Cada Qual com Seu
Cada Qual
Dona Cada Qual e
seu Cada Qual iam a uma festa de gala. Como ela tinha pegado o sobrenome dele
ficara conhecida como senhora Cada Qual e quando eram anunciados nas festas diziam
senhora e senhor Cada Qual (no Brasil, e popularmente, senhor é “seu”).
No Brasil o
sobrenome (o nome é o prenome, digamos João) vem do pai e do pai deste, o avô,
linha patrilinear. Para todos na Terra é assim, mas entre os judeus será judeu
quem tiver a mãe judia. Entre os espanhóis o nome do meio é que é do pai, o
final é da mãe, digamos em Miguel de Cervantes Y Saavedra (conhecido como
Cervantes, sobrenome do pai; Saavedra seria o da mãe). Entre os romanos a
composição era diferente e muitos povos variavam, existindo aqueles para os
quais o primeiro nome é que era o do pai.
No caso brasileiro
a dona Cada Qual, Zíngara (cigana), tinha perdido o sobrenome da família de seu
pai, adotando o do marido, do pai dele; o nome do pai dela tinha se perdido e
só pela certidão é que se saberia traçar a linha matrilinear.
Pois os mórmons, da
Igreja dos Santos dos Últimos dias vinha guardando bilhões de certidões debaixo
de algum monte americano, sabe-se lá com que propósito.
No caso, intuí que
a fusão da iniciativa dos mórmons com o maior conhecimento do mapeamento do
genoma humano, agora verificável por mil dólares e daqui a pouco com uma
ninharia, permitiria com ajuda dos supercomputadores traçar todo o rastro
humano em toda a face do planeta, desde que os Santos aprimorassem seu trabalho
e todos os seres humanos vivos (e mortos, até onde desse) fossem devidamente
analisados.
Aqui, a senhora
Cada Qual e o senhor Cada Qual iam ao baile de gala sem saber nadica disso,
isto é, que Cada Qual passaria por uma revolução (até esgotante) no futuro,
determinada a verdadeira rede de parentesco, quem esteve onde e quando, como
numa grade, cujas linhas ou horizontes temporais ano a ano aceitassem nos
escaninhos os parentescos reais. Com o refinamento matricial dessas combinações
e a velocidade altíssima dos processadores logo teríamos uma notícia muito
valiosa.
E Cada Qual sem
saber de nada.
Serra, sexta-feira,
20 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
ANEXOS
A GENEALOGIA DOS ÚLTIMOS DIAS
26/12/2007 - 10h20
Igreja Mórmon guarda registros para pesquisa genealógica
Por Helena de Sousa Freitas (texto) e Paulo Carriço (foto), da
Agência Lusa
Lisboa, 26 dez (Lusa) - A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Igreja Mórmon, tem em Portugal vinte centros de pesquisa que permitem a qualquer cidadão traçar árvores genealógicas até o século 16. Abertos a todos e de acesso gratuito, os centros disponibilizam microfilmes com registros paroquiais de Portugal que permitem recuar cinco séculos e os únicos requisitos para proceder a uma busca são o tempo e a paciência. Na capital portuguesa, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem o Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa, na Avenida Almirante Gago Coutinho, e um pólo em Benfica, mas existem outros locais de pesquisa de norte a sul do país, na Madeira e nos Açores. "Quando o usuário da biblioteca a visita pela primeira vez, preenche um gráfico de linhagem onde coloca o seu nome, a freguesia, o concelho, o distrito e o país onde nasceu e a data de nascimento, dando as mesmas informações para os pais, avós e bisavós", explicou Justino Cardoso, diretor do centro, adiantando que essas informações servem de ponto de partida para a pesquisa. Se a memória familiar não for suficiente para obter estes dados, é possível encontrá-los nas conservatórias do registro civil ou nos arquivos distritais, para onde a informação transita cem anos após o nascimento da pessoa e onde os voluntários da Igreja Mórmon fazem as microfilmagens, autorizadas por um acordo celebrado com o Estado. "O Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa reúne de 600 a 700 microfilmes com registros paroquiais, podendo cada microfilme conter vários anos da mesma freguesia ou até de freguesias diferentes", acrescentou o responsável. Os dados mais antigos remontam ao século 16, "pois foi por decisão do Concílio de Trento [realizado entre 1545 e 1563] que passou a ser obrigatório o registro de nascimento ou batismo, de casamento e de óbito de cada pessoa" - explicou Justino Cardoso à Agência Lusa. Mesmo assim, existem lacunas nos registros portugueses e estrangeiros devido a vários fatores, caso