Friday, October 11, 2013

O Mundo de Sombria (da série Vale 100 Contos)

O Mundo de Sombria

É como daquela menininha, você sabe, a da filo-sofia, só que não é frescô, entende? É coisa dura, de responsa, dark, darksofia, filosofia-negra, de mau-humor, coisa-do-contra, contra essa fraqueza que ronda por aí, contra esse “por favor”, toda essa pusilanimidade, todo esse “me dê licença”, “o senhor me permite?”, toda essa nojeira, viu?
Ah, pelo amor de Deus! Esses bundinhas não cabem no meu banco, não senhor, essas trolhas – dá não, dá não, de jeito nenhum.
Meu modelo é aquele carro munck que tem caçamba e se auto-carrega, não depende de filho da puta nenhum.
Sou só eu.
Papai não me manda, mamãe não manda em mim.
Filme noir francês sim é o máximo. Uxa! Cultuo, sim, zumbi, morto-vivo, vampiro, horror, terror, restaurante sem vigilância sanitária, bar copo sujo, invasão do Iraque e do Afeganistão pelos americanos, tudo de ruim é bom. Eu prego a volta do Bush, o pai e o filho juntos pra dar pancada graúda, que valha a pena. Dos filmes de Hollywood nada daqueles açucarados e “família”, só gosto das porcarias que estão fazendo agora, só bordoada nos rins. Sou a favor de luta de boxe com pregos entre os dedos, de um grandão contra um fraquinho, voltar a dar injeção de agulha em criança, nada dessas gotinhas.
Tocar fogo na Amazônia, dar dinheiro de roldão aos bandidos que nem Obama, derramar petróleo no mar, aquecimentorrando no mundo, vem pra cima de mamãe, vem seu safado. E homem meu tem que saber bater e não é só nos outros, não. Toma também, que não sô florzinha.
Filosofia pra mim só de Hobbes, Leviatã pra cima, Garganta, Pantacruel, Hume, Nietzsche, coisa da boa, ascensorista de mau humor soltando piadinha, barbeiro nervoso raspando a cabeça com navalha, estrada de chão, vizinhança barulhenta com música alta no sábado de noite. Outro dia jogaram uma vassoura velha na minha varanda, queria ter descido pra cubar de porrada, corninhos, fiquei dois dias de tocaia, ainda vou pegar os safados, coloquei uma câmera, vou atrás, vou bater nos adolescentes e nos pais e nas mães, não sei se chamo meu namorado, tô meio de mal com ele, não tô afim de favorecer diversão.
Tô andando de sapato de biqueira, não é de boniteza, não, tem uma faquinha retrátil pra furar pneu de folgado que para na calçada.
Tô querendo obras de filosofia-dark, mas já perguntei e ninguém sabe, ninguém informa, acho que tão moitando, só pode, gente egoísta. Tenho de aprimorar meus métodos. Comprei o livro sobre as maiores mente criminosas da história e os livros sobre o PT-Lula, os petralhas, e os tucanalhas do FHCB, o vende-pátria. Já ri, meu Deus do Céu, que enganação boa.
Não vai dar pra continuar, a turma tá buzinando, vamos fazer arruaça na praia.
Serra, terça-feira, 30 de julho de 2013.
José Augusto Gava.

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