Os Fora-da-lei
Considerando que depois da constituição federal de 1988 foram editados 4,2 milhões de leis no Brasil; que ninguém consegue sequer ler tanto, quanto mais entender; que as leis são “julgadas conhecidas” no ato de sua publicação, não podendo o povo alegar desconhecimento delas; que não conhecendo, mas devendo conhecer, as pessoas não podem obedecer ao que efetivamente desconhecem, os brasileiros são, quase todos ou todos mesmo FORAS-DA-LEI em algum ponto ou vários deles, até muitos.
AS LEIS POR ALÇADA, AS MÉDIAS (seria curioso saber EXATAMENTE quantas leis foram editadas em cada caso, cada município e estado)
NÚMERO
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LEIS
(milhares)
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MÉDIA
(milhares)
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NAÇÃO (federação)
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1
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155
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ESTADOS (+ DF, Distrito Federal, Brasília)
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26 + 1
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1,1 mil
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40,7
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MUNICÍPIOS
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5.565
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3,0 mil
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0,6
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“Os dados do levantamento apontam que, das quase 4,35 milhões de novas normas aprovadas no período, a maior parte é formada por leis municipais das 5.565 cidades do país. Desde 1988, municípios criaram cerca de 3 milhões de novas normas legais, divididas em 542 mil leis complementares e ordinárias, 577 mil decretos e 1,9 milhão de leis complementares, segundo o estudo.
Em âmbito estadual, criaram-se 1,1 milhão de novas normas em 23 anos, sendo 259 mil leis complementares e ordinárias, 376 mil decretos e 499 mil normas complementares. O número de leis federais também é considerado “exagerado” por especialistas. Foram 155 mil neste período. Esses números incluem 73 emendas à Constituição. Destas, seis são emendas constitucionais de revisão e 67 emendas constitucionais (veja infográfico)”.
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É um mundo alucinado.
Nele o mais alucinado dos países é o Brasil.
Ao atravessar de um município para outro podemos estar transgredindo qualquer lei maluca de lá.
AS LEIS MAIS MALUCAS DO MUNDO
Quais são as leis mais estranhas do Brasil?
Em um universo com mais de 100 mil leis em vigor, normas curiosas não faltam. As mais estranhas acabam sendo aquelas aprovadas nos municípios, onde conseguir maioria nas câmaras de vereadores - que têm no máximo 55 membros - é mais fácil que no Congresso Nacional ou nas assembleias legislativas estaduais. É nelas que acontece todo tipo de bizarrice, sobretudo nas pequenas cidades. Para montarmos nossa coleção de leis absurdas, entrevistamos advogados e professores de direito. Cada uma dessas pessoas nos enviou uma pequena seleção de regras esquisitas. Contamos ainda com a ajuda do livro Folclore Político, do jornalista Sebastião Nery, de onde saíram outros exemplos de leis malucas. Confira a lista e ria à vontade - se quiser, também pode chorar, porque é triste pensar que tem político criando pista de pouso para OVNI em vez de tratar de coisas mais importantes...
Política maluca
Vereadores já criaram aeroporto de disco voador e baniram a melancia do cardápio
ABAIXO A CAMISINHA!
Decreto Municipal 82/97 (Bocaiúva do Sul, PR)
Data: 19 de novembro de 1997
Preocupado com os baixos índices de natalidade em sua cidadezinha de 9 mil habitantes, o prefeito Élcio Berti proibiu a venda de camisinhas e anticoncepcionais. Tudo porque a prefeitura estava recebendo menos verbas do governo federal com o encolhimento da população. A maluquice gerou a maior gritaria e a lei teve de ser revogada 24 horas depois
AEROPORTO ALIENÍGENA
Lei Municipal 1840/95 (Barra do Garças, MT)
Data: 5 de setembro de 1995
O então prefeito dessa cidade de 55 mil habitantes criou uma reserva para pouso de OVNIs com 5 hectares na serra do Roncador, tradicional reduto de ufólogos. Para azar dos ETs, o "discoporto" ainda não saiu do papel
FOLIA COMPORTADA
Lei Municipal 1790/68 (São Luís, MA)
Data: 12 de maio de 1968
Na década de 60, o então prefeito Epitácio Cafeteira baixou o "código de posturas" do município. Entre outras coisas, ficou proibido o uso de máscaras em festas — exceto no Carnaval, ou com licença especial das autoridades. Para defender a medida (que virou letra morta), o prefeito argumentou que ela ajudava a "identificar bandidos"
PREGUIÇA ECOLÓGICA
Lei de Crimes Ambientais (Governo Federal)
Data: 12 de fevereiro de 1998
A lei que regula as punições para os crimes contra a natureza tem um agravante estranho: a pena aumenta para crimes aos "domingos ou feriados". É o velho jeitinho brasileiro: com menos fiscais trabalhando nesses períodos, o governo elevou a pena para desestimular agressões ecológicas nas folgas da patrulha. É a única lei federal da nossa lista
EM DEFEZA DO PURTUGUÊIS
Lei municipal 3306/97 (Pouso Alegre, MG)
Data: 2 de setembro de 1997
A lei aprovada pela Câmara Municipal multa em 500 reais os donos de outdoors com erros de ortografia, regência e concordância. Para banners e faixas, a multa é menor: 100 reais — e os infratores têm 30 dias para corrigir os deslizes. Em 1998, o prefeito do Guarujá se inspirou na cidade mineira e reproduziu a mesma lei na cidade do litoral paulista
FRUTO PROIBIDO
"Lei da Melancia" (Rio Claro, SP)
Data: 1894
A inofensiva melancia, quem diria, foi proibida em 1894 na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. No fim do século 19, a fruta era acusada de ser agente transmissor de tifo e febre amarela, doenças epidêmicas na época. Com o tempo, a lei virou letra morta
Ainda bem!
