Wednesday, October 02, 2013

Louvado Seja Seu Santo Número (da série Já que Conto)

Louvado Seja Seu Santo Número

Nosso Senhor, Pitágoras, louvado seja seu número, nasceu como todo mundo sabe há 2582 anos e morreu há 2492 anos, 90 anos entre datas, o ano zero de nossa era sendo o ano de sua partida para o Céu dos Números. Agora é 2492 a. P. (ano da graça de Pitágoras), já sabemos de todo o progresso nesses 25 séculos.
Há uma biblioteca-museu ou universidade-laboratório na Praça do Triângulo onde você pode ficar sabendo tudo sobre a Igreja do Número, sobre a Música das Esferas e tudo mais.
O PÓRTICO DA GLÓRIA
Sabedoria Pitagórica

José Pedro Trevisan Novaretti*
A dificuldade para conhecer a essência do pensamento pitagórico esta no fato de não haver material escrito pelo próprio Filósofo.
Pitágoras foi um grande reformador, um grande espírito, que tentou estabelecer uma nova ordem, inspirando-se nas leis imutáveis da Natureza. Atribui-se a ele a frase: viver segundo a Natureza é viver segundo os deuses.
A Escola Pitagórica era uma verdadeira escola científica de iniciação na vida e buscava uma mudança radical na conduta dos homens. Pitágoras dizia que, sem aspirações elevadas, sem fé em algo supra-humano, a alma do homem cai no materialismo e nos erros.
Sua vida, suas ideias e instituições
Pitágoras nasceu por volta de 590 a. C. em Sidon na Fenícia. Com cerca de 17 anos partiu para conhecer os países tidos na antiguidade como os mais avançados nas ciências. Foi ao Egito, onde permaneceu por cerca de 20 anos com sacerdotes de um verdadeiro colé2io de sábios. Numa das invasões persas,

Pitágoras, junto com uma parte do colégio sacerdotal, foi levado para a cidade da Babilônia. Permaneceu nesta linda cidade dos Caldeus por 12 anos estudando novas ciências e adquirindo grandes conhecimentos em astronomia e matemática.
Voltou para sua terra sonhando com um tipo de revolução diferente daquelas que são obras de paixões e que são promovidas por pessoas embrutecidas por regimes de crueldade e servidão. Segundo seu pensamento, a ordem social estável e frutífera só podia ser adquirida quando inspirada na natureza. Ele livrou a Ciência Vital dos mitos criados pelos sacerdotes egípcios, pois achava mais correto instruir que enganar os homens. Pitágoras decidiu criar uma escola onde somente homens e mulheres escolhidos por suas inteligências e virtudes poderiam estudar.
Fundou o Instituto Pitagórico na região meridional da Itália, nos arredores de Cróton, onde havia um Museu que era um templo para estudos doutrinários; moradias e dependências destinadas a exercícios, jogos e artes. Chegou a contar, segundo Porfírio, com mais de 2 mil alunos, que haviam renunciado à vida convencional e rotineira para aproveitar as lições do divino mestre. No pórtico da escola, que só podia ser atravessado pelo mérito, estava escrito:

Para trás, profanos.