de acontecimentos históricos, como a Revolução Francesa, e catástrofes naturais, como o terremoto que devastou Lisboa em 1755. No acervo do Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa, a pesquisa é feita por local de nascimento, em uma sala de leitura com nove monitores, onde são visualizadas as imagens dos livros de registros paroquiais. "Há quem venha cá apenas para saber mais sobre a própria família, mas também há quem recorra ao serviço porque está fazendo uma tese e precisa saber quantas pessoas nasceram, morreram e de que causas em determinado período", indicou o responsável, acrescentando que o espaço é freqüentado por "pessoas de todas as idades e todos os níveis, incluindo advogados, médicos e até ministros". A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ainda não filmou os registros paroquiais que estão na posse da Igreja Católica nas Dioceses de Lamego e Bragança, estando em fase de tratamento alguns registros relativos à parte norte do Distrito de Lisboa. Fora estas exceções, "se não há microfilme, é porque não existe registro", assegurou Justino Cardoso, segundo quem "qualquer pessoa pode freqüentar a Biblioteca e ver os microfilmes gratuitamente, tendo apenas que pagar os portes se necessitar de um microfilme que tenha de ser requisitado aos serviços centrais, localizados em Salt Lake City, no estado norte-americano do Utah", onde está a biblioteca que reúne registros de quase todo o mundo, incluindo Portugal. Justino Cardoso esclareceu ainda que "qualquer pessoa pode fazer pesquisa na biblioteca para vender a terceiros, mas a Igreja não tem parte nesses negócios nem lucra nada com isso". A Biblioteca Genealógica de Lisboa começou a disponibilizar os microfilmes ao público nos anos oitenta e atualmente existem diversos outros Centros de História da Família em Portugal continental - Alverca, Braga, Beja, Coimbra, Faro, Leiria, Miratejo (Corroios), Oeiras, Ovar, Portimão, Porto (com dois pólos), Póvoa do Varzim, Setúbal, Viseu - e nas ilhas: Funchal, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo. Também é possível proceder a buscas através da Internet, no site www.familysearch.org, onde se lê que a Igreja Mórmon tem mais de 3.500 pontos de pesquisa no mundo. O Centro da História da Família - Biblioteca Genealógica de Lisboa é parte da Biblioteca de História da Família (Family History Library) que, por sua vez, integra a Sociedade Genealógica do Utah, que surgiu em 1894, financiada pela Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias. A Sociedade começou a microfilmar em 1938 e já percorreu mais de 110 países através de uma rede que inclui centenas de pessoas especializadas em história, estudos das regiões, biblioteconomia, micrografia e vários idiomas. Cerca de 200 câmaras estão atualmente microfilmando registros em mais de 45 países. Os microfilmes originais estão depositados nas Montanhas Rochosas, em Utah, em uma estrutura à prova de terremotos e de ataque nuclear, que a Igreja chama de "Cofre das Montanhas de Granito". O depósito guarda as películas sob 200 metros de granito, em uma atmosfera com temperatura e umidade controladas. A coleção da Sociedade Genealógica do Utah inclui mais de 2,4 milhões de rolos de registros genealógicos microfilmados, 742 mil microfichas, 310 mil livros, fascículos e outros formatos, 4.500 periódicos e 700 recursos eletrônicos. A página de internet alojada em www.familysearch.org informa ainda que a Sociedade Genealógica do Utah disponibiliza um Arquivo Ancestral com mais de 35 milhões de nomes ligados a famílias, um Índice Genealógico Internacional com mais de 125 milhões de nomes e um Arquivo de Recursos de Linhagem, que contém mais de 80 milhões de nomes, também ligados a famílias. Em Portugal, além dos Centros da História da Família da Igreja Mórmon, é possível obter informação para construir uma árvore genealógica na Torre do Tombo, na Santa Casa da Misericórdia (devido à roda dos expostos) e nos arquivos militares. |
Tópico
Cofre de Registros das Montanhas de Granito
A maior coleção de
registros genealógicos do mundo está armazenada em um cofre de registros nas
montanhas perto de Salt Lake City, Utah. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias construiu o Cofre de Registros das Montanhas de Granito em
1965 para preservar e proteger registros importantes da Igreja, inclusive sua
vasta coleção de microfilmes de história da família.
