Onomato-fala: Dando Vozes Humanas aos Animais (e vice-versa)
ONOMATOPÉIA (a fala dos animais)
A fala dos bichos
30062009
O beija-flor, suspenso no ar diante dos hibiscos do quintal, arrulha. A ovelha, paciente e terna, bale. O pardal inquieto chilreia. O peru, majestoso e solene como um juiz togado, gorgoleja. O canário, em súbita aparição nas frondes do coqueiro, trina, mas o encanto dura pouco e ele desaparece no azul. A cobra silva e logo se esconde, deslizando sua serpeante anatomia por entre pedras e arbustos. O sagui, reclamando suas bananas de todo dia, chia. A mosca zumbe, impedindo o sono matinal.
A onça, nos grotões esquecidos, esturra. O lobo uiva, em qualquer filme de vampiro. O jumento, excitado e descomunal, orneja. O cachorro ladra, late, gane, rosna, acua e uiva imitando o lobo. O cavalo relincha e nitre, entre nuvens de suor, levantando as patas no ar. O cabrito berra. Ou melhor: o mau, porque o bom cabrito fica caladinho de tão sonso. A andorinha gorjeia em revoada fazendo o verão, como num samba antigo. O corvo crocita seu eterno nunca mais, e prenuncia desgraças. O ganso grasna e grita, espantando os intrusos. O sapo coaxa, mora na beira da lagoa e não lava o pé porque não quer. O porco grunhe, ronca, guincha e se revolve na lama quente e macia, enquanto acumula delícias em sua carne suculenta.
O elefante barre. A galinha cacareja, cacareja, cacareja e o galo canta e clarina enquanto os pintainhos piam, desesperados e carentes. A abelha zune, zumbe, zunzuna, zonzoneia e zoa, tudo com “z”, somente para fazer mel. O bode bodeja, arrastando sua imponência de pai-de-chiqueiro atrás de cabras e cabritas, que berram e balem, mas ficam para ver qual é a proposta.
A cegonha eu nunca vi, mas dizem que glotera. O morcego trissa e farfalha, em voos rasantes e sonorizados, desafiando os obstáculos. O papagaio parla e protagoniza anedotas. A cigarra canta, chia, cigarreia, estridula e retine, a zombar da muda e estúpida formiga que, muda como o peixe, trabalha sem parar. O gavião guincha, com as garras famintas de preás rechonchudos. O touro muge, tuge e brame. A vaca, com seus olhos doces e suaves, também muge, mas noutro tom. O grilo tritrila e estridula quando a noite cai.
E o gato? O gato ronrona, mia, resmoneia, rosna e reina sobre a casa, da qual é dono e senhor.
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Esse amor dependeu de muito lero, o pai dela não queria, “pra mim esse cara é um cachorro”.
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O guaxinim tentando convencer o cachorro a levá-lo no parquinho.
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Esse engole tudo que o outro diz.
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Não foi feito o esforço de conferir fala de língua aos animais associados, os domesticados, caseiros, PORQUE a língua é o elemento acumulador, posso perceber agora; ele faria com que os animais e mais ainda os primatas se aproximassem dos seres humanos e se tornassem verdadeiros competidores.
A PREGAÇÃO DOS PRIMATAS (na primeira série; mais perniciosa ainda na segunda, castigando-os com desconfiança e, eventualmente, perseguição) – cinco filmes da primeira, dois da segunda. Faça a lista você (e veja os filmes).
A língua reinventa os cérebros. A grande tarefa dos hominídeos foi preparar as condições de assunção dos NEMAY (neandertais de Eva Mitocondrial + Adão Y) e aos CROM (CRO-magnons).
A língua “é tudo”.
OS BIOINSTRUMENTOS (teria sido muito mais fácil conviver com eles se falassem, mesmo minimamente, mas isso os tornaria parentes racionais e com isso eles não poderiam ser explorados e mortos sem revolta)
BIOINSTRUMENTOS MASCULINOS
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BIOINSTRUMENTOS MASCULINOS
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Cão e cavalo.
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Inúmeros.
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(todos os domesticados)
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Era perigoso, então toda tentativa de falar deve ter sido punida, os seres humanos escolheram propositalmente os não-falantes, exceto o papagaio (isso é curioso). Foi sábio não escolher primatas para desenvolver, pois a eles a fala-língua teria sido imediatamente acessível apenas selecionando os mais aptos.
A ATUAL ESCOLHA DOS PRIMATAS (é pontual, não seleciona em cada geração os mais aptos para procriar e transmitir a ampliação à geração seguinte, apenas tenta ensinar individualmente, cada início morrendo com o indivíduo, sem acumulação). Ensinando os primatas a falar.
Livro do ano da oitava série.
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Primeiro ano de filosofia, debate sobre Wittgenstein.
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Então, os seres humanos são verdadeiramente dominantes, perversamente dominantes. Uma espécie racional SEMPRE fará sombra ao desenvolvimento de qualquer outra.
Serra, terça-feira, 02 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.
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