Os candidatos eram submetidos a provas difíceis. Durante a primeira fase os jovens eram objeto de intensa observação por parte dos mestres no que se referia a suas atitudes e suas palavras para então passar por provas definitivas. Para se ter uma ideia do tipo de provas devemos observar o exemplo dado por Shuré, o autor que melhor traduziu o espírito pitagórico: fazia-se o aspirante passar uma noite em uma caverna escura, onde diziam haver monstros e fantasmas e somente aqueles que suportavam esta prova podiam continuar.
A prova moral era mais séria. Bruscamente, sem preparação, colocavam o neófito, pela manhã, em uma cela com uma prancheta e ordenavam que buscasse o sentido de um dos símbolos pitagóricos, como por exemplo o triângulo inscrito no círculo. Lá ele era mantido por 12 horas com sua prancheta, um frasco de água e um pedaço de pão. Depois, era levado para uma sala com vários discípulos e mestres reunidos e era submetido a brincadeiras e gozações. Confuso e esfomeado, o candidato ouvia coisas como: "aqui está o novo filósofo. Que semblante mais inspirado! Vamos, conte-nos suas conclusões. Não nos oculte o que descobriu. Será desta forma que meditarás sobre todos os símbolos e quando tiverdes passado um mês sob este regime te tomarás um grande sábio".
Durante todo o tempo o mestre observava atentamente a atitude e a fisionomia do jovem, que devia, para continuar na escola, suportar as provocações respondendo-as com palavras justas e com humildade. Havia aqueles que choravam, os que se comportavam cinicamente e ainda os que quebravam as pranchetas e ofendiam os presentes. Estes, por não suportarem esta prova, eram despedidos da escola e às vezes tornavam-se inimigos ferozes da ordem, como Cylon, que será citado mais adiante. Esta prova era sempre realizada, porque Pitágoras achava que o homem orgulhoso era um fator de perturbação e discórdia, incapaz de progredir no caminho da perfeição.
Uma vez admitido na ordem o novo adepto devia usar uma túnica de linho branco, abster-se de comer carne, mesmo de aves e peixes, e do uso de bebidas fermentadas. Passava então a estudar matemática, cosmogonia, biologia, astronomia, música e a realizar exercícios físicos, tudo com a finalidade de conhecer e aplicar as leis harmônicas que regem o Universo e compreender, assim, sua ligação com Deus. Na Bíblia está escrito: "criou Deus pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou..." (Gênesis, 1:27). Para Pitágoras Deus é o Cosmos, portanto o homem é semelhante ao Cosmos.

Além disso, os mestres pregavam a seus alunos a fraternidade, a tolerância e a razão. Perdoemos com antecipação, diziam, aos que tenham intenção de nos ultrajar. O homem iluminado não pode ter ressentimento contra o bastão do cego que o toca. A modéstia era fundamental, tanto que Pitágoras intitulava-se filósofo (amigo da sabedoria) e não sábio, título que, para ele, só caberia a Deus.
O ensinamento pitagórico era feito em duas fases, divididas em 4 graus:
Preparação, Purificação, Perfeição e Epifania ou Iluminação Interior. No início os alunos eram submetidos à lei do silêncio e ficavam sem fazer perguntas por longo tempo, quando então eram convidados a expor. livremente, suas ideias, suas opiniões, suas dúvidas e suas experiências. Aqueles considerados capazes eram admitidos, somente então, nos estudos posteriores. Eventualmente, neófitos brilhantes, do ponto de vista de conhecimento e virtudes, eram admitidos diretamente nos estudos superiores. Somente neste estágio é que passavam a ter contato direto com Pitágoras.
O dia do pitagórico ordenava-se da seguinte forma: ao sair o sol os discípulos mais jovens cantavam hinos à natureza. Eram realizadas danças lentas acompanhadas por acordes de lira, com caráter sagrado. Depois se seguiam as abluções e os estudos.
Ao meio dia a comida, que era composta de pão, figos, azeitonas e mel. Durante à tarde, consagravam suas horas de ócio a passeios, que favoreciam a meditação sobre estudos da manhã.
Depois o banho, para repousar o corpo das fadigas. Pitágoras dizia: a sabedoria ensina que convém pelo menos três pessoas nos passei-os, não mais de dez à mesa e somente uma ao banho.
O respeito à vida era fundamental, não se permitindo nem a caça e nem a pesca. Transcorrido o dia, quando o sol escondia-se no horizonte, iniciavam outros cânticos, agora em homenagem aos mortos e, depois de uma ceia ligeira, reuniam-se para escutar uma leitura que era comentada por um dos discípulos mais velhos.
Aos chamados iniciados só era permitido ter poucos filhos, pois segundo o mestre, o homem que possui família numerosa não consegue cuidar de seu desenvolvimento espiritual e dos filhos ao mesmo tempo.
Pitágoras ensinava que a saúde é uma condição essencial, pois sem ela não há serenidade de espírito. A filosofia, dizia, consiste no equilíbrio dos humores da alma e na harmonia dos movimentos do corpo.
O sentido profundo da filosofia pitagórica tinha como ideia essencial que Deus é todo harmonia e que a finalidade suprema do homem é imitar a Deus. Por isso, dizia Pitágoras: a sociedade humana, que também constitui uma unidade, deve ser como uma imagem do Universo, um organismo harmonioso.
Estes princípios de harmonia e de ordem Pitágoras procurou implantar na constituição do Estado, através de uma assembleia arbitral constituída por cidadãos iniciados por ele. Dizia que não podendo ter deuses por legisladores, recorram pelo menos aos sábios. Segundo o filósofo é muito frágil a ordem em uma nação dirigida por cidadãos dominados por suas paixões egoístas. Ele julgava que a maioria dos homens não sabe guiar-se pelos ditames do bom sentido e, por isso, necessitam de um guia. No entanto, ele não almejava obter aquela obediência passiva e resignada, que mantém o embrutecimento dos povos, mas sim uma disciplina consentida. Pitágoras mesmo dizia que mais valia ser touro por um dia que ser boi a vida toda.
A reputação de Pitágoras crescia sem cessar, a ponto de enviar seus discípulos a varias repúblicas, inclusive à Grécia, para ajudar os legisladores daqueles locais.
O providencial poder do filósofo, salvaguarda da prosperidade e da tranquilidade públicas, esperava-se, logicamente, encontraria no povo fiéis partidários. Mas não foi isto que ocorreu. Um certo Cylon, jovem rico e ambicioso, que Pitágoras não quis admitir em sua escola, por ter caráter violento e orgulhoso, tinha adquirido, devido a esta negação, um ódio implacável pela Escola Pitagórica e só pensava em vingar-se.
Assim, após tentar, sem sucesso, desacreditar o filósofo publicamente, resolveu um dia invadir a escola com um grupo de homens armados, destruindo tudo e matando a maioria das pessoas que lá vivia. Pitágoras sobreviveu ao ataque e morreu com aproximadamente 90 anos, em Metaponto.
Depois disto, as ordens pitagóricas espalharam-se por várias cidades da Itália e da Grécia e durante 3 séculos propagaram os ensinamentos adquiridos. São considerados seus herdeiros e discípulos: Lysis, Timeo de Locres, Heráclito, Empédocles, Sócrates, Platão e outros.
Muitos foram os filósofos que se inspiraram em Pitágoras mas a grandiosa obra que ele ousou empreender, ou seja, a regeneração da espécie humana pela sua comunhão com a natureza, continua ainda um desafio formoso e tentador para os idealistas confiantes nos destinos elevados da humanidade e convencidos de que a harmonia é a finalidade suprema da vida.