Por razões de
segurança, não é permitido o acesso público ao Cofre de Registros das
Montanhas de Granito, mas clique aqui para assistir a uma apresentação em
vídeo sobre o cofre.
O cofre guarda mais
de 3.5 bilhões de imagens em microfilmes, microfichas e mídia digital.
Atualmente, a Igreja está em processo de digitalização de microfilmes e
disponibilizando esses registros digitais no site FamilySearch.org. Para saber mais
sobre esse processo, veja este vídeo.
As imagens no Cofre
de Registros das Montanhas de Granito são coletadas por meio de acordo com
arquivos, bibliotecas e igrejas de mais de 100 países. Cópias desses
registros são dadas sem custo ao guardião dos registros e, quando necessário,
cópias adicionais são fornecidas para repor registros que se perderam em
desastres naturais ou devido ao fogo. Clique aqui para assistir a história de
como a Igreja foi capaz de repor os valiosos registros genealógicos em Niue,
uma nação da Oceania, após um ciclone devastador.
Observação de
Guia de Estilo: Em reportagens sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, favor utilizar o nome completo da Igreja na primeira
referência. Para mais informações quanto ao uso do nome da Igreja, procure
on-line por nosso guia de estilo.
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COM-POSIÇÃO DOS NOMES
Sobrenome
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sobrenome, apelido ou nome de
família é a porção do nome do
indivíduo que está relacionada com a sua ascendência. Está intimamente ligado ao estudogenealógico.
Introdução
Na maioria das línguas
indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de
família) na forma de designar as pessoas. Em algumas culturas e idiomas (por
exemplo em húngaro, vietnamita, chinês, japonês ou coreano), o sobrenome precede o prenome na
ordem do nome completo.
Na maioria das culturas as pessoas têm
apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. No entanto, em nomes de
origem anglo-saxónica é comum a utilização de um nome do meio entre o nome próprio e o
sobrenome, por vezes escolhendo o sobrenome materno para esse segundo nome
próprio. Já na cultura lusófona é costume os filhos receberem
um ou mais sobrenomes de ambos os progenitores. Também assim se procede na
cultura hispânica, porém
note-se que, enquanto na Lusofonia os
sobrenomes maternos precedem os paternos na disposição final do nome
completo, na Espanha e na América hispânica a
ordem é a inversa. Em Portugal o número máximo de sobrenomes permitidos é
quatro, o que permite o uso de sobrenome duplo quer materno, quer paterno,
enquanto que em Espanha é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos
por hífen, resultando na realidade em quatro. Já no Brasil e nos restantes
países de língua portuguesa não existe essa limitação.
Em muitas culturas também é normal uma
mulher assumir o sobrenome do marido após o casamento. Em Países como a França, a Alemanha e nos paísesanglo-saxónicos é normal a mulher
"abdicar" do seu sobrenome de solteira (o chamado maiden
name) e ficar apenas com o sobrenome do seu cônjuge. Nos últimos anos,
porém, tem-se tornado algo frequente as mulheres estadunidenses apenas
"acrescentarem" o apelido do marido ao seu nome de solteira ou
hifenizarem ambos os sobrenomes (é o caso de Hillary Rodham
Clinton).[1]
Em Espanha e em alguns países de língua espanhola a
mulher costumava substituir o seu sobrenome materno pelo sobrenome do marido,
precedido da preposição "de". Contudo, nas últimas décadas esta
prática tem sido gradualmente abandonada.
Em Portugal a lei apenas obriga, ao
registar-se um neófito, a que
este receba um nome próprio, e um dos sobrenomes paternos, do pai, não
necessariamente o último sobrenome do pai, pode ser até o da mãe do pai, ou
sobrenome paterno do meio. Um segundo nome próprio, sobrenomes maternos, ou
mais sobrenomes paternos, até ao número de quatro, são facultativos
legalmente, ou seja, dependem da vontade dos pais.
