Wednesday, October 02, 2013

Onomato-fala - Dando Vozes Humanas aos Animais (e vice-versa) (da série Já que Conto)

Onomato-fala: Dando Vozes Humanas aos Animais (e vice-versa)

ONOMATOPÉIA (a fala dos animais)
A fala dos bichos
30062009
O beija-flor, suspenso no ar diante dos hibiscos do quintal, arrulha. A ovelha, paciente e terna, bale. O pardal inquieto chilreia. O peru, majestoso e solene como um juiz togado, gorgoleja. O canário, em súbita aparição nas frondes do coqueiro, trina, mas o encanto dura pouco e ele desaparece no azul. A cobra silva e logo se esconde, deslizando sua serpeante anatomia por entre pedras e arbustos. O sagui, reclamando suas bananas de todo dia, chia. A mosca zumbe, impedindo o sono matinal.
A onça, nos grotões esquecidos, esturra. O lobo uiva, em qualquer filme de vampiro. O jumento, excitado e descomunal, orneja. O cachorro ladra, late, gane, rosna, acua e uiva imitando o lobo. O cavalo relincha e nitre, entre nuvens de suor, levantando as patas no ar. O cabrito berra. Ou melhor: o mau, porque o bom cabrito fica caladinho de tão sonso. A andorinha gorjeia em revoada fazendo o verão, como num samba antigo. O corvo crocita seu eterno nunca mais, e prenuncia desgraças. O ganso grasna e grita, espantando os intrusos. O sapo coaxa, mora na beira da lagoa e não lava o pé porque não quer. O porco grunhe, ronca, guincha e se revolve na lama quente e macia, enquanto acumula delícias em sua carne suculenta.
O elefante barre. A galinha cacareja, cacareja, cacareja e o galo canta e clarina enquanto os pintainhos piam, desesperados e carentes. A abelha zune, zumbe, zunzuna, zonzoneia e zoa, tudo com “z”, somente para fazer mel. O bode bodeja, arrastando sua imponência de pai-de-chiqueiro atrás de cabras e cabritas, que berram e balem, mas ficam para ver qual é a proposta.
A cegonha eu nunca vi, mas dizem que glotera. O morcego trissa e farfalha, em voos rasantes e sonorizados, desafiando os obstáculos. O papagaio parla e protagoniza anedotas. A cigarra canta, chia, cigarreia, estridula e retine, a zombar da muda e estúpida formiga que, muda como o peixe, trabalha sem parar. O gavião guincha, com as garras famintas de preás rechonchudos. O touro muge, tuge e brame. A vaca, com seus olhos doces e suaves, também muge, mas noutro tom. O grilo tritrila e estridula quando a noite cai.
E o gato? O gato ronrona, mia, resmoneia, rosna e reina sobre a casa, da qual é dono e senhor.
Esse amor dependeu de muito lero, o pai dela não queria, “pra mim esse cara é um cachorro”.
O guaxinim tentando convencer o cachorro a levá-lo no parquinho.
Esse engole tudo que o outro diz.

Não foi feito o esforço de conferir fala de língua aos animais associados, os domesticados, caseiros, PORQUE a língua é o elemento acumulador, posso perceber agora; ele faria com que os animais e mais ainda os primatas se aproximassem dos seres humanos e se tornassem verdadeiros competidores.
A PREGAÇÃO DOS PRIMATAS (na primeira série; mais perniciosa ainda na segunda, castigando-os com desconfiança e, eventualmente, perseguição) – cinco filmes da primeira, dois da segunda. Faça a lista você (e veja os filmes).








A língua reinventa os cérebros. A grande tarefa dos hominídeos foi preparar as condições de assunção dos NEMAY (neandertais de Eva Mitocondrial + Adão Y) e aos CROM (CRO-magnons).
A língua “é tudo”.
OS BIOINSTRUMENTOS (teria sido muito mais fácil conviver com eles se falassem, mesmo minimamente, mas isso os tornaria parentes racionais e com isso eles não poderiam ser explorados e mortos sem revolta)
BIOINSTRUMENTOS MASCULINOS
BIOINSTRUMENTOS MASCULINOS
Cão e cavalo.
Inúmeros.
(todos os domesticados)

Era perigoso, então toda tentativa de falar deve ter sido punida, os seres humanos escolheram propositalmente os não-falantes, exceto o papagaio (isso é curioso). Foi sábio não escolher primatas para desenvolver, pois a eles a fala-língua teria sido imediatamente acessível apenas selecionando os mais aptos.
A ATUAL ESCOLHA DOS PRIMATAS (é pontual, não seleciona em cada geração os mais aptos para procriar e transmitir a ampliação à geração seguinte, apenas tenta ensinar individualmente, cada início morrendo com o indivíduo, sem acumulação). Ensinando os primatas a falar.
Livro do ano da oitava série.
Primeiro ano de filosofia, debate sobre Wittgenstein.

Então, os seres humanos são verdadeiramente dominantes, perversamente dominantes. Uma espécie racional SEMPRE fará sombra ao desenvolvimento de qualquer outra.
Serra, terça-feira, 02 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.

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