Imperialidade
No Brasil falam de “brasilidade”,
quando ninguém nos EUA fala em americanidade ou na Europa em europeidade ou no
Japão em japanidade ou no México de mexicanidade. No Espírito Santo alguém bem
tolo pretendeu despertar o capixabismo, a superafirmação do capixaba, enquanto
em São Paulo (1/3 da economia nacional) ninguém sugere paulistismo, nem no Rio
de Janeiro, tanto tempo capital, carioquismo.
Os fracos querem ser fortes, os
baixos altos, os pobres ricos.
Há os que plantam palmeiras
imperiais que demoram dezenas de anos, até centenas para ficarem grandes,
enormes, denotando assim antiguidade; dentre esses há os que já as compram
relativamente grandes, 20 ou 30 anos, para acelerar a “passagem para a bolha de
cima”, como disse um amigo. Há quem compre talheres de prata ou grandes rodas
de carruagens ou as mande fabricar. Há os idiotinhas que colocam balaustradas
ou encomendam casas “de estilo colonial”.
A fraqueza se apresenta de várias
formas.
BAIXARIAS
DE PRATA OU DE OURO
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Há a elegância encomendada pelos
novos ricos e até pelos velhos pobres. Quase todo mundo que enobrecer, passar
para as bolhas de ouro ou de diamantes.
Então, é claro, coloquei esta firma,
a Imperialidade, o que dá toque imperial. O máximo de honestidade quanto à
falsidade.
Arquitetos, engenheiros,
tecnartistas, todos trabalham para mim e vasculham o mundo inteiro visando
servirmos aos imperiais. Claro, cobramos quatro ou cinco vezes o que pagamos e
eles entregam o ouro com a enorme satisfação de se sentirem diferentes dos
demais, supostamente acima. Objetos reais ou duplicados da arqueologia, livros
raros, desenhos de fazendas antigas levemente modificadas, megalomania a rodo.
Custa caro, custa caríssimo. Ensinamos também como fingir, damos aulas de
etiqueta, fazemo-los circular pelo mundo, com aulas de línguas para os filhos,
balé, o que for.
Nós pegamos um Roscoff e
transformamos num Mondaine ou num Mido ou qualquer coisa elegante, você teria
dificuldade de perceber, a menos que chegue muito perto, pois eles se traem, não
é prata velha, é tudo coisa de cinema, tudo encenação, mas com garantias, pois
o dinheiro é muito bom, verdadeira mina transformar o falso no
falso-verdadeiro, aí é que mora o gênio, naquele toque sutil que damos para
parecer o que não é.
Aprendemos olhando o mundo, em que
tantas coisas e tantas pessoas parecem o que não são; talento natural que
observamos e desenvolvemos.
Mais clientela do que podemos dar
conta.
Serra, segunda-feira, 18 de junho de
2012.
José Augusto Gava.
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