Três projetos de lei absurdos que felizmente não foram aprovados
• Em 2004, vereadores de São Paulo instituíram o uso de coletes com airbag para os motoboys. Em novembro, a proposta foi aprovada em votação na Câmara, mas tinha pouca chance de ser sancionada pela prefeitura e virar lei
• Em 1999, na mineira Juiz de Fora, os vereadores sugeriram que os cavalos e burros usassem fraldões para não emporcalhar as ruas. A iniciativa melou
• Na década de 90, em Teresina, no Piauí, os vereadores quiseram proibir a criação de abrigos nucleares no município. A proposta bombástica não foi aprovada
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Só para mostrar que não é só o Brasil que tem leis loucas…
1. Se você estiver mandando uma carta na Inglaterra e, por acidente, coloca o selo (da rainha) de cabeça para baixo, você está cometendo um ato de traição.
2. Em Arkansas (estado dos EUA), o homem tem o direito de bater na mulher 1 vez por mês.
3. Na Florida, é proibido as mulheres usarem paraquedas nos domingos à tarde a não ser que ela esteja casada.
4. Na França, se você der o nome Napoleão para um porco, você pode ser preso.
5. Em Iowa, é proibido qualquer beijo durar mais de 5 minutos.
6. Em Nova Escócia – Canada, você não está autorizado a molhar seu gramado quando está chovendo.
7. Na Inglaterra, cometer suicídio resulta em pena de morte.
8. Na Dinamarca, ninguém está permitido a dar a partida em um carro se alguém está debaixo dele.
9. No Alabama, é contra a lei uma pessoa dirigir enquanto está com os olhos vendados.
10. Em Israel é ilegal pegar em seu nariz em um sábado.
11. Na Arábia Saudita, é proibido uma mulher dirigir um carro.
12. Na Cingapura, se você for pego jogando lixo nas ruas mais de três vezes, você é obrigado a limpar as ruas no Domingo e vestir uma camisa escrito “Eu sou um inseto sujo”. E uma foto sua irá aparecer no jornal local.
13. Na Indonésia, você pode ser decapitado se você se masturbar.
14. Na Coréia é ilegal comer gatos.
15. Em Bahrein, Arábia Saudita, é ilegal para um médico do sexo masculino olhar para as genitais de uma mulher durante um exame. “Como ele pode analisá-la?”, Eu me perguntei a mesma coisa. Bom, ele só pode olhar para ela através de um espelho.
Fonte: Socyberty.com
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Isso mostra - essa tendência a emitir mais e mais leis - graves defeitos da nacionalidade brasileira (essas que vou citar e muitas outras, aumente a lista: acho que faria sentido criar um site-blogue para computar):
1. incompetência em gerir as pessoas por proximidade e confiança no próximo (Jesus preveniu sobre isso: “amai ao próximo como eu vos amei”);
2. a tirania dos governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo, dos juízes do Judiciário;
3. a distância em relação aos governados (a indiferença com relação a ouvir, a escutar);
4. a falta de valorização da educação (substituída pelo chicote das punições);
5. muitas outras indicações de nosso fracasso cultural-civilizatório.
Os políticadministradores não se dão por achados. Não compreendem o disparate do excesso de leis, não fazem exegese, não estudam legislação comparada, não buscam ver pelo lado do povo e das elites (das empresas, dos grupos, das famílias, dos indivíduos).
Só esse desacerto já mereceria muitos livros.
Serra, quinta-feira, 18 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.
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