, Mortensen.
§  País Basco: -ena. Exemplos: Hernandorena, Michelena (Mitxelena).
§  País de Gales: Ap-, Up-, -s. Exemplo: Apjohn, Upjohn, Updike, Roberts, Williams.
§  Países Baixos: -ssen. Exemplo: Janssen.
§  Países Catalães: -is; -es. Exemplo: Vives.
§  Polônia: -wicz; -ski. Exemplos: Marcinkiewicz, Kowalski.
§  Portugal: -(e)s. Exemplos: Simões (filho de Simão); Guimarães (filho de Guímaro, ou Vímara); Fernandes (filho de Fernando); Henriques (filho de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins (filho de Martim); Rodrigues (filho de Rodrigo).
§  Rússia: -ov, -ev (masc.); -ova, -ovna (fem.); -vitch. Exemplos: Ivanov(a), Petrovich.
§  Sérvia: -ić. Exemplos: Petrović; Petković; Milošević.
§  Suécia: -sson. Exemplos: Petersson, Gustafsson.
§  Ucrânia: -enko. Exemplo: Timoshenko.
Na Normandia, John, filho de Randolph, ficaria John fitz-Randolph. Na Escócia, os descendentes, por exemplo, de Gilleain eram conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc, como McClean, McLane, McCann, McDaudt, etc.
Apesar do nome patronímico ter sido usado por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como "John Williamson", mas o filho dele teria como sobrenome "Johnson", por ser filho (son) do John.
Característica: um homem muito baixo poderia ser chamado, em inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande poderia ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas pessoas que tinham características de um animal receberiam dele o nome, como por exemplo, uma pessoa travessa, astúcia, poderia ser chamada de Fox (raposa); Um bom nadador, de Fish (peixe); um homem quieto, Dove (pombo) e assim por diante. Os sobrenomes que são normalmente engraçados, alguns surpreendentes e por vezes até embaraçosos, são os nomes que provêm das características. Nem sempre se pode levar a sério o significado de um sobrenome comparando com os valores de hoje em dia, pois o significado das palavras mudou durante centenas de anos. Diante do sobrenome inglês "Stout", pode-se interpretar que o titular deste sobrenome era gordo, forte ou então decidido, resoluto. Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o sobrenome inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de alguém que morou ou trabalhou onde se toca o sino, quanto alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente de alguma Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo no qual a palavra "bel" significa beleza, correspondendo então a alguém muito bonito.
Religião: nos países em que a religião mais influente é a cristã, é habitual o uso de designações religiosas nos apelidos. Exemplos: Aleluia, Anjos, Assunção, Baptista, Espírito Santo, Graça, Luz, Jesus, Santos, Trindade.
Pesquisa Genealógica e a origem dos sobrenomes
Uma das ciências auxiliares da História, a Genealogia está intimamente ligada aos sobrenomes. A busca pela origem dos nomes das famílias é uma das formas de obtenção dos registros que permitem conhecer a árvore genealógica de uma pessoa, bem como dados importantes sobre a origem de sua parentela.
internet revolucionou a pesquisa genealógica, reunindo recursos que diminuíram muito o tempo necessário para construir uma árvore de ancestrais. Tecnologias como as redes sociais são empregadas de forma a facilitar a busca por pessoas distantes que tenham o mesmo sobrenome, parentes esquecidos, perdidos ou por registros relevantes.

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