A partir do final do século XIX apenas, e por influência da
burguesia francesa, tornou-se algo comum as mulheres portuguesas
acrescentarem o sobrenome (ou duplo sobrenome) do marido aos seus sobrenomes,
sem no entanto perderem os seus próprios de solteira. Esta prática pode
originar nomes extraordinariamente longos (dois nomes próprios ou em casos
muito raros três, e até seis sobrenomes seguidos) ou causar situações como
uma mulher chamada Maria Santos Silva casar com um homem
chamado José Pereira Santos, passando o seu nome a ser Maria
Santos Silva Santos. Note-se no entanto que a repetição na mulher de
sobrenomes comuns aos noivos é legalmente facultativa em Portugal, e depende
apenas do gosto da noiva. Assim por exemplo,
geralmente esta Maria Santos Silva escolherá ao casar assinar-se oficialmente
Maria Silva dos Santos, se Pereira for da sua sogra, ou Maria Silva Pereira
dos Santos, se Pereira dos Santos for sobrenome duplo do marido. Pois a
adoção do sobrenome do marido, note-se, nunca foi obrigatória em Portugal, é
apenas facultada por lei perante a vontade expressa dos noivos nesse sentido.
Inversamente, a lei permite à mulher divorciada guardar o sobrenome ou
sobrenomes do ex-marido, se assim o entender, por exemplo, por já ser
conhecida profissionalmente e não pretender por essa razão retirá-los, ou
outra ainda - manter o mesmo sobrenome usado pelos seus filhos, por exemplo.
Actualmente uma nova tendência cultural
entre as mulheres portuguesas está regressando ao velho costume português de
manter os sobrenomes de solteira, não adoptando os do marido ao casar. Também
não é incomum em Portugal uma mulher assumir o sobrenome do marido, mas não o
usar, nem na sua vida profissional, nem na sua vida pessoal (veja-se o caso
de Maria Barroso).
Na lei atual, também é permitido os homens adotarem o sobrenome das esposas,
ou cada um dos noivos adotar um sobrenome do outro em troca, embora este uso
seja raro (ver António Pocinho).
Em países como o Japão, ao casar-se, um casal é obrigado a assumir
um sobrenome em comum, e apesar de na maioria das vezes ser o do homem, o
contrário também é socialmente aceito.
A prática das mulheres assumirem o
sobrenome do marido é considerada por vezes sexista, devido ao seu aparente
significado histórico — as mulheres deixariam de pertencer à família do pai
para pertencerem à família do marido. Esta perspectiva pode ser no entanto
contrariada, pelo menos no quadro da cultura lusófona, onde durante séculos — e até ao
século XIX, pelo menos —, se manteve o costume matriarcal de as filhas
tomarem os sobrenomes de suas mães, tias e avós, na generalidade dos casos,
tanto entre a nobreza como entre o povo, reservando-se aos rapazes o uso dos
sobrenomes dos seus pais, tios e avós (masculinos). E ainda o costume cruzado
de o primeiro filho homem tomar o nome completo (prenome e sobrenome) do avô
paterno, enquanto o segundo filho homem tomava o nome completo do avô
materno; enquanto às raparigas se procedia dando à primeira o nome total da
avó materna, à segunda o nome por inteiro da avó paterna, etc. Este
singularização onomástica histórica de Portugal no quadro internacional
explica-se pelas fundas raízes matriarcais da cultura celto-galaica, depois galaico-portuguesa, de que ele nasceu.
É interessante acrescentar que no Brasil,
até o Código Civil de 2002, somente as mulheres poderiam adquirir o sobrenome
do cônjuge. Após a nova edição do diploma legal, o marido passou também a
poder acrescentar ao seu nome o sobrenome da mulher, cabendo ao casal esta
decisão.
Patronímicos
Como os
sobrenomes surgiram
Conhecer a origem dos sobrenomes poderá
indicar de onde certa família descende,
no que trabalhavam ou conhecer algumas características dos ancestrais dessa
família.
Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram
os chineses. Algumas lendas sugerem que o Império
Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou nomes de famílias, por
volta de 2852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que
vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês
"Po-Chia-Hsing". O nome de família vinha em seguida, tirado de um
poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então
por último.
Na Antiga Roma tinham apenas um nome próprio. No entanto mais tarde passaram
a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava"praenomen". Depois vinha o "nomem",
que designava o clã. O último nome designava
a família e é conhecido como "cognomen". Alguns romanos
acrescentavam um quarto nome, o "agonomen", para
comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o Império Romano começou a decair, os
nomes de família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se tornaram
costume mais uma vez.
Formação e evolução dos sobrenomes em
Portugal e no Império Português
Desde a Idade Média e até ao século XVIII, em
algumas zonas rurais portuguesas as pessoas eram conhecidas pelo nome
próprio, ao qual era acrescentado o patronímico, para os rapazes, e o matronímico, para as raparigas. Em casos
mais raros, podiam os rapazes ser conhecidos pelo matronímico, por exemplo,
se não tivessem pai, ou as raparigas pelo patronímico, no caso, por exemplo,
de o pai ser de uma família mais distinta do que a da mãe. A partir do fim da
Idade Média, numa lenta transição das urbes para o campo, e do litoral para o
interior, os patronímicos tendem a fixar-se, transmitindo-se sempre o mesmo,
já como sobrenome de uma dada família que o usa em comum.
Nos documentos oficiais em Portugal, por
exemplo, na chancelaria régia portuguesa, os registos mencionam sempre o nome
da pessoa, seguido do nome do pai dela, de forma a impedir confusões entre
homónimos.
A necessidade de adicionar outro nome para
distinguir as pessoas de mesmo nome veio a partir de certa altura a ganhar
popularidade. Então elas passaram a adicionar ao nome que declaravam, ou que
assinavam, o apelido (sinónimo em português de alcunha) por que os outros as
distinguiam, ou então a sua terra de origem, por exemplo. Assim, o João Anes,
filho do ferreiro, se diria João Anes Ferreiro, podendo passar essa
alcunha/apelido aos seus descendentes. O filho de João Anes, de Guimarães,
que passasse a residir em Barcelos, dir-se-ia João Anes de Guimarães. Este
processo é paralelo e análogo ao da nobreza, que em muitos conhecidos se assina
pelo nome das terras de senhorio da respectiva família (João Anes de Sousa,
ou seja: João, filho de João, senhor ou dono das Terras de Sousa), ou Afonso
Vaz Correia (Afonso, filho de Vasco, da linhagem tornada conhecida pelo
epíteto/alcunha/apelido Correia).
Assim há dois tipos básicos de sobrenomes,
os que eram dados, ou chamados pelos de fora a alguém, para o distinguir
(apelido, o mesmo que alcunha), e aqueles que são escolhidos pelo próprio
para se afirmar, ou distinguir perante os outros (toponímicos).
No século XI, época da Revolução Urbana na Europa, com a explosão da população nas até
então pequenas cidades medievais, pouco mais do que aldeias, o uso de um
segundo nome se tornou tão comum nessas urbes subitamente crescidas, e onde
as pessoas passaram a ter mais dificuldade em conhecerem-se todas, que em
alguns lugares era mal considerado não se ter um sobrenome. Mas mesmo tendo
sido este fenómeno o começo para todos os sobrenomes que existem atualmente,
grande parte dos nomes usado nas Idades Média e Moderna não tem a ver com a
família, isto é, nenhum era obrigatoriamentehereditário, até à implantação do registo
civil com força de lei em Portugal, no ano de 1911.
Note-se que até ao século XVII nem sequer a Família Real dispunha de
sobrenome, sendo apenas os seus membros tratados pelos seus nomes próprios e
seus respectivos títulos distintivos.
Até 1911, com efeito, a adopção dos sobrenomes
era liberal, isto é, as pessoas eram apenas batizadas com o nome próprio, e
escolhiam livremente mudar esse nome próprio ao entrar na adolescência, época
em que recebiam o sacramento do Crisma, considerado um novo batismo, e que
permitia, e permite, mudar o nome próprio, ou acrescentar-lhe outro. Até
1911, pois, por conselho da família ou vontade própria, o crismado escolhia
qual ou quais os sobrenomes de família que iria assinar como adulto. Esses
registos eram exclusivamente os da Igreja Católica, que serviam oficialmente
quando preciso na vida civil.