A CÉLEBRE MANIFESTAÇÃO DE SÃO GALILEU
Wiki
Essa concepção da realidade como intrinsecamente racional e que pode ser plenamente captada pelas ideias e conceitos preparou a terceira grande mudança intelectual moderna. A realidade, a partir de Galileu, é concebida como um sistema racional de mecanismos físicos, cuja estrutura profunda e invisível é matemática. O “livro do mundo”, diz Galileu, “está escrito em caracteres matemáticos.”

Infelizmente os Novos Pitagóricos cindiram-se dos Velhos Pitagóricos, vindo de tal racha algumas dificuldades que os papas numéricos procuraram sanar.
Mais recentemente os cientistas, esses devotos dos números, das equações, das matrizes, muito têm feito por levar adiante os célebres feitos antigos dos apóstolos de Pitágoras e seus discípulos que saíram pelo mundo pregando o Evangelho do Número.
A CONVERGÊNCIA NUMÉRICA
ARITMÉTRICA
GEOALGÉBRICA
GEOMETRIA
ÁLGEBRA
O número puro.
As formas.
As equações.

TODOS OS NÚMEROS (a celebração da numeralidade no solstício de inverno)

É evidente que o Número tornou tudo muito métrico, muito medido, inclusive o amor, tudo reduzido ao Binário. É claro, mas tinha de ser assim, para não haver válvula de escape que nos levasse ao emocional, ao intempestivo, ao não pausado, ao não métrico. Algo se perde, é lógico, mas ganhamos também, por exemplo, esses belos debates sobre o potencial expressivo das equações, o completamento numeral da Natureza frente à intranqüilidade do não mensurável, a matriz universal e outros assuntos tão candentes.
Há os insatisfeitos, sempre há os que ficam pensando em outros mundos, os que fantasiam. Sempre há. Como não haveria? Sonham com a beleza, essa mítica dimensão. Existe? Não existe? Ficar sonhando com o imponderável não nos sustenta.
Serra, terça-feira, 02 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.

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