Saturday, October 26, 2013

Ser Mãe é Padecer... (da série Se Deixar Eu Conto...)


Ser Mãe é Padecer...

 

Esse era o aviso original no Folheto de Encarnação recebido quando você está prestes a entrar no mundo pelas vias naturais. Metade de todos pegam isenção-da-carne e vão ser homens. Metade é sofredora e vai ser mulher, das quais a grande maioria se torna mãe, havendo as inférteis que sofrem por não poder sofrer e as botinas que tentam passar longe.

Se ficasse assim (“ser mãe é parecer...”) ninguém quereria ser mãe e a espécie definharia até desaparecer. A geo-história não se faria, a competição do mais apto por aptidão não avançaria, a evolução humana estancaria e não teríamos sócioeconomia ou, nela, produtos satisfatórios.

Como fazer?

Contrataram os propagandistas

PRÓPRIO-GRANDE (são psicólogos geniais, o convenceriam a vender a própria mãe E ENTREGAR; mas não pense que são todos judeus ou árabes, de modo nenhum) – existem centenas de exemplos na Internet.

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Os propagandistas-psicólogos se reuniram durante semanas e lá pelas tantas veio o genial acréscimo: “no paraíso”.

Eles subverteram tudo.

SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO (contra-negativa)

1.                                                   ser mãe (nem todos podem ser, de pronto 50 % estão excluídos, fora as inférteis e outras);

2.                                                   SER: foi sugerido que “ser mãe” dilata o ser;

3.                                                  padecer (o acréscimo torna “padecer” uma fração cobiçável, pois se trata de “padecer no paraíso”, sofrer no Céu, estar junto de Deus);

4.                                                  dá ideia de continuidade, de boa-dor diária.

Daí para frente foi questão de divulgação, de plantar aqui e ali as repetidoras, as pessoas encarregadas de propagar, de alardear: toda vez que uma ia esmorecer alguém aparecida para dizer “ser mãe é padecer no paraíso” e lá ia mais uma satisfeita para o rosário de dores de parto e das tarefas de criação.

O programa foi tão bem sucedido que as futuras mamães anseiam. Claro que a Natureza ajudou com a formação, mas os celestiais propagandistas foram o fulcro da transformação de produto ruim em sonho de consumo.

Serra, quarta-feira, 18 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

 

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