No século XIV é adotada em Portugal a
língua portuguesa para os registos oficiais, abandonando-se o latim bárbaro
até então utilizado para esse efeito. Isto paralelamente a outras nações
europeias, onde pelos anos de 1370 já se encontra a palavra
"sobrenome" em documentos, nas respectivas línguas locais. Mas sobrenome
significando ainda e apenas, então, um segundo nome mais distintivo,
livremente atribuído ou escolhido, não necessariamente transmissível. Ou
seja, não o sobrenome no sentido contemporâneo do termo.
À medida que os governantes passaram a usar
cada vez mais documentos escritos e a deixar registrados seus atos legais,
foi-se tornando mais importante identificar com exatidão as gentes. Em
algumas comunidades nos centros urbanos, os nomes próprios eram insuficientes
para distinguir as pessoas. No campo, com o direito de sucessão hereditária
de terras, era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da terra, para que os filhos ou parentes pudessem adquirir a
herança, já que qualquer pessoa com o mesmo nome poderia tentar se passar por
filho. Acredita-se que na Europa, só depois de
terminado o século XIX, a maior parte das pessoas de qualquer nível social
tinha um sobrenome, ou sobrenomes, hereditários, fixos nalguns casos. Fora da
cultura lusófona, este sobrenome tendia a ser patrilinear, único, e
identificava a família como primado de identidade masculina, provendo assim
uma ligação com o passado, e preservando sua identidade no futuro.
No mundo fora da Lusofonia não é surpresa o fato de que
antigamente a prioridade das famílias mais importantes fosse ter filhos
homens, para manter o nome, afinal, os filhos homens eram quem passava o
sobrenome para as novas gerações, e por essa razão era desgostoso para uma
família não ter nenhumdescendente masculino.
Já em Portugal vigorava o conceito de casa,
tanto entre a nobreza quanto entre o povo, constituído pela noção de
património familiar comum partilhado, no qual, na ausência de varões,
sucediam as mulheres como senhoras da casa, que em muitos casos transmitiram,
e transmitem ainda, esse sobrenome da casa à sua descendência. É o chamado
sistema misto. Este costume português explica porque é que atualmente são
raríssimas, se é que ainda existem, as famílias portuguesas, ou de origem
portuguesa, que mantenham a varonia do sobrenome, ou sobrenomes
usados na atualidade. Ao contrário da França, por exemplo, aonde se sabe que
as famílias se consideram extintas na falta de homens que lhes transmitam o
nome, em Portugal elas sobreviveram, bem como o uso dos sobrenomes antigos,
através da transmissão por via feminina.
Além disto, convém ainda ter em conta que
durante a profunda vivência religiosa dos tempos antigos, a noção de
parentesco e de família, mais do que carnal, era considerada espiritual, pelo
que as pessoas com larga vivência comum numa mesma casa, aonde a família se
considerava constituída por amos, parentes, filhos, criados, e até os
escravos, todos podiam ser conhecidos pelo sobrenome principal da casa, mesmo
os escravos baptizados, que recebiam no baptismo os nomes e sobrenomes dos
seus senhores. E o parentesco espiritual era tão forte que, por exemplo, padrinhos
eram considerados como pais dos seus afilhados, impedidos de casar, por
exemplo, etc. Assim, muitas vezes os afilhados, sobretudo quando herdavam dos
padrinhos, tomavam os seus sobrenomes, especialmente se estes fossem seus
parentes, mesmo que remotos, sem outra razão para tal que não fosse manter um
mesmo sobrenome ligado aos mesmos bens transmitidos. Este aspecto esteve
mesmo muitas vezes consignado nas escrituras de instituição de vínculos
temporais, em que os instituidores obrigavam todos os sucessores a usarem o
sobrenome ligado aos bens, o que explica o costume formado em Portugal de
utilização oficial de cada vez mais sobrenomes, de maneira a não poder perder
esses bens que tinham essa cláusula.
