Eu Crítico de Mim
Critico muito a Mim.
Ela é uma porqueira.
Na realidade o nome nem é Mim, é Minnie, ela que não sabe escrever, depois de adulta inventou isso. Esse apelido, para imitar a namorrata do Mickey, aquele detetive do Capitão Walt.
A Minnie é uma rata. E a Mim é uma rata também.
O quê? Ela diz que eu peguei o dinheiro dela, de nossa conta conjunta? Peguei mesmo, era conjunta, conta-junta, sinal que era minha também.
Ela que botava?
Não fazia mais que a obrigação, eu tava desempregado. Dezesseis anos, é verdade, é a conjuntura econômica, quem tem põe, quem não tem tira, é o ditado popular. Se ela que trabalhava, não fazia mais que a obrigação poupar para os tempos difíceis.
O quê?
Eu, um pulha?
Ela dizia, a engraçadinha, pulha que o pariu. Não tô nem aí, pode chamar do que quiser. Ela fica falando pros amigos e pras amigas, eles e elas vem me dizer, é provocação, quer que eu me destempere pra ela me acusar.
Falo mesmo! Falo sim!
Eu, crítico da Mim.
Ela não presta, o que vou fazer?
Tudo que ela fala é mentiroso. Agora, o que falo é tudo verdadeiro. Há, ela pode dizer que é o contrário, pode dizer o que quiser.
Você também acredita nela?
Até você, meu amigo?
Ela dizia que eu vivia bebendo todos os dias, o dia todo? Iria fazer o quê, se estava desempregado!!!! Ficar em casa? Aí ela dizia que eu estava desempregado porque não procurava emprego. Como procurar emprego, se estava conversando com os amigos sobre os problemas do mundo? Dá pra estar em dois lugares ao mesmo tempo? Vamos e venhamos! Eu que sou culpado de tudo? Achei, achei emprego, sim, mas tudo ruim, tudo abaixo das expectativas. Só porcaria. Eu iria me rebaixar? Ela é médica com três empregos: e se eu aceitasse um emprego roscofe não iria manchar a reputação dela?
Ela disse que eu brochava?
Aí já é demais!
Claro, se bebo bastante, brocho, é assim com todo homem.
Olha, não quero estender o assunto, tem pano pra manga.
Devolver o carro e os móveis?
De jeito nenhum. Peguei quando ela não tava, ela iria fazer escândalo, com toda segurança, iria ficar na frente gritando, barraqueira danada.
Serra, sexta-feira, 19 de julho de 2013.
José Augusto Gava.
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