Friday, October 11, 2013

Governos Cleptocráticos (da série Vale 100 Contos)

Governos Cleptocráticos

Há uma confusão aí.
Porque cleptocracia significa o PODER DOS LADRÕES.
Se você disser “cleptocratas no governo” estará apontando apenas os ladrões, e há-os em toda parte, a concorrência é grande. Embora haja uma quantidade volumosa no Brasil, na Argentina, na Venezuela e na América Latina, de fato os competidores estão em todos os países: ou mais ou menos, questão de graduação. Mas, de fato, eles estão em todo lugar.
AGORA, “governos cleptocratas” é outra coisa MUITO MAIS SENSÍVEL, porque aí já é institucional, a beleza de ver toda gente trabalhando unida para roubar, que lindeza. Escola, entende? Postura, atitude, estilo, profissionalismo, empenho, dimensão nacional, o que está em jogo é o reconhecimento de todo um povo.
Não é coisa de amador.
Neste quesito o Brasil deixa bastante a desejar, porque aqui é cada um por si. Lei de Murici, cada um que faça por si.
Amador, principiante, aprendiz.
Nesse particular o Brasil não passa de iniciante.
Não tem o garbo dos países de primeiro mundo, aquela gente escolada que tanta satisfação traz ao nosso time, porque se nós aqui não temos representatividade, a gente mira o estrangeiro sem nenhuma restrição. Aplaudimos sim as competências dos estranjas. Fazer o quê? Esperar 300 anos até o Brasil atingir a massa crítica para ser considerado PAÍS LADRÃO? Ah, não, ainda teríamos de juntar muita gente para dar uma Inglaterra, um EUA, uma Rússia. E a admiração incontida que temos pela Suíça, neutra e paraíso fiscal que lava dinheiro sujo dos companheiros?
Os europeus, meu Deus, que competência!
Apoderaram-se de um continente quase inteiro, a África, botaram o pé na Ásia, tomaram muita coisa da América Latina, puxa, isso faz a gente inflar o peito de orgulho. Claro, os portugueses são europeus e também roubaram bastante, como também os espanhóis, mas não chegam nem perto da Grã-Bretanha. Mexicanos? Há! Chilenos? Nem considero.
Franceses. Jesus, chegaram tarde ao butim, mas deitaram a mão. Os alemães, com tanta competência, chegaram ainda mais tarde, tadinhos.
A Holanda, que classe! A Bélgica, através do sempre admirado rei Leopoldo, que ladrão tarimbado! Outro dia, quase beijei um retrato dele ao ler a biografia do homem (efeitos colaterais todos aqueles mortos, três milhões, que se há de fazer?).
Parece fácil chegar à altíssima condição de GOVERNO CLEPTOCRÁTICO, mas não é, longe está de ser. Eu até gostaria de ver uma espécie de país-grafia contando todas essas coisas. Quem é o primeirão, o mais ladrão de todos? E o segundo e os outros?
Serra, terça-feira, 23 de julho de 2013.
José Augusto Gava.

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