Formação e adoção dos sobrenomes
noutros países europeus
Noutros países, o processo foi muito
distinto. Parece que o uso moderno dos nomes hereditários é uma prática que
se originou na aristocracia comercial
veneziana durante as Cruzadas, na Itália, por volta do século X ou XI. Muitos desses nomes
italianos usados eram, porém, não os de uma família de sangue, mas sim de uma
família corporativa, ou seja, um nome comum para todos os membros de um
sindicato comercial, e respectivos familiares, unidos pelo negócio, e não
pela biologia. Outros viajantes, voltando da Terra Santa e passando pelos portos da
Itália, tomaram nota deste costume e o espalharam muito lenta e gradualmente
pelo resto da Europa Ocidental, nas
zonas litorâneas urbanas por onde passava a navegação de cabotagem. Por exemplo, no começo dos
séculos XV e XVI os nomes de família ganharam
popularidade na Polônia e na Rússia. Os países escandinavos, amarrados ao seu costume de
usar o nome do pai como segundo nome, não usaram nomes de família antes
do século XIX, e na
Islândia - país com pequena população - até a atualidade se mantém este uso.
A Turquia esperou até 1933,
quando o governo forçou a prática de sobrenomes a ser adotada em seu povo.
Os sobrenomes foram primeiramente usados
pela nobreza e ricos latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram
adotados por comerciantes eplebeus. Os primeiros nomes que permaneceram foram
aqueles de barões e latifundiários,
que receberam seus nomes a partir de seus feudos ou propriedades. Estes nomes
se fixaram através da hereditariedade destas terras. Para os membros da classe média e trabalhadores, como as
práticas da nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes,
levando a prática ao uso comum.
É uma tarefa complicada classificar os
nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar dos
anos. Muitas palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou
atualmente estão obsoletas. Muitos nomes de família dependeram da competência
e discrição de quem os escreveu no registro. O mesmo nome pode muitas vezes
estar escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento só.
Formação dos
sobrenomes ou apelidos em geral
Os nomes de família chegaram até nós de
diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluiu de cinco fontes
principais:
Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiro, alfaiate, chamar-se-ia em inglês,
respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um
ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais comuns. Toda
vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros), Taylors
(alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners (jardineiros), Fishers
(pescadores), Burke ou Burgie (tem a ver com castelos ou fortes), Hunters
(caçadores), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer
relação com os Millers de outra vila.
Localidade: O John que morava numa
colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John
Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava
perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio,
ribeiro). Pode-se dizer que, em inglês, um sobrenome deriva de um local
quando, por exemplo, termina em:
§
-hill (em
inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;
§
-ford (um leito
de rio);
§
-wood (floresta,
bosque);
§
-brook (arroio,
ribeiro);
§
-well (poço).
Alguns nomes portugueses são derivados de
nomes estrangeiros de localidade. Por exemplo, Dutra teria vindo do holandês
'van Utrecht'.
Patronímico e matronímico: Muitos sobrenomes indicavam
antigamente o nome do pai ou da mãe; por exemplo, "Esteves"
significa "filho de Estêvão". Mas também Joana Fernanda significava
Joana, filha de Fernanda, assim como André João significou André, filho de
João, e José Mariano quis dizer José, filho de Maria. Alguns dos patronímicos
e matronímicos são cursivados, [1][2] e se passará a chamar Joana
Fernandes ou André Eanes aos mesmos dois exemplos referidos atrás, processo
sempre iniciado no litoral, e mais tardio no interior português ou no
interior colonial. Os sufixos (ou prefixos) dos patronímicos variam de país
para país:
§
Armênia: -ian. Exemplos: Aracy Balabanian, e Stepan Nercessian atores
armenos-brasileiros; ou Cherilyn Sarkisian, nome da atriz
norte-americanaCher.
§
Bulgária: -ov (masc.); -ova (fem.).
Exemplos: Stoyanov(a).
§
Dinamarca: -sen. Exemplos: Olsen, Petersen.
§
Escócia: Mc-; Mac-. Exemplos: McNamara,
MacMillan.
§
Espanha: -ez. Exemplos: Fernández, Méndez.
§
Finlândia: -nen. Exemplos: Virtanen,
Salonen, Häkkinen.
