Ser Mãe é
Padecer...
Esse era o aviso
original no Folheto de Encarnação recebido quando você está prestes a entrar no
mundo pelas vias naturais. Metade de todos pegam isenção-da-carne e vão ser
homens. Metade é sofredora e vai ser mulher, das quais a grande maioria se
torna mãe, havendo as inférteis que sofrem por não poder sofrer e as botinas
que tentam passar longe.
Se ficasse assim
(“ser mãe é parecer...”) ninguém quereria ser mãe e a espécie definharia até
desaparecer. A geo-história não se faria, a competição do mais apto por aptidão
não avançaria, a evolução humana estancaria e não teríamos sócioeconomia ou,
nela, produtos satisfatórios.
Como fazer?
Contrataram os
propagandistas
PRÓPRIO-GRANDE (são psicólogos
geniais, o convenceriam a vender a própria mãe E ENTREGAR; mas não pense que
são todos judeus ou árabes, de modo nenhum) – existem centenas de exemplos na
Internet.
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Os
propagandistas-psicólogos se reuniram durante semanas e lá pelas tantas veio o
genial acréscimo: “no paraíso”.
Eles subverteram
tudo.
SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO (contra-negativa)
1.
ser
mãe (nem todos podem ser, de pronto 50 % estão excluídos, fora as inférteis e
outras);
2.
SER:
foi sugerido que “ser mãe” dilata o ser;
3.
padecer
(o acréscimo torna “padecer” uma fração cobiçável, pois se trata de “padecer no
paraíso”, sofrer no Céu, estar junto de Deus);
4.
dá
ideia de continuidade, de boa-dor diária.
Daí para frente foi
questão de divulgação, de plantar aqui e ali as repetidoras, as pessoas
encarregadas de propagar, de alardear: toda vez que uma ia esmorecer alguém
aparecida para dizer “ser mãe é padecer no paraíso” e lá ia mais uma satisfeita
para o rosário de dores de parto e das tarefas de criação.
O programa foi tão
bem sucedido que as futuras mamães anseiam. Claro que a Natureza ajudou com a
formação, mas os celestiais propagandistas foram o fulcro da transformação de
produto ruim em sonho de consumo.
Serra,
quarta-feira, 18 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
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