§
França: -t. Exemplo: Martinet. Como o ator e
dublador estadunidense Charles Martinet
§
Geórgia: -dze; -shvili. Exemplos:
Makharadze, Saakashvili, Gabashvili.
§
Grécia: -poulos. Exemplos: Tatopoulos,
Papadopoulos.
§
Hungria: -yi. Exemplo: Simonyi.
§
Irlanda: Mc-; Mac-; O'-. Exemplos:
McNaughton, MacNamara, O'Neil.
§
Islândia: -sson (masc.); -dóttir (fem.).
Exemplos: Danielsson, Davíðsdóttir.
§
Itália: -i. Exemplos: Puchetti, Leonardi,
Lorenzi, Benhossi.
§
Normandia: Fitz-. Exemplos: Fitzgerald,
Fitzpatrick.
§
País Basco: -ena. Exemplos: Hernandorena,
Michelena (Mitxelena).
§
Países Baixos: -ssen. Exemplo: Janssen.
§
Países Catalães:
-is; -es. Exemplo: Vives.
§
Polônia: -wicz; -ski. Exemplos:
Marcinkiewicz, Kowalski.
§
Portugal: -(e)s. Exemplos: Simões (filho de
Simão); Guimarães (filho de Guímaro, ou Vímara); Fernandes (filho de
Fernando); Henriques (filho de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins
(filho de Martim); Rodrigues (filho de Rodrigo).
§
Rússia: -ov, -ev (masc.); -ova, -ovna
(fem.); -vitch. Exemplos: Ivanov(a), Petrovich.
§
Sérvia: -ić. Exemplos: Petrović; Petković;
Milošević.
§
Suécia: -sson. Exemplos: Petersson,
Gustafsson.
§
Ucrânia: -enko. Exemplo: Timoshenko.
Na Normandia, John, filho de Randolph,
ficaria John fitz-Randolph. Na Escócia, os descendentes, por exemplo, de
Gilleain eram conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc,
como McClean, McLane, McCann, McDaudt, etc.
Apesar do nome patronímico ter sido usado
por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como
exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como
"John Williamson", mas o filho dele teria como sobrenome
"Johnson", por ser filho (son) do John.
Característica: um homem muito baixo poderia ser
chamado, em inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande poderia
ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas pessoas que tinham
características de um animal receberiam dele o nome, como por exemplo, uma
pessoa travessa, astúcia, poderia ser chamada de Fox (raposa); Um bom
nadador, de Fish (peixe); um homem quieto, Dove (pombo) e assim por diante.
Os sobrenomes que são normalmente engraçados, alguns surpreendentes e por
vezes até embaraçosos, são os nomes que provêm das características. Nem
sempre se pode levar a sério o significado de um sobrenome comparando com os
valores de hoje em dia, pois o significado das palavras mudou durante
centenas de anos. Diante do sobrenome inglês "Stout", pode-se
interpretar que o titular deste sobrenome era gordo, forte ou então decidido,
resoluto. Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o sobrenome
inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de alguém que morou ou trabalhou
onde se toca o sino, quanto alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente
de alguma Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo
no qual a palavra "bel" significa beleza, correspondendo então a
alguém muito bonito.
Religião: nos países em que a religião mais
influente é a cristã, é habitual o uso
de designações religiosas nos apelidos. Exemplos: Aleluia, Anjos, Assunção,
Baptista, Espírito Santo, Graça, Luz, Jesus, Santos, Trindade.
Pesquisa Genealógica e a origem dos
sobrenomes
Uma das ciências auxiliares da História, a Genealogia está intimamente ligada aos
sobrenomes. A busca pela origem dos nomes das famílias é uma das formas de
obtenção dos registros que permitem conhecer a árvore genealógica de
uma pessoa, bem como dados importantes sobre a origem de sua parentela.
A internet revolucionou a pesquisa
genealógica, reunindo recursos que diminuíram muito o tempo necessário para
construir uma árvore de ancestrais. Tecnologias como as redes sociais são
empregadas de forma a facilitar a busca por pessoas distantes que tenham o
mesmo sobrenome, parentes esquecidos, perdidos ou por registros relevantes.
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